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Tales Torraga

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Contra Atlético-MG: por que jogo de hoje é mais que uma decisão para o Boca

Jogadores de Atlético-MG e Boca Juniors na partida da Libertadores - GettyImages
Jogadores de Atlético-MG e Boca Juniors na partida da Libertadores Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

20/07/2021 07h17Atualizada em 20/07/2021 10h18

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O Boca Juniors que enfrenta o Atlético-MG hoje às 19h15 pela Libertadores é o mais fraco dos últimos tempos, já falávamos na semana passada. E um dado ajuda a reforçar esta ideia: dos últimos nove jogos, o time do técnico Miguel Ángel Russo ganhou apenas um (3 a 0 contra o The Strongest na Bombonera). De resto, outros cinco empates e três derrotas. É um desempenho pobre demais para um time que flerta com o precipício em caso de eliminação.

Time mais popular da Argentina (40% do país torce para o Boca, de acordo com as pesquisas), o clube atravessa complicado momento institucional, e até a enorme idolatria que Juan Román Riquelme sempre gozou com seus súditos não tem sido suficiente para poupá-lo dos questionamentos de torcida e imprensa com o seu trabalho até aqui.

Uma das mais repetidas críticas é sobre o elenco ser armado sem contar com uma característica que simbolizou o Boca vencedor de outros tempos - ter "caudilhos", jogadores que assumam a responsabilidade depois da saída de Carlitos Tevez, o último que se dispôs a fazer isso.

Tal ausência ficou escancarada no triste episódio do VAR que anulou o gol do Boca em plena Bombonera, contando aí com a insistência de Nacho Fernández, que encarou a arbitragem e fez exatamente o que tanto se pede dos jogadores xeneizes.

"Com Tevez em campo, isso não aconteceria", disse Ruso Ribolzi, um dos antigos ídolos do Boca ríspido dos anos 1970 e 1980. "Rezo para que Riquelme não seja crucificado como Passarella foi no River. Ser ídolo é uma coisa. Ser um bom gestor, outra totalmente diferente", arrematou José Beraldi, ex-candidato a presidente e hoje a voz mais influente da oposição do clube.

Este Boca, de fato, flertou com nomes como Cavani, Guerrero e Felipe Melo, e hoje conta com um elenco dos mais discretos.

E uma das tentativas de se reforçar vem sendo bastante questionada na Argentina. O time acertou verbalmente com o meio-campista Juan Ramírez, do San Lorenzo, que excluiu o atual time da negociação e pretende destravar sua chegada ao Boca sozinho, o que tem gerando fúria e pesadas críticas também do San Lorenzo, alegando falta de ética do atleta e do Boca.

Hostilidade "bem-vinda"

Neste clima de "vai ou racha" que cerca o Boca, a demora no aeroporto e os rojões na madrugada no hotel podem enfim chacoalhar um time que sabe que é inferior. O Mineirão provavelmente vai ver repetição da estratégia que consagrou o histórico Boca de Carlos Bianchi: arrastar o empate e contar com o bom desempenho do goleiro nas cobranças. Antes era o colombiano Óscar Córdoba. Hoje é o competente Agustín Rossi.

O time levado a campo nesta terça será o mesmo da Bombonera na semana passada. Além de Rossi no gol, a defesa contará com "Chino" Weigandt, Cali Izquierdoz, Marcos Rojo e Agustín Sández na linha composta por quatro jogadores. Cristian Medina, Esteban Rolón e "Pulpo" González formam o meio para abastecer o ataque de Cristian Pavón, "Animal" Briasco e Sebastián Villa.

Vencendo, o Boca tem diante de si a chance de voltar a encarar o River, desta vez pelas quartas de final. Perdendo, as consequências são imprevisíveis, mas está dentro da lógica prever que a fissura interna fará do técnico Miguel Ángel Russo a primeira baixa da equipe para o restante da temporada.