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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Clubes e jogadores precisam cruzar os braços e parar o futebol

Colunista do UOL

15/06/2022 12h03

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A torcida do Botafogo invadiu o CT para enfiar dedo na cara, gritar e cobrar os jogadores. Desta vez, foi o Botafogo; no passado, foram todos os outros clubes grandes, médios e pequenos do país; amanhã e depois, vai depender dos jogos desta e das próximas rodadas, mas não há diferenças substanciais no modus operandi nos mais diversos clubes e estados brasileiros. O padrão é o "joga por amor, ou joga por terror" com rimas e cânticos adaptados ao sotaque e ao ritmo característicos da equipe vítima da vez.

É tão óbvio que a invasão em si já é uma violência e que é inaceitável qualquer trabalhador (e, pois, jogador de futebol incluso) seja submetido a intimidação, a ameaças e a constrangimento no local do trabalho que nem vamos argumentar com animais tresloucados que acreditam que isso faz parte da cultura do futebol.

Dito isso, o ponto aqui da reflexão é a total inutilidade das notas de repúdio e dos discursos vazios-indignados que fingem combater o problema e, à vera, não fazem cócegas na estupidez e barbárie instituídos.

Para além dos também criminosos embates entre grupos de torcidas rivais, algo que acontece até com mais frequência longe dos estádios do que durante os jogos, o problema quase sempre mora ao lado.

Os corintianos Willian e Cássio, recentemente, foram ameaçados de morte na internet por bandidos (sim, ameaçar alguém de morte é um crime cometido por um criminoso, com o perdão da obviedade) que torcem para o Corinthians, a invasão ao CT do Botafogo (e de todos os times) sempre é organizada e liderada por torcedores do próprio time. E, muitas vezes, mais do que não combater, os clubes, com compreensível medo de represálias particulares e familiares, abrem literalmente as portas e, mais, somem com as imagens das câmeras de segurança.

Nesse cenário, em que não há solução fácil, a única medida que não foi testada é a união de verdade de todos os clubes, jogadores e treinadores para cruzarem os braços sempre que um colega, no caso de jogador, ou um coirmão, no caso de um clube, for alvo de violência. Não importa se o atentado ao ônibus seja da torcida do Bahia ou do São Paulo, quando ocorre, não tem que ter futebol do Oiapoque ao Chuí. Enquanto cada um olhar para o seu CT e para o seu umbigo, vamos viver no diário salve-se quem puder!

Torcida única (quando torcedores brigam entre si e atacam o próprio clube) e punição de mentirinhas ao CNPJ (deixando os CPFs livres e impunes) são medidas, comprovadamente, inúteis. Proibir faixas e instrumentos musicais tiram a festa e não acabam com a morte do espetáculo. Estamos em 2022 e que isso não funciona já foi possível concluir nos anos 1980, 1990...

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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