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27/06/2006 - 17h49

França mantém Espanha 'freguesa' e reedita final de 98 com Brasil

Da Redação
Em São Paulo
A França comprovou sua ascensão na Copa do Mundo da Alemanha ao superar a "freguesa" Espanha por 3 a 1 e se classificar para as quartas-de-final da competição. Com isso, reedita-se neste sábado, às 16h, a final da Copa de 1998, em que a França bateu o Brasil por 3 a 0 em Paris.

IMAGENS DO JOGO

EFE

Villa cobra pênalti preciso no canto direito de Barthez

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E comemora seu 3º gol na Copa

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Ribery finta goleiro Casillas

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E explode com o empate francês

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Vieira virou o jogo de cabeça

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E Zidane marcou o terceiro

Do time que jogou aquela decisão e bateu a equipe de Zagallo, restam quatro atletas: o goleiro Barthez, o então lateral e hoje zagueiro Thuram, e os meias Zidane e Vieira - que em 1998 não foi titular mas entrou ao longo do jogo, e é o grande destaque francês na Copa 2006, sendo eleito duas vezes o melhor em campo - incluindo contra a Espanha. O atacante Thierry Henry era reserva na final.

No Brasil, que chegou às quartas ao bater Gana por 3 a 0 também nesta terça, três atletas seguem jogando e devem rever os algozes de oito anos atrás: os laterais Cafu e Roberto Carlos e o atacante Ronaldo, considerado, à época, um dos principais responsáveis pelo fracasso brasileiro.

O duelo entre franceses e brasileiros chega para ou tirar um nó da garganta dos brasileiros, ou afirmar uma superioridade francesa em Copas. Isso porque, até hoje, foram três jogos em Mundiais, todos eliminatórios, e a França está na frente, com dois triunfos a um.

Em 1958, o Brasil despachou a equipe do artilheiro Just Fontaine ao cravar 5 a 2 na semifinal da Copa da Suécia. Mas, depois disso, a seleção caiu nas quartas-de-final de 1986 nos pênaltis após empate em 1 a 1, e na decisão de 1998.

Para chegar às quartas e propiciar a reedição da decisão, a França teve que manter a escrita de que a Espanha é sua "freguesa". As duas equipes jamais haviam se enfrentado em Copas do Mundo, mas desenvolveram uma rivalidade intensa em Eurocopas.

E a França somou mais um triunfo aos dois acumulados diante da "Fúria": em 1984, quando venceu a final por 2 a 0 com a equipe comandada por Platini, e em 2000, na vitória nas quartas-de-final por 2 a 1 com um grupo muito parecido com a desta terça, com Zidane, Vieira, Barthez e Henry.

A expectativa para o jogo entre Espanha e França era carregada de rivalidade. Com polêmicas sobre a idade das equipes, o suposto favoritismo da Espanha e até referentes a declarações racistas do treinador espanhol contra Henry em 2004, o confronto ganhou ares de guerra.

No entanto, se alguém poderia esperar um jogo na linha de Portugal 1 x 0 Holanda, realizado no último domingo, que se firmou como o jogo mais violento da história dos mundiais com quatro expulsões e 12 cartões amarelos, se enganou. As equipes praticaram um futebol limpo, com poucos momentos de violência.

A partida começou cadenciada, com ambas equipes relativamente medrosas e se arriscando pouco. A Espanha, conforme pedido pelo técnico Luís Aragonés antes da partida, manteve a posse de bola, enquanto a França buscava roubá-la para sair em velocidade.

Com defesas sólidas e bem postadas, a primeira chance do jogo só surgiu aos 22min: Zidane lançou Henry na ponta-direita, que cruzou para a pequena área. Ribéry e Vieira não alcançaram a bola e desperdiçam a chance.

O troco espanhol veio aos 26min. O zagueiro Pablo dominou a bola na ponta da área e, de costas para o gol, viu Thuram pisar no seu tornozelo - o árbitro apontou pênalti. Raúl, que desperdiçou penal no fim do jogo da Euro 2000 vencido pela França, não cobrou. David Villa se encarregou, e bateu com perfeição para abrir o placar.

A França então passou a tomar mais a iniciativa do jogo, mas os espanhóis não cediam espaços. Até que, aos 40min, brilhou novamente a estrela de Vieira. O meio-campista, que já foi o destaque e eleito melhor em campo na vitória sobre Togo, acertou grande enfiada para Ribery, que fintou o goleiro Casillas e empurrou para as redes.

No segundo tempo, a França voltou superior logo nos primeiros minutos, o que levou o técnico espanhol a fazer duas mudanças no time aos 8min. Ele sacou o aniversariante Raúl, que pouco fez em campo no dia em que completou 29 anos, e colocou Luis García. Além disso, sacou o atacante Villa e pôs o ponta Joaquín.

O jogo voltou a ser equilibrado, mas a primeira chance da segunda etapa foi mesmo da França. Aos 13min, Ribery foi a linha de fundo, invadiu a área e cruzou com perigo, mas ninguém aproveitou. Na sobra, Abidal bateu sem direção.

A Espanha voltou a atacar, e chegou a levar perigo em bolas paradas, mas não conseguia criar chances claras de gol - bem como a França. A partida seguiu morna, em ritmo lento.

Somente aos 33min, Joaquín fez boa jogada pela direita. Ele pegou sobra de bola, fintou Abidal e bateu de pé esquerdo - mas pegou errado e mandou pela linha de fundo. A França respondeu com Gouvou, que bateu de primeira após passe de Ribery, mas errou o alvo.

Aos 38min, ocorreu o lance decisivo do jogo. Puyol disputou bola com Henry e o árbitro apontou falta polêmica, além de dar cartão para o espanhol. Na cobrança, Zidane colocou na área, a zaga cortou mal e a bola sobrou para Vieira, que completou de cabeça para virar o jogo.

A Espanha partiu com tudo para cima da França nos minutos finais, mas acabou sofrendo o terceiro gol no contra-ataque: Wiltord lançou Zidane, que invadiu a área, cortou Puyol e selou o placar do jogo com um chute rasteiro.

Assim, prevaleceu a sina espanhola de "amarelar" em jogos decisivos que persegue a equipe há décadas. O último "ato" havia sido contra a Coréia do Sul, nas quartas-de-final da Copa de 2002, quando perdeu nos pênaltis. Depois do jogo desta terça, é a derrota para a França nas oitavas-de-final da Copa da Alemanha.

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