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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Como Tevez foi recebido pela Bombonera ao enfrentar o Boca como técnico

Carlios Tevez é cumprimentado por Sebastián Villa no Boca x Central - Reprodução TV
Carlios Tevez é cumprimentado por Sebastián Villa no Boca x Central Imagem: Reprodução TV

Colunista do UOL

18/08/2022 07h16

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Carlitos Tevez e Boca Juniors viveram ontem (17) uma nova noite de amor. Em sua primeira ida à Bombonera como adversário do clube xeneize, Tevez, que agora é técnico do Rosario Central, foi ovacionado na entrada em campo e teve seu nome gritado em vários momentos do chato empate por 0 a 0.

O Boca e o Central perderam um pênalti cada um.

A ESPN e a TNT, que mostraram o jogo ao vivo para a Argentina, fixaram uma câmera nas reações de Carlitos, e comprovaram que ele abaixou a cabeça e não quis ver o momento em que o seu goleiro, Gaspar Servio, chutou para a defesa de Agustín Rossi.

Depois, o mesmo Servio parou a cobrança de Pol Fernández, decretando o persistente 0 a 0.

Persistente foi também o carinho da torcida com Carlitos. Em nenhum momento ele foi sequer vaiado.

A Bombonera esteve lotada mais uma vez, com cerca de 50.000 torcedores mesmo com a noite gelada às margens do Rio Riachuelo, onde os termômetros mostravam 5 graus e sensação térmica praticamente negativa.

Para tornar tudo ainda mais difícil, Buenos Aires viveu uma quarta-feira infernal, com protestos nos mais diversos pontos da cidade e com gente entrando no estádio com a partida já em andamento, depois das 21h30.

Mesmo com Boca e River Plate mal no campeonato, os dois maiores estádios da capital portenha andam com capacidade esgotada em todas as rodadas, o que comprova o fanatismo de ambas as torcidas mesmo com os preços cada vez mais salgados em momento tão complicado para a economia do país.

teve - Reprodução TV - Reprodução TV
Técnico do Rosario Central, Carlitos Tevez é homenageado na Bombonera
Imagem: Reprodução TV

Presenças e ausências

Tevez, ao terminar a partida, tentou demonstrar tranquilidade, mas quase chorou ao confessar: "Era difícil não olhar para o camarote onde ficava meu pai", disse, em referência ao padrasto, que morreu no ano passado.

Carlitos foi homenageado não só pela torcida —mas também pela própria diretoria do Boca, que lhe entregou uma plaqueta e um quadro com uma camisa pela trajetória com o clube. Tevez jogou no Boca de 2001 a 2004, quando se transferiu para o Corinthians, de 2015 a 2016, e de 2018 até o ano passado.

Ao ser perguntado se não preferia a companhia de Juan Román Riquelme na homenagem, Tevez, que é desafeto do hoje vice-presidente do Boca, brincou: "Não, prefiro o Serna", disse, em referência ao ex-volante que foi o escolhido pelo Conselho de Futebol para receber Carlitos no gramado.

Tevez, agora, vai precisar encarar o risco de ser processado por um grupo de técnicos na Argentina.

Há uma investigação sobre se ele realmente concluiu o curso de treinador, e há um conflito de datas que vem sendo apurado para conferir a legalidade do seu vínculo de trabalho com o Rosario Central.

Não há, porém, sanções previstas pela AFA, a Associação do Futebol Argentino. O próprio presidente da entidade, Claudio "Chiqui" Tapia, é seu amigo de longa data, e foi quem autorizou Tevez a assinar formalmente como técnico responsável do Rosario Central.

Com a partida de ontem, Tevez soma agora 11 compromissos no comando da equipe, com 4 vitórias. Ele está há dois meses no cargo e vem suportando bem as pressões de um dos times mais importantes do país. Tevez é um dos treinadores mais jovens do torneio, com apenas 38 anos.

O Central vem só em 16º no Campeonato Argentino, com o Boca em triste 13º.

O líder é o Atlético Tucumán, com 29 pontos, seguido por Gimnasia y Esgrima e Huracán, 25 e 24, respectivamente. A rodada deste meio de semana é a 14ª, de um total de 27.