David Beckham é um mito. Tem talento, muito talento, um prestígio gigantesco, uma mulher cobiçada, fascinante. Seu estilo de vida é único, dividido entre os campos de futebol e os holofotes incessantes de quem é um dos maiores ícones britânicos dos últimos anos. Dinheiro? Sobra. Mas algo falta. Em sua segunda chance, não conseguiu o grande feito que o levaria à altura dos maiores nomes da história do futebol: o título mundial por sua seleção.
Nesta Copa, Beckham declarou que abriria mão de tudo o que tem em troca do título. E começou muito bem. Contra a Argentina, rival responsável pelo fato de o craque ter sido execrado em 1998, ele marcou o gol da vitória. Classificada no "grupo da morte", a Inglaterra passeou frente a Dinamarca nas oitavas-de-final: 3 a 0. Antes do jogo contra o Brasil, Beckham havia tido participação decisiva em quatro dos cinco gols de sua seleção.

 
Trabalho para a campanha
"Clima Cool", da Adidas
Então, a partida contra a seleção brasileira. No jogo, considerado a final antecipada do Mundial, Beckham não conseguiu fazer a diferença. Não fez nenhum lance genial, muito menos decisivo -esteve apagado em campo. E, mais uma vez, experimenta o sabor de algo pouco comum em sua vida: o fracasso, a derrota.

Descoberto por "sir" Bobby Charlton quando tinha 12 anos, o símbolo sexual é hoje um ícone na Inglaterra. Além de sua habilidade incomum para bater na bola, seu carisma parece não ter limites. Sua biografia vendeu milhões de exemplares. Uma estátua sua -em tamanho real- estava sendo exposta fora do museu de cera em Londres durante a Copa -fato inédito. Em Beckham, aliás, está idealizada a figura do craque contemporâneo: alguém capaz de transpirar dinheiro.


Com uma coroa de flores;
ícone da comunidade gay
 
Casado com Victoria Adams, ex-Spice Girls, o craque também freqüenta as passarelas. Seu carisma tornou-o primeiro homem a ser capa da edição britânica da "Marie Claire".

Com tamanha fama, Beckham aproveita para faturar. Entre salários que recebe de seu clube, o Manchester United, e seus contratos publicitários, ganha mais de US$ 22 milhões por ano.

Ícone também da comunidade gay, sua imagem é trabalhada para torná-lo um ídolo fora da Grã-Bretanha. Parte deste plano, traçado pelo seu empresário, Tony Stephens, já foi atingido: Beckham é tratado como um autêntico "popstar" no Oriente.

 
Ao lado de sua mulher, e ex-Spice Girl
Victoria, em programa da TV alemã
Enquanto a camisa de Ronaldo era a mais vendida em 1998, a do inglês -a venerada e mítica camisa sete da seleção inglesa- tornou-se objeto de desejo em 2002. Além disso, seu visual moicano fez a cabeça de jovens japoneses e sul-coreanos, que passaram a imitá-lo.

Falta apenas o título mundial.

Em 2006, com 31 anos, Beckham terá na Alemanha mais uma chance. A base da seleção inglesa é jovem, o que faz com que, desde já, possa se imaginar que a Inglaterra chegará forte ao próximo Mundial. Entretanto, após a segunda eliminação seguida em uma Copa, Beckham voltará para casa. Curtirá sua mulher, sua vida, seu dinheiro. E terá mais quatro anos para ampliar seu patrimônio, seu prestígio, enfim, tudo aquilo que pretendia trocar por um título mundial. A oferta, em 2002, ainda ficou aquém do necessário.



Número sete, eterno companheiro do futebol inglês


Expulso contra a Argentina, ele é considerado o grande responsável pela eliminação na Copa de 98
 
Em 1999, leva o Manchester aos títulos da Copa dos Campeões e do Mundial Interclubes de Tóquio



No Mundial da Clubes, Beckham é expulso na estréia, e Manchester fica em último no grupo "carioca"
Claro que estou decepcionado. Não era nosso dia.
Beckham, depois da derrota para a seleção brasileira


Como capitão, estou orgulhoso do time. São jovens que evoluíram muito em pouco tempo
Idem




Contra a Grécia, uma falta batida por Beckham, no último minuto, garante a Inglaterra no Mundial
 
Uma fratura no pé esquerdo do meia agita o reino;a recuperação, no entanto, é em tempo recorde



No principal jogo da primeira fase, Beckham marca o gol da vitória e apaga as más lembranças de 98
 
Inglês vê Rivaldo e Ronaldinho virarem o jogo para o Brasil e eliminar a seleção da Inglaterra