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04/07/2006 - 18h33

Itália abandona cautela, foge dos pênaltis e elimina a anfitriã

Da Redação
Em São Paulo

CENAS DO JOGO

Reuters

Jens Lehmann, sozinho na área, acompanha lance da partida

Reuters

Michael Ballack vai ao chão após dividir a bola com Andrea Pirlo

EFE

Totti sente dor na perna e é observado pelo alemão Borowski

EFE

Lehmann e Ballack olham a bola bater na trave no tempo extra

EFE

Del Piero tira de Lehmann e faz o gol que classificou a Itália

EFE

O goleiro Buffon foi ao ataque para fetejar a vaga italiana

O trauma que a Itália acumulava em disputa de pênaltis foi decisivo para que a equipe decidisse encostar, por algum tempo, a sua cautela habitual e tentar a vitória na prorrogação com um esquema altamente ofensivo que a premiou com uma vitória por 2 a 0, a eliminação da anfitriã Alemanha e a classificação para a sua sexta final da Copa do Mundo de 2006. O adversário sai nesta quarta-feira, no confronto entre França e Portugal.

Com um currículo recheado de sucessos em prorrogações e derrotas traumatizantes nas penalidades, a tricampeã Itália impôs aos alemães uma dolorida derrota e impediu que o país conquistasse o seu primeiro título após a reunificação das faces Ocidental e Oriental da Alemanha, oficializada em outubro de 1990, poucos meses após o título conquistado na Itália.

A derrota, aliás, aumentou o jejum de vitórias da Alemanha contra equipes campeãs mundiais. Desde 2001, a 'Mannschaft', como é conhecida a seleção alemã, já soma 14 jogos sem passar por um vencedor de Copa do Mundo. A equipe agora vai disputar o terceiro lugar.

Antes do confronto em Dortmund, a Itália se gabava de seu retrospecto altamente favorável contra a Alemanha em jogos oficiais. Em quatro jogos de Copas do Mundo, os italianos já haviam vencido duas vezes, sendo um épico nas semifinais de 1970 e a final de 1982. Já na Eurocopa, dois empates.

A coragem demonstrada pela Itália, principalmente a partir da prorrogação, contrastou com o clima que envolveu grande parte do elenco antes da partida. Nesta terça, o promotor que investiga a manipulação de resultados do Campeonato Italiano pediu rebaixamento a Juventus, Milan, Lazio e Fiorentina, clubes que contam com 13 jogadores que disputam a Copa da Alemanha.

O empate no tempo normal deixou claro o que Alemanha e Itália tinham como objetivo a partir dali. Com um histórico de quatro vitórias em prorrogações e três derrotas em disputas de pênaltis, a equipe de Marcello Lippi partiu para o ataque com a entrada de um atacante e um meia ofensivo e botou duas bolas na trave.

Já a Alemanha, que acumulava três derrotas em tempos extras e, por outro lado, quatro triunfos nas penalidades, cozinhava o jogo e atacava com menos risco, mesmo que impondo intensidade.

"Teria sido uma justiça se não tivéssemos vencido e seria um risco se o jogo terminasse nos pênaltis. Jogamos bem e merecemos", dizia Marcello Lippi após a partida.

O jogo
Novamente com apenas um atacante isolado na frente, a Itália fez com que seu esquema tático com quatro jogadores de meio-campo, além de tumultuar a saída de bola da Alemanha, facilitasse o trabalho do meia Totti, que encontrava liberdade para armar as jogadas ofensivas.

Enquanto Perrota e Gattuso travavam Ballack e Borowski, Pirlo e Camoranesi não davam espaço para que a Alemanha tivesse tranqüilidade para sair da defesa para o ataque e ainda participavam de tramas importantes com Totti e os laterais Zambrotta e Grosso, as melhores opções ofensivas da Itália.

ITÁLIA NA FINAL

CopaLocalAdversárioResultado
1934ItáliaTchecoslováquia2 x 1
1938FrançaHungria4 x 2
1970MéxicoBrasil1 x 4
1982EspanhaAlemanha3 x 1
1994EUABrasil0 x 0
(2 x 3)
A dificuldade encontrada pela Alemanha tinha outra razão: a mudança da escalação do técnico Jürgen Klinsmann, que aproveitou a suspensão de Frings, punido por ter agredido o argentino Julio Cruz durante a comemoração dos alemães pela classificação às semifinais e substituído por Khel, para mudar mais um pouco o setor de meio-campo da equipe e colocar Borowski no lugar de Schweinsteiger, que entrou no segundo tempo.

O domínio territorial da Itália, que se traduzia em 57% de posse de bola até os 25min da etapa inicial, não era capaz, no entanto, de causar muitos riscos a Alemanha, que conseguiu criar duas chances perigosas de gol. Na primeira, aos 8min, Ballack recebeu bola saída de jogada entre Podolski e Klose para arrematar com perigo contra o gol de Buffon. Já aos 34min, Schneider conseguiu ficar livre com o goleiro italiano, mas chutou por cima da baliza.

A pressão italiana, porém, intimidava a Alemanha, mesmo que as melhores chances surgissem de chutes de longa distância, como o disparado por Totti logo aos 3min, ou cobranças de faltas e escanteios. Embora a melhor chance da equipe dirigida por Marcello Lippi tenha surgido em um lançamento preciso de Totti, que encontrou o lateral Grosso livre na cara de Lehmann. O lateral adiantou demais a bola e chutou em cima do goleiro alemão.

Mas o isolamento de Luca Toni no ataque diminuía o impacto do domínio da Itália, que tramava bem a bola pelo meio-campo e pelas laterais, mas tinha dificuldade para finalizar na cara do goleiro Lehmann, que por algumas vezes teve problemas para repor a bola, o que o obrigava a distribuir alguns chutões e facilitar o domínio do adversário.

A ineficiência ofensiva fez com que a Alemanha ousasse mais na segunda etapa, principalmente com jogadas individuais de Klose e Podoslki, que adotaram postura mais agressiva contra a dupla de zaga italiana, formada nesta terça pelo capitão Cannavaro e Materazzi, que voltou a substituir Nesta, ainda machucado.

Aos 5min, Klose partiu para cima de dois defensores e ficou na frente de Buffon, que conseguiu abafar o chute. Já aos 17min, Schneider deu ótima assistência para Podolski, que girou rápido e bateu forte, para defesa do goleiro italiano.

A melhora da Alemanha não foi suficiente para que Marcello Lippi decidisse mudar a forma da Itália jogar. Pelo contrário: continuou com quatro jogadores fortes na marcação de meio-campo e trocou apenas um atacante por outro, sacando Luca Toni e apostando em Gilardino, aos 29min.

TABU ALEMÃO CONTRA CAMPEÕES

DataAdversárioPlacar
27/02/2001França 0 x 1
01/09/2001Inglaterra1 x 5
17/04/2002Argentina0 x 1
30/06/2002Brasil0 x 2
20/08/2003Itália 0 x 1
15/11/2003França0 x 3
08/09/2004Brasil1 x 1
09/02/2005Argentina2 x 2
21/06/2005Argentina2 x 2
25/06/2005Brasil2 x 3
12/11/2005França0 x 0
01/03/2006Itália1 x 4
30/06/2006Argentina1 x 1
04/07/2006Itália0 x 2

A decisão de manter a cautela ainda quase beneficiou a Itália no tempo normal, quando o volante Perrotta surgiu livre na área da Alemanha e só não conseguiu finalizar pela saída vigorosa de Lehmann, que derrubou o italiano e aliviou o perigo.

Para a prorrogação, porém, Lippi decidiu apostar mais no ataque, quando colocou Iaquinta na vaga de Camoranesi. A iniciativa deixou que Itália partisse com tudo para cima da Alemanha logo no início, mandando duas bolas na trave logo aos 2min, uma com Gilardino e outra com Zambrotta. A ofensividade fica evidente nas estatísticas. Segundo o instituto Datafolha, todos os jogadores da Itália, com exceção do goleiro Buffon, chutaram pelo menos uma vez ao gol da Alemanha.

O ímpeto da Itália diminuiu, mas mesmo assim Lippi continuava apostando no ataque para tentar evitar a disputa por pênaltis. Por isso, o técnico sacou Perrotta e colocou Del Piero, para auxiliar Totti na armação ofensiva e finalizar, como fez por duas vezes.

A ousadia da Itália quase custou caro. Aos 16min, Podolski desperdiçou oportunidade incrível para a Alemanha, quando recebeu cruzamento pela direita e, mesmo sem marcação, cabeceou totalmente sem marcação.

Podolski, aliás, perdeu outra ótima chance, aos 6min do segundo tempo, quando recebeu passe de Khel para bater com força e exigir difícil defesa de Buffon. A Itália, por sua vez, não abandonava o ataque, o que a premiou com a vitória no último minuto.

Aos 14min, Grosso recebeu ótimo passe de Pirlo e, de perna esquerda, colocou no lado oposto e tirou qualquer chance de defesa de Lehmann. Logo na sequência, Gilardino partiu em contra-ataque e acionou Del Piero, que colocou com precisão no ângulo esquerdo do gol defendido pelo alemão para garantir a classificação italiana.





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