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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Entenda o caso do jogador de 17 anos assassinado pela polícia na Argentina

Lucas González, jogador de 17 anos assassinado pela polícia na Argentina - Divulgação Barracas Central
Lucas González, jogador de 17 anos assassinado pela polícia na Argentina Imagem: Divulgação Barracas Central

Colunista do UOL

19/11/2021 12h14

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Um episódio estarrecedor pôs o futebol em choque neste fim de semana na Argentina. Jogador das divisões de base do Barracas Central, de Buenos Aires, Lucas González, de 17 anos, recebeu dois tiros na cabeça e teve sua morte anunciada às 18h (de Brasília) de ontem (18) no Hospital El Cruce, em Florencio Varela, nos arredores da capital portenha.

Segundo as investigações já iniciadas, ele e mais três companheiros de time voltavam do treino e estavam, com roupas civis, em um carro que foi cercado e alvejado por três policiais no bairro de Barracas, em Buenos Aires. O assassinato ocorreu por volta das 9h30 (de Brasília) no cruzamento das ruas Alvarado e Perdriel.

Apenas Lucas foi atingido. Dois dos seus colegas foram presos e soltos na sequência. De acordo com o relato dos colegas de Lucas, os policiais não deram voz de prisão e nem houve nenhuma manifestação prévia aos disparos. Ambos disseram que foram confundidos com assaltantes.

O caso conta com enorme repercussão no país e já mobilizou o Juizado de Menores de Buenos Aires, que ordenou uma extensa perícia por parte da PFA, a Polícia Federal Argentina. Um juiz designou a apreensão das armas para identificar o policial que baleou o jogador. Diversos órgãos de segurança da capital já foram mobilizados para identificar e prender o autor dos disparos.

União por justiça

O crime mobilizou diversos clubes do país no pedido de justiça no caso, incluindo os gigantes do país, River Plate e Boca Juniors. Até o presidente da Argentina, Alberto Fernández, emitiu uma nota de pesar nas redes sociais e cobrou a mobilização da polícia para identificar o autor dos disparos.

lucas - Reprodução Twitter - Reprodução Twitter
Manifestação de torcedores do Defensa y Justicia pela morte de Lucas
Imagem: Reprodução Twitter

Manifestações também foram vistas em iniciativas de torcedores de diversos clubes, como o do Defensa y Justicia, de Florencio Varela, na periferia de Buenos Aires, onde morava o jogador.

A AFA (Associação de Futebol Argentino) também se manifestou, decretando um luto de três dias e suspendendo o futebol das divisões de base no país neste final de semana.

Diversas marchas em Buenos Aires também estão programadas para o final da tarde de hoje pedindo justiça no assassinato de Lucas González.

Quem era

Lucas González, de 17 anos, era o mais velho de três irmãos. Começou no futebol aos seis anos, no Racing, e logo foi para o Defensa y Justicia. Vestia a camisa 10 da chamada Sexta Divisão do Barracas Central, e pretendia voltar ao Defensa y Justicia para realizar o sonho de se profissionalizar.

Seus órgãos foram doados pela família. "Me conforta saber que o coração dele vai estar batendo no peito de alguém", declarou sua mãe, Cinthia, em entrevista ao canal de TV C5N.

O Barracas é de Buenos Aires, cuja sede fica no bairro de mesmo nome. O clube tem como presidente Matías Tapia, filho de Chiqui Tapia, o mandatário da AFA, o que gera a sensação na Argentina de que o caso não passará impune.

O Barracas na segunda-feira (29) encara o Tigre por uma vaga na Primeira Divisão da Argentina na próxima temporada.