Yara Fantoni

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Opinião

Jogadores portugueses invadem o futebol brasileiro

Primeiro os navegantes chegaram em 1500. Depois, vieram os treinadores com pranchetas, sotaque forte e uma nova forma de ver o jogo. Agora, o movimento parece ganhar um terceiro ato: os jogadores portugueses estão descobrindo o Brasil.

Se o futebol é mesmo cíclico, o momento é curioso. Pela primeira vez em muito tempo, cinco atletas portugueses atuam simultaneamente na Série A do Brasileirão. Três deles vestem a camisa do Sport, recém-promovido à elite, que parece determinado a importar toda a alma lusitana de uma vez: Gonçalo Paciência, Sérgio Oliveira e João Silva (nascido em Portugal, apesar do nome abrasileirado). O Vasco apostou em Nuno Moreira, ex-Sportig. E o São Paulo foi atrás do lateral Cédric Soares, ex-Arsenal.

Português Nuno Moreira fez um golaço de fora da área para o Vasco em duelo com o Operário
Português Nuno Moreira fez um golaço de fora da área para o Vasco em duelo com o Operário Imagem: Matheus Lima / Vasco

É uma presença que chama atenção. Em tempos recentes, o futebol brasileiro foi mais exportador do que receptor quando se tratava de Portugal. Mas a maré começou a virar quando os treinadores portugueses invadiram nossos bancos de reservas, com diferentes níveis de sucesso.

Jorge Jesus abriu as portas e, com a histórica passagem pelo Flamengo em 2019, virou referência. Abel Ferreira, bicampeão da Libertadores com o Palmeiras, consolidou a escola. Já outros nomes não resistiram ao choque cultural e foram embora antes mesmo de entender como se pede um cafezinho no posto. Lembra do Álvaro Pacheco no Vasco? Durou quase nada. E o Bruno Lage e Vitor Pereira? Foram promessas que não viraram história. E agora, Leo Jardim vai tentando se manter vivo no comando do Cruzeiro enquanto o debate sobre técnicos estrangeiros segue quente.

Agora, é a vez dos atletas cruzarem o Atlântico. E isso convida a fazer um exercício interessante: o que leva esses jogadores a escolherem o Brasil como destino?

Talvez o apelo do futebol jogado em estádios vibrantes e a possibilidade de protagonismo imediato. Talvez uma nova forma de reencontrar prazer no jogo, depois de anos no exigente e, por vezes, frio futebol europeu. Ou simplesmente a força dos bastidores: empresários conectados, clubes abertos a apostas diferentes e uma vitrine mais atrativa do que parece para quem está do lado de lá.

Fato é que, mesmo sem colonizar, os portugueses voltaram. Mas dessa vez sem caravelas, nem mapas tortos. Vieram com chuteiras, passes refinados e a vontade de serem protagonistas.

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Resta saber se a torcida brasileira, tão exigente e apaixonada, os acolherá com a mesma empolgação que teve com os treinadores?

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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