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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Técnico do Boca ganhou Libertadores mais vezes que qualquer time do Brasil

Sebastián Battaglia, técnico do Boca Juniors - Divulgação CABJ
Sebastián Battaglia, técnico do Boca Juniors Imagem: Divulgação CABJ

Colunista do UOL

03/07/2022 04h02

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O Corinthians já se prepara para a decisão contra o Boca Juniors na próxima terça (5), às 21h30 (de Brasília), na Bombonera, para o jogo de volta das oitavas de final da Libertadores da América.

A maior competição da América do Sul é uma novidade para o português Vítor Pereira, técnico corintiano. Mas para o comandante xeneize Sebastián Battaglia, de 41 anos, ela é uma conhecida de longa data.

Um dado ajuda a entender o peso da trajetória de Battaglia como jogador na Libertadores.

Ele, sozinho, conquistou a competição nada menos que quatro vezes. Nenhum clube brasileiro chega a essas quatro conquistas. Os recordistas de títulos pelo país são são Santos, São Paulo, Grêmio e Palmeiras, com três.

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Battaglia (ao lado de jogador de bandana) dá 'peixinho' em frente ao troféu da Libertadores
Imagem: Divulgação Conmebol

'Leão'

Pouco conhecido no Brasil, Battaglia é um exemplo de disciplina na Argentina, tanto que seu apelido quando jogador era "Leão".

Mesmo limitado tecnicamente (era volante) e sempre às voltas com lesões, conseguiu um lugar no badalado Boca Juniors de Carlos Bianchi e enfileirou conquistas na virada do milênio, sendo chamado até hoje de "o herói silencioso" daquele time.

O primeiro deles ocorreu justamente diante de um clube brasileiro, o Palmeiras, em 2000.

Battaglia foi o titular em toda a campanha. No ano seguinte, de novo com Bianchi, e de novo nos pênaltis, Battaglia deu a volta olímpica na Bombonera ao vencer o Cruz Azul, do México, desta vez como reserva.

Os times brasileiros voltaram a cruzar o caminho de Battaglia em outros dois títulos de Libertadores.

Em 2003, o Santos de Robinho e Diego, no Morumbi, de novo como titular. Em 2007, contra o Grêmio de Mano Menezes em pleno Olímpico, era reserva do Boca já comandado então por Miguel Ángel Russo.

Tais conquistas não são as únicas do seu currículo. Ele tem ao todo dez títulos internacionais como volante xeneize. A lista de conquistas termina com três Recopas, dois Mundiais e uma Sul-Americana.

Nenhum jogador na história do gigante portenho foi tantas vezes campeão como ele: nada menos que 18, somando também as competições locais.

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Sebastián Battaglia ergue troféu da Recopa pelo Boca Juniors
Imagem: Reprodução CABJ

Raro equilíbrio

Battaglia se caracterizava por ser um "técnico em campo" na era Bianchi, e a escolha pela carreira foi natural para ele, que parou de jogar aos 32 anos, em abril de 2013, depois de seguidas lesões no joelho. Famosa por pulsar nos jogos de despedida de Diego Maradona e Martín Palermo, a Bombonera também lotou para dar adeus ao Battaglia jogador em julho de 2015.

Ele começou como técnico por baixo, sendo assistente de Julio Falcioni no Banfield nas temporadas de 2016 e 2017. Depois, ficou apenas sete jogos no Almagro, da Série B, até voltar ao Boca em 2020 para trabalhar nas divisões de base, atendendo a um pedido de Juan Román Riquelme. O hoje vice-presidente de futebol do clube foi seu parceiro nas conquistas de 2000, 2001 e 2007.

Preparando-se para assumir o time principal do Boca, Battaglia sentiu sua vez chegar em agosto do ano passado, depois da demissão do mesmo Russo que o levou à conquista da Libertadores de 2007. Desde então, alternou tropeços preocupantes com os títulos da Copa Argentina e do último Campeonato Argentino (versão da Liga Profissional).

Riquelme, certa vez, disse que "ganhar a Libertadores valia por dez torneios nacionais". É esta a referência que o técnico Battaglia usa para motivar seu time e superar o Corinthians. Em campo, ele soube saber fazer isso como poucos. Agora é a hora de mostrar que sabe fazer o mesmo à beira dele.

Ponderado para falar e agir, Battaglia tem atitudes que agradam até a torcida do arquirrival River Plate justamente pela maneira equilibrada de agir.

Mesmo impressionando, seus quatro títulos da Libertadores não são recorde. O jogador que mais vezes conquistou a competição foi o zagueiro argentino Francisco "Pancho" Sá, seis vezes campeão na década de 1970 (tetra com o Independiente e bi com o Boca).

A libertação corintiana

Dez anos depois do primeiro título do Corinthians na Copa Libertadores, o UOL lança "A libertação corintiana", um documentário que reúne as histórias nunca contadas daquela partida. Produzido por MOV, a produtora audiovisual do UOL, o filme está disponível para assinantes do UOL Play.