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Argentina rasga protocolo e distanciamento e já estuda como lotar estádios
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Loucura. A palavra que acompanha tanto o cotidiano argentino está sendo repetida a cada análise sobre a volta da torcida aos estádios do país. Não é para menos. As imagens geradas no fim de semana, e reproduzimos algumas aqui, escancaram a irresponsabilidade coletiva que gerou estádios lotados de gente sem máscaras e amontoadas como se não houvesse amanhã.
Apesar de anunciar protocolo formal e limite de 50% da capacidade dos estádios, houve lotação e desrespeito às normas gerais. E para surpresa de muitos no país, em vez de exigir um recuo para pôr as coisas em ordem, circulou ontem (5) a versão de que o governo federal estuda abrir de vez a lotação máxima dos estádios argentinos já nas próximas semanas.
Quem deslizou esta informação ao canal de TV TyC Sports foi Sergio Rapisarda, presidente do Vélez Sarsfield, processado por estourar a capacidade do Estádio José Amalfitani no 3 a 3 contra o Estudiantes no sábado (2). Outro processado por "violar o decreto presidencial e resistir à autoridade" foi Rodolfo D'Onofrio, todo-poderoso do River Plate, pelas imagens preocupantes das arquibancadas lotadas no domingo contra o Boca Juniors.
Outros estádios que receberam público muito acima do permitido foram o do Belgrano de Córdoba e até na Série B, com o San Martín de Tucumán.
De acordo com Rapisarda, o governo quer "dar um puxão de orelha" nos clubes, mas uma eventual ameaça de interdição dos estádios não será levada adiante. No meio da tarde surgiu o rumor, negado pelo presidente do Vélez, de que isso faria a seleção argentina precisar sair do Monumental de Núñez para os jogos contra Uruguai (dia 10) e Peru (14) pelas Eliminatórias.
Indignação
Quem retratou com perfeição a perplexidade coletiva na Argentina com os estádios lotados foi o colega Mariano Murphy, um dos melhores colunistas do "Olé". Separamos alguns trechos da sua ótima reflexão:
Que o futebol argentino é o reino do despropósito já se sabe há um tempinho. Mas o tema é que a cada fim de semana nos superamos. Há meses vivemos a mentira maravilhosa dos "chegados", esses seres extraordinários que, enquanto os sócios e as sócias, paspalhos que pagam mensalidade sem ir ao estádio, esses "chegados" (dirigentes, amigos de dirigentes, amigos dos amigos) se davam ao luxo de sentar-se nas tribunas. E não se privaram de nada: se encarregaram até de xingar os árbitros, os rivais, os técnicos...
Agora, no último fim de semana, se deu aquilo que tanto se esperava: a volta do público. E por dias se falou de como teria que ser o limite, o distanciamento, do que deveria apresentar os sócios para poder ir ao estádio. E o que aconteceu? Já na sexta, por exemplo, em Córdoba, o Belgrano arrebentou seu estádio com arquibancadas lotadas em que ninguém respeitou o distanciamento. E isso mesmo, esse desborde, se viu apenas dois dias depois em outro jogo. Um jogo que teria "pouca repercussão", o River x Boca.
Em um Monumental em que deveria sobrar capacidade nas arquibancadas, sobrou incapacidade fora: parece que muitos entraram sem apresentar nada, que desrespeitaram as catracas, e se calcula que houve umas 50 mil pessoas ("apenas" 15 mil mais que o permitido). Houve perícia no River e se acusou Rodolfo D'Onofrio e Sergio Rapisarda por não cumprirem o limite de 50%.
Um ano e meio depois (pouco, não?), dirigentes e entidades tiveram tempo para preparar esta volta, e hoje temos de falar de outra mancha no futebol. No que se trata de fazer as piores coisas, somos cada vez somos melhores.
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