Até onde vai a zoeira? O erro de Fabrício Bruno e o lado tóxico do futebol
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Confesso que estou muito chocada com os desdobramentos na internet da atuação do Fabrício Bruno no jogo contra o Japão. Os memes, as críticas, as piadas... É triste ver como, em questão de minutos, o jogo não só vira, como torna o dia do jogador um pesadelo sem dó nem piedade.
Sim. Ele comprometeu o jogo, não teve poder de reação depois do primeiro erro e logo vacilou novamente no segundo gol do Japão. É válido ter uma análise crítica sobre se o zagueiro tem maturidade pra representar a seleção em uma Copa e se temos opções melhores. Entretanto, o que me pega é esse massacre disfarçado de brincadeiras nada ingênuas. São as risadas que machucam mais do que qualquer soco.
Ver o Fabrício comovido e abalado após a partida me doeu. Aquele olhar dizia tudo — arrependimento, tristeza, frustração. Ele sabe que errou muito. Será que tudo o que passa ali dentro dele já não é um pagamento com juros muito alto por toda a falha?
É impressionante como o que destrói o outro e é ruim viraliza e vira assunto principal. No X (ex-Twitter), o nome do zagueiro ficou em primeiro lugar na lista dos mais comentados, com mais de 21 mil menções. Muitos, inclusive, sugerindo que Thiago Silva é melhor e merecia espaço. Um espanto! Afinal, aqueles que hoje falam isso já foram os que em 2014 zombaram do próprio Thiago após o choro naquele ano. A gente parece ter memória curta quando o assunto é empatia.
E mais: será que vale a pena, nós mesmos, como brasileiros, alimentarmos esse tipo de brincadeira? Porque essas piadas não vêm de fora. Vêm de dentro. Vêm do próprio brasileiro que ri da dor de quem veste a mesma camisa que ele deveria apoiar.
Minha paz foi ver que, ao menos, ele tem consciência de que um erro não o define como jogador.
O Fabrício Bruno é o mesmo cara que jogou demais na altitude da Bolívia, que foi decisivo e garantiu classificação para o Cruzeiro na Copa do Brasil. O mesmo jogador comprometido, dedicado e guerreiro.
Brincadeiras sempre vão existir no futebol — fazem parte da cultura do esporte. Mas será que não estão ficando tóxicas demais? Será que essa "zoeira" ainda é leve, ou já virou uma forma cruel de machucar quem erra?
O futebol é emoção, é entrega, é humano. E quem sente tudo isso de verdade também erra, também sofre. Que a gente aprenda a torcer com o coração, mas sem perder o respeito.





























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