Quem fala tudo o que pensa não é franco, é mal-educado
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Não podemos falar tudo o que pensamos quando queremos, na hora que desejamos, da forma que escolhemos! Isso se chama falta de noção.
Já parou para pensar se você falasse tudo o que pensa para quem quer, na hora e no lugar que deseja? E aqui nem comecei a falar sobre o teor do discurso, pois, em nenhuma área, seja ela qual for, a nossa liberdade pode ultrapassar o espaço do outro.
Debatendo o posicionamento preconceituoso de Oswaldo Oliveira e Emerson Leão, a situação extrapolou a deselegância. O tipo de postura deles só diminui ainda mais os treinadores brasileiros perante o mundo. Grandeza se mostra com competência e respeito, não com xenofobia.
É natural discutir a preferência por técnicos brasileiros ou estrangeiros. O debate é válido e até necessário. O problema é quando a crítica deixa de ser técnica e passa a ser pessoal, desmerecendo o outro pela sua origem. Quando Leão afirma que "não suporta treinador estrangeiro no meu país" em um evento no qual Carlo Ancelotti estava presente, o que se vê não é defesa do futebol nacional — é deselegância.
A contradição fica ainda mais evidente ao lembrarmos que o próprio Leão já foi técnico de equipes estrangeiras, como no Japão e no Qatar. Ou seja, ele mesmo já representou o Brasil fora de suas fronteiras, recebendo oportunidades em outros países que o acolheram com respeito. Criticar estrangeiros por fazerem o mesmo aqui soa, no mínimo, incoerente.
Oswaldo de Oliveira, por sua vez, reforçou o discurso com frases que generalizam e diminuem o trabalho de técnicos de fora, como se o sucesso deles no Brasil fosse uma invasão indesejada, e não fruto de mérito ou competência. Esse tipo de postura não engrandece o profissional brasileiro — apenas o isola.
O futebol é, antes de tudo, um espaço de troca e aprendizado. Técnicos estrangeiros podem ensinar, mas também aprendem. O mesmo vale para os brasileiros que trabalham fora. Rejeitar essa troca com arrogância ou preconceito não defende o futebol nacional, apenas reforça uma mentalidade ultrapassada.
Mais do que títulos ou currículos, o que diferencia um grande profissional é a capacidade de reconhecer o valor do outro. E, nesse aspecto, as falas de Leão e Oswaldo foram um gol contra — não de tática, mas de postura.
Quem fala tudo o que pensa não é franco, é sem noção e sem educação.





























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