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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Colômbia passa Argentina e tem hoje maior legião estrangeira do Brasileirão

Cantillo, jogador do Corinthians, é o colombiano que mais atuou no Brasileirão (11 vezes) - Marcello Zambrana/AGIF
Cantillo, jogador do Corinthians, é o colombiano que mais atuou no Brasileirão (11 vezes) Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

17/07/2021 04h00

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Acostumado a olhar para a Argentina como sua maior "legião estrangeira", o Brasileirão atravessa uma mudança de rota. Hoje, a Colômbia é a dona do maior volume de atletas em atividade na Série A do país, com 16 jogadores, contra 12 argentinos. Dos 20 clubes da elite, 13 têm atletas da Colômbia (lista completa no fim).

As portas do Brasileirão para jogadores estrangeiros foram abertas de vez em 2013, quando a CBF protocolou a ampliação do limite de estrangeiros de três para cinco —o pedido partiu do Grêmio, com o presidente Fabio Koff e o diretor-executivo Rui Costa, hoje no São Paulo.

Naquele Brasileirão, a quantidade de jogadores vindos da Argentina (21) era muito maior que da Colômbia (3), de acordo com o levantamento na base de dados Transfermarkt. Mas há quem afirme que 2013 é passado distante em um mercado cada vez mais dinâmico.

"O mercado sul-americano cresceu esportivamente e o Internacional sempre foi um celeiro de atletas vindos de países vizinhos em nossa história", diz Alessandro Barcellos, presidente do clube gaúcho. "Hoje mesmo temos profissionais de cinco nacionalidades diferentes em nosso grupo e não creio que isso aconteça apenas pela questão financeira ou pelo leque maior de opções que temos na América do Sul, mas muito mais pelo crescimento técnico e o quanto isso pode representar em termos de resultados dentro e fora de campo."

Semelhança técnica

O Bahia hoje tem dois colombianos no elenco, o meia Ramírez e o centroavante Rodallega. "Acho que isso tudo se passa muito pela qualidade técnica e pelo perfil de jogo que os colombianos têm e que agrada muito ao futebol brasileiro", fala Júnior Chávare, gerente de futebol do clube.

"E, sem dúvida alguma, o mercado sul-americano é hoje mais fortalecido, passa a ter muitos atrativos para que os jogadores continuem por aqui e cada vez mais consolidados."

Visão semelhante tem Marcelo Paz, presidente do Fortaleza que conta com o zagueiro Quintero. "Acho muito válida essa miscigenação. Já está claro que podemos ter bons jogadores no Brasil, tanto argentinos, colombianos, chilenos, uruguaios e por aí vai", analisa.

"Podemos lembrar rapidamente do Soteldo e do Savarino. Então, muitos clubes hoje já entendem a operação, têm relacionamento com clubes de outros países da América do Sul, e isso facilita nesse intercâmbio e troca esportiva", explica.

Só o começo

É bem provável que o fluxo estrangeiro no Brasil aumente ainda mais. "O mercado sul-americano se tornou uma ótima fonte e alternativa de captação de atletas", aponta o vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch.

"Estamos vendo um número cada vez maior de jogadores brasileiros saindo muito cedo do país, com 17, 18 anos, e ter essa possibilidade de encontrar bons jogadores na Argentina, Uruguai, Colômbia é muito bom. Conseguimos encontrar bons valores, de muita qualidade técnica, em condições financeiras interessantes para uma Série A."

"Dentro de um contexto que se mistura, o futebol brasileiro nos últimos anos vem crescendo muito em relação a jogadores de potência, que têm velocidade e força", diz Marcelo Segurado, ex-executivo do Goiás e Ceará. "Essa dinâmica de velocidade e força leva a um resultado que chamamos de potência ou intensidade, e o futebol caminha muito para isso. O futebol brasileiro é originalmente formador de jogadores mais cadenciados, mais técnicos, principalmente nossos atacantes. Quando você vai ao futebol colombiano, até mesmo no equatoriano, você vai ver jogadores com esse perfil de potência. É um fator que pode ser levado em consideração. Muitos desses colombianos veem os times brasileiros como uma ponte para a Europa, algo que o futebol uruguaio, argentino e até o chileno não enxergam tanto essa necessidade."

Depois de Colômbia (16) e Argentina (12 jogadores), os demais estrangeiros do Brasileirão 2021 vêm de Uruguai (8), Paraguai (8), Chile (7), Equador (5), Peru (2), Venezuela (2), Itália (1), Portugal (1), EUA (1) e Coreia do Sul (1).

Os 16 colombianos hoje no Brasileirão

Víctor Cantillo (Corinthians)
Luis Manuel Orejuela (São Paulo)
Dylan Borrero (Atlético-MG)
Juan Manuel Cuesta (Inter)
Stiven Mendoza (Ceará)
Yony González (Ceará)
César Haydar (Bragantino)
Orlando Berrío (América-MG)
Juan Quintero (Fortaleza)
Edwin Mosquera (Juventude)
Santiago Tréllez (Sport)
Carlos Rentería (Sport)
Juan Pablo Ramírez (Bahia)
Hugo Rodallega (Bahia)
Iván Angulo (Palmeiras)
Miguel Borja (consta no elenco do Palmeiras, que ainda não o negociou)