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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Tiros e incêndios ameaçam hoje 1º clássico de Tevez como técnico do Rosario

Carlitos Tevez comanda Rosario Central em partida do Campeonato Argentino - Divulgação CARC
Carlitos Tevez comanda Rosario Central em partida do Campeonato Argentino Imagem: Divulgação CARC

Colunista do UOL

21/07/2022 04h00

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Carlos Tevez nasceu no Forte Apache, cresceu na Bombonera (e no Pacaembu) e brilhou em Manchester e Turim. Sua trajetória é das mais interessantes do futebol atual. E ela ganhará um novo e especial capítulo hoje (21), às 16h30 (de Brasília).

Neste horário, Carlitos viverá seu primeiro clássico de Rosário no comando do Central, que recebe o Newell's Old Boys, no Gigante de Arroyito, com todos os 39.600 ingressos vendidos, mesmo sendo um dia útil à tarde.

Quem vive o futebol argentino sabe que o confronto entre Central e Newell's é o mais passional de todo o país, bem mais que um Boca x River ou Racing x Independiente.

De tão acirrado, o clima na cidade é sintetizado em uma frase tão bélica quanto (infelizmente...) verdadeira: "Somos inimigos, não rivais", em contraposição ao "somos rivais, não inimigos" que se ouve nos outros confrontos tradicionais argentinos.

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Torcida do Rosario Central no Gigante do Arroyito em clássico contra o Newell's
Imagem: Divulgação CARC

Loucura

A lista de bizarrices do clássico de Rosário tem torcida invadindo o campo para roubar jogadores, partidas interrompidas pelas arquibancadas rivais para o jogo não terminar com derrota, e uma ansiedade prévia vista em poucos outros encontros em todo o mundo.

A expectativa de guerra ocorre também nesta semana. No sábado, dois torcedores do Newell's foram baleados na zona oeste de Rosário quando pintavam um mural de Messi e Maradona com o uniforme do clube. Um deles ainda está internado em estado grave.

Nos anos anteriores, uma cena tão infame quanto tradicional era a torcida rival incendiando a sede do clube contrário na véspera do clássico.

A repetição que ocorreria desta vez foi freada pela polícia, que desta vez monta um operativo reforçado desde o começo da semana. Mesmo com as ruas tomadas pelo efetivo, a tentativa de dano esteve prestes a ocorrer.

Na partida de hoje, que será disputada obviamente com torcida única, 1.032 policiais foram destacados —um policial a cada 39 torcedores. Ainda assim há alerta máxima com os tiroteios e incêndios que caracterizam a jornada de loucura.

Outra tradição do clássico de Rosário é o "banderazo".

Anteontem, no último treino do Newell's, aberto ao público, nada menos que 30 mil torcedores lotaram o Estádio Marcelo Bielsa e geraram imagens chocantes antes mesmo do apito inicial.

Por tanto descontrole, o clássico deixou de ser disputado durante quatro anos, tempo em que o Newell's esteve na Primeira Divisão e o Central, na Segundona.

Quando fizeram um amistoso para retomar as disputas, em 2013, a partida foi cancelada por tiroteios ao redor do estádio.

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Newell's Old Boys teve "banderazo" antes do clássico de Rosário contra o Central
Imagem: Divulgação NOB

Presentes opostos

O Central de Tevez aparece apenas na 22ª colocação do Campeonato Argentino depois de oito rodadas. Com Carlitos no comando, são até aqui duas derrotas, uma vitória e um empate.

Já o Newell's, que conta com o técnico Javier Sanguinetti, entra em campo com enorme favoritismo. Aparece na quinta posição da tabela, e pode terminar a rodada na liderança em caso de vitória. Motivação dupla para a equipe sair do estádio rival com os três pontos.

Não haverá transmissão de TV para o Brasil. Os canais ESPN mostram hoje Talleres x Banfield, às 19h, e River Plate x Gimnasia y Esgrima, às 21h30.