Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Falcão é craque dentro e fora das quadras
No esporte de alto rendimento, o atleta é lembrado por seus feitos, garra e, principalmente, pelas conquistas. E não faltaram títulos na carreira do rei do futsal — foram mais de 100 em cerca de 25 anos de carreira como profissional. Mas o que me desperta atenção é o que o Falcão realiza, há algum tempo, fora das quadras. Ele é bem-sucedido em seus negócios.
Tenho amigos em comum com o Falcão em Santa Catarina, que fazem negócios com ele e comigo. Sempre que nos encontramos em algum evento temos uma conexão muito boa, batemos um papo sobre as nossas carreiras e nossos negócios.
Hoje, fazemos muitas coisas semelhantes. Claro, a minha carreira no futebol é incomparável com a dele no futsal. Ele é o nosso Pelé das quadras. Mas as semelhanças que comentei estão relacionadas ao business, pois as empresas nos procuram para explorar as nossas imagens, e nos preocupamos como nos portamos e com quem nos envolvemos.
O Falcão também tem conduzido algumas palestras, mas com viés para eventos, entretenimento e motivacional. Ele é um cara muito ativo, utiliza muito bem as redes sociais para divulgar a sua imagem e dos seus parceiros. Tanto que tem mais de 1,2 milhão de seguidores no YouTube, 3,9 milhões no Facebook e 6,9 milhões no Instagram. São números de celebridades ou de craques de ponta do futebol em atividade.
O futebol de salão nunca teve muita representatividade na mídia brasileira, mas o pouco que alcançou foi graças ao Falcão. Por onde passou, o ex-ala sempre foi muito envolvido com os clubes que defendeu, ajudando na busca de patrocinadores e visibilidade.
Antes mesmo de deixar as quadras, evidenciava sua preocupação que o pouco de holofotes que a modalidade havia conquistado por seus feitos poderia cair em esquecimento se não surtissem "novos Falcões" para assumir o trono que ficaria e ficou vago.
Esta expertise de explorar a imagem e sucesso que o Falcão possui não enxergo em outros atletas de renome, que alcançaram feitos importantíssimos, mas não conseguem "se vender" tão bem como o eterno camisa 12 das quadras.
A maneira como as nossas carreiras foram geridas também são semelhantes. Tive empresários que só tratavam os negócios da forma como eu queria e alinhava. Quando um clube demonstrava interesse em me contratar, logo de cara eu já pedia para conversar com alguém ligado à diretoria do time. Sempre me envolvi. E foi assim quando acertei minha ida para o Borussia Dortmund, visto que recebi na minha casa em Porto Alegre o representante do clube para fechar a minha ida para a Alemanha.
Da mesma forma isso ocorreu com o Falcão. Ele sempre se preocupou com a sua carreira, tanto que nunca precisou de empresários para gerenciá-la ou negociar a sua imagem. Normalmente, o jogador de futebol terceiriza tudo e quando se aposenta não sabe fazer nada. Essa independência pode até levar a alguns erros no início, mas aprendesse com os tropeços e você acaba conhecendo o seu real valor.
"O grande ponto é que eu sempre fiz as minhas coisas, nunca tive empresário. Sempre tomei as decisões logo cedo, desde os 18 anos. No decorrer da vida, isso acabou se tornando algo natural para mim, de negociar, saber o quanto vale a minha imagem e mostrar para a marca o quanto ela vale", me disse Falcão nunca troca de mensagens ao abordar a gestão da sua carreira.
O fato de tomar a frente nos abriu e ainda abre um leque de oportunidades. Nós dois não temos assessores de imprensa. Se querem conversar conosco, basta passar a mão no telefone. Lógico que hoje sabemos filtrar as oportunidades. O fato de tocarmos os nossos negócios nos fez conhecer inúmeros profissionais de diferentes segmentos, o que nos trouxe oportunidades de negócio, pois, às vezes, o atleta acaba não conhecendo as empresas que possuem interesse em contratá-lo porque alguém equivocadamente informou que não havia interesse na oferta.
Com essa soberania, o Falcão teve a lucidez ao abreviar a sua carreira no futebol de campo, que durou apenas três meses. Mesmo assim, foi campeão paulista e da Libertadores pelo São Paulo em 2005. Ele foi muito corajoso ao ter consciência que a sua passagem pelos gramados havia chegado ao fim.
"Foi uma experiência bacana. Sempre me pergunto: 'por que você não tentou seguir no futebol de campo'? Não estava jogando e não queria ser mais um. Pelas propostas para voltar para o futsal, acabei retornando. No futsal, por eu ter sido o número 1, as minhas agendas sempre estiveram lotadas pelos seis próximos meses, isso, lógico, antes da pandemia. Consegui levar essa diversão para o público, fazendo eventos, relação com as marcas..."
Com mais de 100 títulos na carreira e eleito quatro vezes o melhor jogador de futebol do mundo, Falcão é uma referência importantíssima para o futebol de salão, esporte de suma importância para os clubes que atuam nos gramados. O futebol de campo tem um déficit muito grande na formação de atletas, no quesito fundamentos. Por isso, a modalidade tem uma dívida muito grande com o futsal, pois 90% dos nossos jogadores que foram eleitos melhores do mundo ou são apontados entre os destaques de grandes clubes — como Neymar, Romário, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho — surgiram nas quadras do salão.
Por ser tamanha referência, o Futebol 7 viu a oportunidade ao seduzir e explorar a imagem do Falcão, que hoje defende o Grêmio nos torneios da modalidade. Esse é o grande reconhecimento por tudo que ele alcançou. Devido à bagagem que carrega, ele agrega valor e tem tudo para se tornar embaixador para divulgar e ajudar na expansão do Futebol 7.
No início desta semana, ao conversar com o meu amigo Fabrício Kepler, que faz negócios comigo e com o Falcão, o Fabrício fez um rico resumo do que é esse cara:
"Hoje, o nome do Falcão transcendeu o esporte e virou um embaixador, não somente do esporte, mas também do Brasil. Ele carrega essa marca por todo mundo. Falcão é único, não temos previsão de ter outro igual a ele. Ele é um dos únicos atletas do mundo que o nome é, praticamente, mais forte que o próprio esporte. Quando se fala em futsal, fala-se em Falcão, e vice-versa. Esta imagem que ele construiu o tornou uma máquina de fazer dinheiro no meio dos negócios. Tanto que, depois de ter parado de jogar há mais de três anos, ainda tem cerca de 30 marcas como parceiras. Ele é uma referência como empreendedor, todos os segmentos gostam dele."
*Com colaboração de Augusto Zaupa
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