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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vítor Pereira tem coragem, personalidade e não é carreirista

Vítor Pereira, técnico do Corinthians, não faz linha lambe-botas - Staff Images / CONMEBOL
Vítor Pereira, técnico do Corinthians, não faz linha lambe-botas Imagem: Staff Images / CONMEBOL

Colunista do UOL

05/05/2022 11h09Atualizada em 05/05/2022 16h48

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Tenho críticas, e não são poucas, ao início do trabalho de VP no Corinthians. E todas elas, sem exceção, foram feitas neste e em outros espaços. E novas críticas serão feitas a ele e a qualquer outro profissional porque papel de jornalista (e de qualquer um com um pingo de vergonha na cara) não é passar pano, puxar saco nem dizer o que não pensa para maquiar os fatos para agradar quem quer que seja.

Dito isso, vamos aos elogios, que também não são poucos ao comandante alvinegro. Alguns pela observação dos jogos e posicionamentos, outros fruto de apuração junto a pessoas que trabalham no dia a dia do CT Joaquim Grava.

1. Personalidade
Antes mesmo de chegar ao Corinthians, era possível saber que VP não é o tipo bunda-mole que abaixa a cabeça para dirigente ou jogador para fazer média e não se indispor com ninguém. A entrevista dele na Arábia, em que ele bate-boca com o tradutor e afirma que vai falar, sim, do que quiser ilustra bem isso.

2. Treinos modernos

Profissionais experientes, com muito conhecimento de clube e também com passagem no exterior, ficaram impressionados com a qualidade dos treinamentos de VP. Reproduzo, literalmente, a mensagem de um deles:

"Falei para você, Vitão, que o português é f. Se ele tivesse chegado antes... O elenco é mal montado e desequilibrado. Se ele permanecer aqui em 2022, deixarem ele trabalhar e montar o time da próxima temporada, ele vai fazer história aqui. Ele é muito diferente".

Registro: eu não vi nenhum treino e espero os frutos desses treinos nos jogos...

3. Coragem

Ao contrário do que "pensam" alucinados que confundem informação com assessoria de imprensa, não é mentira que o jeito VP de comandar não agradou todos. Róger Guedes é o que menos disfarça, mas alguns atletas, por mais que saibam que no exterior a realidade é outra, são mimados, melindrados e estão acostumados a zona de conforto de terem lugar cativo.

VP, que tem multa rescisória alta (o que tem a receber até o final do contrato em caso de dispensa: é muito dinheiro porque ganha muito bem), não está nem aí. Mas tem critério: na chegada, escalou os medalhões todos, deu tempo para eles (não) mostrarem e, ainda que com alguma demora, mudou o que achou que tinha que mudar com sua cabeça e escalou e tem escalado jogo a jogo o que acha que tem que fazer, independentemente do que pensa torcida, diretoria, jogadores...

A informação que eu tenho, e o espaço está aberto caso Alessandro, Roberto de Andrade ou Duilio queira passar uma versão diferente, é que VP relaciona, escala e substitui do jeito que quer, a hora que quer, sem consultar nem informar ninguém. Muita gente graúda foi pega de surpresa com Willian e Renato Augusto no banco contra o Deportivo Cali...

Escrevi aqui no UOL o texto "VP e elenco corinthiano são incompatíveis", onde apontei que a forma do treinador gostar de armar seus times não combina com o elenco alvinegro. E tanto era incompatível que VP manteve seu jeito de jogar e tirou os medalhões! "Ou muda o treinador, ou muda o time", escrevi. VP mudou a equipe!

Tem que ter coragem para improvisar Piton na direita (eu não teria, achei um risco gigante, mas o fato é que o jogador foi muito bem) e segurar Willian e Renato Augusto no banco em uma partida em que uma derrota poderia significar quase a eliminação do time na Libertadores.

4. Comunicação

Treinador de futebol não se limita a escalar o time. Gerir grupo e ambiente é fundamental. E, em times de massa, como Corinthians, a melhor forma de não perder o comando é ter o apoio popular.

Quando o técnico tem a Fiel ao seu lado, dirigente e jogador, mesmo os com muita história, pensam 818 vezes antes de, digamos, não se empenharem 100% no trabalho. Para tirar jogadores históricos do time, rodar elenco e ignorar holerite (merrrrrmãos cariocas falam "contra-cheque) e antiguidade no clube na hora de tomar decisões, o técnico tem que ter além de coragem, que VP tem, apoio popular.

VP conquistou esse apoio também com a ótima comunicação direta com o povo. Desde o embarque, em Portugal, quando posou com torcedores no aeroporto, VP sempre tem uma palavra para agradar a massa. A Fiel sempre está presente no discurso do treinador nas entrevistas coletivas, descrita como "fundamental", "única", "nunca vi nada igual"...

Ate para falar 100% a verdade para os jogadores, ou decidir o que achar correto sem dar satisfação e ignorar possíveis pressões internas, um apoio externo é fundamental....

Sylvinho, que é cria do terrão, corinthiano de coração, não soube, em nenhum momento, comunicar-se com a massa... E é óbvio que isso influenciou no ambiente e no trabalho ruim em campo.

No Corinthians, VP comunica, treina e dirige a gestão. Com apoio da massa. Mesmo quando comete erros. E cometeu alguns. Se alguém não gostar, que pague a multa.

Confira a análise completa e as notas dos jogadores e de Vítor Pereira no empate em 0 a 0 com o Deportivo Cali.

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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