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Vinte e Dois

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Distribuindo o resto dos prêmios individuais da temporada 2020-21 da NBA

Joe Ingles, do Utah Jazz, passa por bloqueio do colega Rudy Gobert durante jogo contra o New Orleans Pelicans - Alex Goodlett/Getty Images/AFP
Joe Ingles, do Utah Jazz, passa por bloqueio do colega Rudy Gobert durante jogo contra o New Orleans Pelicans Imagem: Alex Goodlett/Getty Images/AFP

Vitor Camargo

Colunista do UOL

13/05/2021 04h00

Ontem, nossa coluna tratou do principal prêmio individual distribuído pela NBA a cada temporada: MVP, o Jogador Mais Valioso, e sobre quem teria meu voto hipotético para o prêmio. Hoje, portanto, vamos seguir em frente e distribuir votos para os prêmios individuais da NBA que sobraram: Defensive Player of the Year (Defensor do Ano), Rookie of the Year (Calouro do Ano), Coach of the Year (Técnico do Ano), 6th Man of the Year (Reserva do Ano) e Most Improved Player (Jogador Que Mais Evoluiu).

Para cada prêmio, vou dar meu Top3 e explicar rapidamente os motivos. E se o jogador do seu time não foi eleito, pode ser porque eu odeio o seu time ou então porque não da para escolher todo mundo. Fica a seu critério.

Defensive Player of the Year (Defensor do Ano)

Os dois favoritos a esse prêmio trazem à tona uma discussão interessante sobre defesa na NBA atual: de um lado temos Ben Simmons, do Philadelphia 76ers, que se destaca pela extrema versatilidade defensiva; ele é capaz de defender qualquer posição e qualquer tipo de jogador, executar qualquer esquema tático (ou contra qualquer esquema tático) e criar o caos nas jogadas ofensivas atacando diferentes pontos das ações. Do outro lado, Rudy Gobert, do Utah Jazz, é o oposto: um jogador mais limitado em termos de que tipo de jogada e jogador vai defender, que executa a mesma ação de drop back cerca de 70% das vezes, mas que é tão absurdamente dominante nesse tipo de jogada que a basicamente vira um sistema defensivo de um homem só.

Entre os dois, eu não acho que dê para escolher errado, dois grandes defensores ancorando ótimas defesas, mas na hora de escolher eu não consigo deixar de lado jogadas assim:

O Spurs tem TRÊS chances de atacar a cesta na mesma jogada - um contra-ataque, ainda por cima - e não tenta sequer uma bandeja simplesmente por causa da presença de Gobert. Ele não toca na bola, mas mata completamente a jogada de San Antonio mesmo assim.

E, no fim do dia, isso foi o que decidiu meu voto: Simmons é fantástico usando sua versatilidade para atacar adversários e matar jogadas de diferentes maneiras, mas Gobert tem um impacto gigantesco simplesmente por existir em quadra, o que por sua vez libera seus companheiros para atuar com muito mais liberdade e eleva todo o time da sua própria maneira. Ele tem meu voto.

Cédula final: 1. Rudy Gobert; 2. Ben Simmons; 3. Giannis Antetokounmpo.

Rookie of the Year (Calouro do Ano)

Para mim, a resposta dessa é fácil: LaMelo Ball, um passador genial como esperado mas que se saiu muito melhor que a encomenda como pontuador e arremessador, e por vezes até sendo o ponto focal do ataque. Ele brilhou quando o Hornets usou ele mais sem a bola, brilhou comandando o show, e foi um choque positivo que injetou energia, imprevisibilidade e velocidade em um dos times mais divertidos da temporada 2021 da NBA. LaMelo não só foi um dos catalisadores por trás de uma temporada surpreendente que pode acabar com o Hornets de volta aos playoffs, mas ele colocou Charlotte de novo no mapa dos times que importam da NBA. E também... isso aqui.

E se você está se perguntando por que eu votei em Jokic sobre Embiid para MVP por causa dos jogos a mais, mas estou indo de LaMelo sobre Anthony Edwards mesmo com o armador do Hornets tendo perdido 21 jogos com lesões, é um questionamento válido - e a resposta é que eu espero coisas diferentes dos dois prêmios. O MVP, para mim, envolve o jogador que mais contribuiu na totalidade para seu time, e nisso os minutos e os jogos disputados tem um peso maior - você precisa estar em quadra para contribuir. Mas o prêmio não é para o calouro que mais gerou valor, e sim para o que foi melhor, e embora você não possa desprezar totalmente jogos perdidos (como no caso de Zion ano passado, por exemplo) eu não acho que ele tenha um peso tão grande quando um jogador - no caso, LaMelo - foi claramente o melhor calouro a jogar na temporada. Prêmios diferentes, critérios diferentes.

Méritos também para Tyrese Haliburton, do Kings, que foi de longe o calouro mais eficiente e completo da temporada e talvez mereça mais consideração do que está recebendo para o prêmio.

Cédula final: 1. LaMelo Ball; 2. Anthony Edwards; 3. Tyrese Haliburton.

Coach of the Year (Técnico do Ano)

Vários bons candidatos esse ano, mas para mim Thibs está um nível acima da competição. Ele não só fez do Knicks um time aceitável, o que já era uma missão difícil o suficiente, mas um time que é realmente bom; NYK está atualmente em quarto no Leste, algo que parecia impossível seis meses atrás. E o time chegou nisso com a cara de Thibodeau, um time muito físico, disciplinado e competitivo que tem a quarta melhor defesa da temporada.

E, talvez mais impressionante, eles chegaram na quarta melhor defesa sem ter nenhum grande defensor no seu elenco. Seu melhor defensor no ano foi... Nerlens Noel? Times com tão pouco talento defensivo de alto nível não deveriam ser tão dominantes desse lado da quadra, mas o Knicks conseguiu, e chegou lá com muita disciplina, boas táticas e ajustes e muita dedicação - três marcas que é difícil não associar ao seu técnico, especialmente considerando como as coisas estavam antes dele chegar. E isso antes de comentar o enorme salto que alguns jogadores como Barrett (que, para ser justo, está no segundo ano apenas) e Randle e a forma como o time tem melhorado ao longo da temporada continuamente. A mão de Thibs está inteira nessa temporada surpreendente do Knicks, e ele merece o prêmio..

Cédula final: 1. Tom Thibodeau; 2. Monty Williams; 3. Michael Malone.

6th Man of the Year (Reserva do Ano)

Vamos tirar algo do caminho de cara: Jordan Clarkson muito provavelmente vai ganhar esse prêmio. Por mais que eu deteste a lógica, o prêmio de 6MOY tradicionalmente é dado para o jogador que vem do banco com maior pontuação, especialmente jogando por um contender, e esse vai ser Clarkson e seus 18 pontos por jogo para o líder do Oeste, Utah Jazz. E Clarkson realmente tem tido uma grande temporada, não leve a mal, mas eu tendo a preferir jogadores cujo impacto é mais completo e, muitas vezes, maior no total.

Jalen Brunson e Joe Ingles, meus dois finalistas, são esses jogadores. Ambos são muito versáteis e completos, e funcionam em diferentes contextos para seus times: Brunson pode jogar comandando o show com a segunda unidade de Dallas, quando ele controla mais a bola e distribui o jogo, mas também é extremamente efetivo quando joga com os titulares e ao lado de Luka Doncic, funcionando sem a bola. O mesmo é verdade para Ingles, que pode funcionar como defensor versátil e arremessador fora da bola jogando junto aos titulares, ou ser o foco ofensivo (ele é um ótimo passador e tem química excepcional no pick-and-roll com Derrick Favors e o resto dos reservas) da organização da equipe. São jogadores que afetam mais áreas, e elevam seus times de diferentes maneiras.

Entre os dois, acabei ficando com Ingles porque seus números de eficiência são de outro planeta: 60% em chutes de dois pontos, 46% em chutes de três, 85% no lance livre? Mesmo sendo um arremessador seletivo, isso é surreal. Seus 66,4 de eFG% estão entre os maiores já registrados da história da NBA, cercado por pivôs que só finalizavam perto do aro.

Cédula final: 1. Joe Ingles; 2. Jalen Brunson; 3. Jordan Clarkson.

Most Improved Player (Jogador Que Mais Evoluiu)

Para mim, de longe o prêmio mais fácil da temporada. Em sua sétima temporada de NBA, Randle foi de jogador limitado a um dos mais dominantes da NBA: 24 pontos, 10 rebotes, incríveis 6 assistências por jogo e chutando 42% de três pontos. E não é só sobre estatísticas: Randle sempre foi capaz de colocar números, mas eram números vazios e ineficientes, que não ajudavam tanto seus times. Esse ano, ele pareceu ter canalizado isso para um jogo muito mais cerebral e eficiente, elevando seu time no processo: ele tem sido o melhor jogador do surpreendente Knicks e o pilar central de tudo que NY faz em quadra.

Randle não apenas melhorou seus números, ele fez o salto entre bom jogador e legítima estrela da NBA - o mais difícil e importante de todos. Se isso vai se manter pelos próximos anos, não sabemos; mas, na temporada 2021, o impacto foi enorme e levou a uma das melhores histórias da temporada.

Cédula final: 1. Julius Randle; 2. Jerami Grant; 3. Mikal Bridges.