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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Como Messi volta ao Brasil para jogar Copa América após acusação de armação

Messi treina no CT da seleção argentina em Ezeiza, Buenos Aires - Divulgação AFA
Messi treina no CT da seleção argentina em Ezeiza, Buenos Aires Imagem: Divulgação AFA

Colunista do UOL

01/06/2021 12h00Atualizada em 01/06/2021 12h39

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A Argentina que jogaria a Copa América em casa agora será visitante no território que considera mais complicado por tradição e rivalidade - o Brasil.

A coluna apurou que o anúncio de ontem (31) com a nova sede caiu como uma bomba na concentração da seleção argentina no CT de Ezeiza, próximo ao Aeroporto de Buenos Aires. Rumores que circularam no país pouco depois do almoço davam conta até de uma eventual desistência da seleção, mas no fim do dia já estava claro que era só fumaça.

Além da irritação coletiva com a saída da Argentina justamente para o Brasil, o que foi confirmado é que houve contato com outras seleções para conhecer protocolos sanitários e saber de eventuais desistências à competição. Ninguém avançou no tema, e é esperado um posicionamento oficial da seleção argentina amanhã (2), véspera do confronto contra o Chile pelas Eliminatórias Sul-Americanas (no Estádio Único Madre de Ciudades, em Santiago del Estero, às 21h de Brasília).

E Messi?

Um dos mais irritados com a mudança de lugar na Copa América foi justamente Lionel Messi, que até aqui não demonstrou nenhuma intenção de largar a competição. As queixas do astro do Barcelona eram referentes ao seu discurso de fúria na Copa América de 2019, quando ele boicotou a premiação e acusou o campeonato de ser "armado para o Brasil".

A revolta argentina ganhou forma na Arena Corinthians, depois da vitória por 2 a 1 sobre o Chile na disputa pelo terceiro lugar. Para Messi, a seleção de Tite teria sido favorecida por um suposto esquema para conquistar o título da Copa América. O embasamento da sua teoria? O desempenho da arbitragem no jogo em que a equipe perdeu para os donos da casa, na semifinal, e na disputa pelo terceiro lugar, que teve o camisa 10 levando cartão vermelho.

Ainda na primeira etapa da partida, o craque do Barcelona boicotou a cerimônia da Conmebol, desabafou na zona mista do estádio e disse acreditar em armação para que o Brasil vença a competição.

"A corrupção e os juízes não deixaram as pessoas aproveitarem, e o futebol foi arruinado. Lamentavelmente, acho que está armado para o Brasil", afirmou o craque. Pela acusação, Messi foi suspenso pela Conmebol por três meses e multado em US$ 1,5 mil (cerca de R$ 7.720).

"Muita bronca, muita bronca, porque creio que não merecia este cartão. Eu estava fazendo um bom jogo, estávamos em vantagem. Lamentavelmente, há muita corrupção, tivemos estas questões com os árbitros, ficamos com a sensação de que não nos deixaram ir jogar a final. Hoje e contra o Brasil foram nossos melhores jogos e nos atrapalharam. Digo as coisas como tem que ser, venho aqui para ser sincero."

A revolta de Messi com a Conmebol e a organização da Copa América vinha de antes. Messi já havia reclamado da qualidade dos gramados, especialmente na Arena do Grêmio, e da arbitragem na semifinal contra o Brasil. A derrota diante do time da casa levou o time alviceleste a disputar o terceiro lugar.

Semifinal engasgada

"Cansaram de marcar besteiras nesta Copa América, e hoje não foram nenhuma vez ao VAR. Fizemos um esforço muito grande. Os lances pequenos eram sempre a favor deles. Cartões para nós, e nada para eles", declarou o cinco vezes melhor do mundo, após a queda na semifinal para a seleção brasileira - 2 a 0, gols de Gabriel Jesus e Roberto Firmino.

"Tiveram jogadas claras que não viram. Só viram as mãos e os pênaltis banais. Você vai se desligando da partida porque o árbitro não é justo. Inconscientemente, você sai da partida", acrescentou Messi.

Depois do jogo, Messi publicou uma foto do elenco argentino em sua conta no Instagram e elogiou a equipe pelo desempenho ao longo do torneio.

"Deixamos essa Copa América com uma vitória, mas acima de tudo com as nossas cabeças erguidas e com a sensação de que, desta vez, o futebol não foi justo para nós. Pela forma que jogamos e por termos sido superiores ao Brasil, merecíamos estar na final de amanhã, mas devemos olhar para frente com otimismo, porque existe futuro e uma base muito grande nesta seleção e é só preciso tempo", escreveu o craque nas redes sociais ao deixar o Brasil em 2019.

Conferir como será sua inesperada volta ao país agora em 2021 é algo que desde já mexe com a cabeça do torcedor argentino. Messi jamais foi campeão com a azul e branca em um torneio profissional (foi ouro na Olimpíada de Pequim-2008). Aos 33 anos, são poucos no país em 2021 que o projetam ativo pela seleção depois da Copa do Mundo do ano que vem no Qatar, quando há a expectativa de ele defender o Newell's Old Boys que o revelou.