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08/06/2006 - 18h54

Lula "cutuca" Ronaldo e pede calma, mas "enche a bola" da seleção

Da Redação
Em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou na noite desta quinta-feira com os jogadores da seleção brasileira e aproveitou para "cutucar" o atacante Ronaldo. A conversa com os convocados, uma espécie de mensagem de boa sorte antes da estréia na Copa do Mundo da Alemanha, se deu por meio de uma videoconferência.

Sergio Lima/Folha Imagem

Lula conversa com capitão Cafu em videoconferência nesta quinta-feira

Do Palácio do Planalto, em Brasília, tendo ao lado a mulher, Marisa Letícia, e o ministro dos Esportes, Orlando Silva, o presidente da República se dirigiu ao técnico Carlos Alberto Parreira, ao coordenador Zagallo e ao capitão Cafu, trio que representou os demais integrantes da seleção.

Lula, na verdade, não falou com Ronaldo, mas foi direto ao perguntar ao técnico Carlos Alberto Parreira sobre o atacante. "Ele está gordo ou não?", disparou o presidente. O treinador foi polido na resposta. "O Ronaldo está muito forte. Já não é mais aquele garotinho e mudou o biótipo."

Depois da alfinetada inicial, Lula mudou o tom e passou a dar conselhos à seleção. O presidente da República disse que o momento da seleção é "mágico", que a expectativa da torcida brasileira é "rara, nunca vista em outras décadas" e pediu prudência aos jogadores. "Mantenham a calma. Caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém", alertou.

"Sabemos disso e também temos esse espírito que se espalhou pelo país, presidente. Com trabalho e seriedade, podemos corresponder. Estamos dispostos a vender caro qualquer coisa que não seja o hexa", rebateu Parreira.

O presidente, que acompanha futebol e é torcedor do Corinthians, revelou que ficou satisfeito com a convocação de Parreira e chamou a escolha de "unanimidade". "Não falta nenhum nome. Todos que estão aí são os melhores."

Antes da videoconferência, o treinador já havia comentado sobre o encontro virtual com o presidente. Parreira afirmou não ver a conversa como uma atitude "eleitoreira" de Lula. "Estou na seleção desde 1970 e, desde então, sempre íamos a Brasília antes da Copa. A diferença é que este é um ano de eleição. Não vejo como oportunismo."

Mantenham a calma. Caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém

Lula
Lula falou depois com Zagallo, relembrando um episódio que considera um dos mais marcantes que viveu como torcedor. Após o primeiro gol da Suécia na final da Copa de 1958, o meia Didi foi buscar a bola nas redes e saiu caminhando conversando com os companheiros.

Ele ressaltou que aquele foi um gesto de confiança e perguntou ao coordenador se a crença no título é maior agora do que antes. "É maior ainda, presidente. Se antes da operação, eu estava com 110 volts, agora vou entrar com 220", brincou Zagallo.

Em conversa com Cafu, Lula mostrou receio em relação às provocações dos adversários e pediu que o capitão passe sua experiência aos mais novos. "Não deixa a meninada tremer, Cafu. Você tem de pedir para os garotos não perderem em cabeça", comentou, lembrando da expulsão de Leonardo contra os Estados Unidos na Copa de 1994.

Cafu, que chega ao seu quarto Mundial, disse que o grupo está tranqüilo e que, mesmo com a pouca idade de alguns convocados, todos "são experientes".

Lula citou os nomes de alguns jogadores, como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Roberto Carlos (de quem disse conhecer muito bem o pai) e Cicinho, e brincou com outros, como Robinho, pedindo para ele, se entrar, marcar um gol. Depois, lamentou não acompanhar a seleção "ao vivo" na Alemanha e se despediu com uma mensagem de boa sorte. "Que Deus abençoe todos vocês", completou.

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