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13/06/2006 - 19h25

Ronaldo e Adriano são rebaixados a coadjuvantes

Daniel Tozzi e João Henrique Medice
Enviados especiais do UOL
Em Berlim (Alemanha)
OS NÚMEROS DE RONALDO E ADRIANO
RonaldoAdrianoOutro jogador
Finalizações11Kaká: 4
Finalizações no gol00Ronaldinho: 2
Bolas recebidas1429Ronaldinho: 76
Bolas perdidas413Ronaldinho e Kaká: 10
Passes certos920Ronaldinho: 60
Dribles certos01Ronaldinho: 8
Total de atuações no jogo18 em 69 minutos43 em 90 minutosRobinho: 23 em 21 minutos
Na vitória sobre a Croácia, metade do "quadrado mágico" foi rebaixada a papéis de coadjuvantes. Nitidamente sofríveis para o espectador, as atuações de Ronaldo e Adriano ficam ainda mais opacas numa análise das estatísticas do instituto Datafolha. Seus rendimentos ficaram bem abaixo que o dos companheiros.

O maior alvo, graças à fama e aos serviços prestados, foi Ronaldo, que deixou o campo vaiado. Parreira garantiu que nada disso afetará a presença do camisa 9 no time titular: "É natural que ele estivesse pesado, estava calor hoje. E é natural também que ele sentisse o ritmo. Mas ele está escalado para o jogo contra a Austrália".

Já Kaká disse após a partida: "O Ronaldo ainda não está 100%. Um pouco mais de movimentação da parte dele seria o ideal".

Pesado, lento, sem reflexos, sem muita contribuição para a criação de jogadas, ele deu apenas um chute a gol, numa jogada que lembrou muito um de seus gols na Copa de 1998, contra o Marrocos.

Ágil e no auge da forma há oito anos, apesar de um problema no joelho, Ronaldo correu em direção ao gol com rapidez e deslocou o goleiro marroquino. Na partida contra a Croácia em 2006, Ronaldo recebeu de Kaká quase no mesmo ponto do campo e, em vez de disparar para a área, preferiu chutar de longe e mandou para fora.

Flávio Florido/Folha Imagem

Ronaldo se dirige à lateral para deixar o campo depois de uma má atuação

O mais óbvio para qualquer torcedor que assistiu à partida é o critério de finalizações: tanto Ronaldo quanto Adriano tiveram apenas uma (e longe do alvo) cada um.

Para dois especialistas de grande área, praticamente nada. Ainda mais perto das quatro tentativas de Kaká (uma certeira foi a do gol) e das três de Ronaldinho (duas delas na direção do gol).

Mas há outros critérios. Um deles é geral, com a soma de todas as intervenções de cada jogador na partida, de passes a finalizações, de perdas de bola a desarmes.

Por essa soma, Ronaldo foi o jogador do Brasil com menos atuações na partida: 18 em 69 minutos na partida. Seu substituto Robinho teve 23 intervenções em 21 minutos em campo (média de quase uma ação por minuto de jogo). Já Adriano teve 43 atuações em 90 minutos (quase uma a cada dois minutos).

Reuters

Adriano recebeu 29 bolas, mas conseguiu perder 13 delas no jogo todo

A dependência da equipe de Ronaldo e Adriano acabou sendo pouca. Ronaldo recebeu apenas 14 bolas, e perdeu quatro delas. Adriano recebeu 29 bolas, e perdeu 13.

A dupla também foi pouco ousada. Nos dribles, Ronaldo não arriscou nenhum. Adriano até tentou e acertou um.

Porém, uma vez que a fama do "quadrado mágico" se deve muito à criatividade e improviso de seus integrantes, é uma quantia pífia, perto dos dez dribles de Ronaldinho (oito deles certos) ou do rendimento 100% de Robinho (5 dribles, todos certos).

Pelo menos na hora de passar a bola, a dupla de ataque soube entregar para algum companheiro: Ronaldo acertou todos os nove que fez. Adriano só errou um dos 20 que deu. O índice de eficiência agradaria mais se a quantidade de passes fosse maior. Com bem menos tempo em campo que Adriano, Robinho fez 14 passes.

Após a partida, os jogadores brasileiros demonstraram preocupação quanto à reação de Ronaldo às críticas, à vaia e à própria atuação dele.

Ronaldo evitou passar pela zona mista, área em que os jogadores concedem entrevistas aos jornalistas após as partidas.

Os colegas procuraram formar uma rede de amizade. Roberto Carlos disse: "Não sei se ele (Ronaldo) teve algum problema. Ele fica assim quando não faz gol, quando é substituído. Sabe que vai cair um monte de crítica em cima dele. Mas sabe também sair dessas situações".

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