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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Di María detalha briga entre Sampaoli e Beccacece na seleção argentina

Sampaoli, Di María e Beccacece na preparação para a Copa de 2018 - Acervo pessoal
Sampaoli, Di María e Beccacece na preparação para a Copa de 2018 Imagem: Acervo pessoal

Colunista do UOL

16/08/2021 12h00

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Eliminada nas oitavas de final pela França, a Argentina disputou a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, dividindo suas atenções entre os campos e os "incêndios" em uma das mais loucas presenças suas em Mundiais. E a bagunça veio de cima. O técnico Jorge Sampaoli e Sebastián Beccacece se desentenderam, e a tensão entre ambos obviamente interferiu na equipe.

Quem trouxe mais detalhes sobre a desavença entre ambos foi Ángel Di María. "Às vezes, Sampaoli dizia uma coisa e Beccacece, outra. Não havia boa comunicação entre eles", comentou ao canal de TV TyC Sports, da Argentina.

O clima entre os dois elétricos treinadores era mesmo explosivo. Até circularam versões na imprensa argentina de que ambos trocaram agressões no vestiário - e na frente dos jogadores - depois de perder por 3 a 0 para a Croácia, algo que até hoje ninguém confirmou publicamente.

"Em alguns momentos parecia que eles estavam brigados entre si, porque um comia sempre antes que o outro. Aconteceram muitas coisas aí no meio que, como jogador que trabalha com ambos, nos afeta um pouco. Parece que não, mas afeta bastante. Por isso foi um Mundial em que sinceramente tudo foi me desanimando por tudo o que aconteceu."

Di María reconheceu que os jogadores interpelaram Sampaoli para tentar mudar o rumo da situação. "Conversamos com ele sim, a partir daí as coisas melhoraram, mas já não vinham bem, e quando não vêm bem, é impossível que se transforme da melhor maneira de uma hora para a outra."

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França x Argentina: Messi, Griezmann e Pogba
Imagem: FIFA/FIFA via Getty Images

Loucura e fúria

A primeira fase da Argentina na Copa do Mundo de 2018 foi tão ruim que a seleção sequer conseguir ganhar da estreante Islândia (1 a 1, com Messi perdendo pênalti). Veio depois uma arrasadora derrota por 3 a 0 para a Croácia e uma milagrosa vitória por 2 a 1 nos minutos finais diante da Nigéria.

Nas oitavas, contra a França, o cenário era perfeito para Messi, Di María e companhia. Maioria da torcida, um ambiente sul-americano e a chance de responder a todos os questionamentos. Entretanto, quem foi ver o argentino testemunhou o brilho do outro lado. Com atuação de gala de Kylian Mbappé, a França derrotou a Argentina por 4 a 3, em Kazan, e avançou às quartas.

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Técnico Jorge Sampaoli lamenta gol da Croácia diante da Argentina em jogo pelo Grupo D da Copa do Mundo de 2018
Imagem: Clive Mason/Getty Images

A Argentina, por outro lado, apresentou os velhos problemas, com um time bagunçado e sem a menor criatividade. A equipe de Sampaoli até equilibrou as ações na base da raça e de lances individuais. Di Maria, com um golaço, e Mercado, em uma bola desviada, chegaram a colocar a azul e branca à frente.

Tratou-se apenas de um susto. A França dominou boa parte da partida, cresceu quando acuada e assegurou a classificação com três gols e um grande segundo tempo. Nem mesmo o tento de Agüero nos acréscimos foi capaz de impedir a eliminação argentina.

A sequência está bem fresca na memória: a França bateu Portugal, Bélgica e Croácia para ser campeã do mundo. E a Argentina mandou Sampaoli embora, efetivou Lionel Scaloni, um de seus assistentes, e saiu da fila de 28 anos sem títulos com a Copa América realizada no Brasil no mês passado.