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Tales Torraga

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

'Até ajoelhado'. River busca hoje maior façanha da sua história ante o Boca

O técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, foi atingido pelo gás lacrimogêneo - Daniel Munoz POOL/EFE
O técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, foi atingido pelo gás lacrimogêneo Imagem: Daniel Munoz POOL/EFE

Colunista do UOL

16/05/2021 07h11Atualizada em 19/05/2021 03h24

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* A "bomba sanitária" que abordamos ontem explodiu. O River Plate viveu um sábado de covid e caos que terminou com 15 jogadores afastados do "superclássico" de hoje contra o Boca Juniors. Quem ganhar, passa à semifinal da Copa da Liga Argentina. Mata-mata simples. Empate? decisão por pênaltis.

* A partida que começa às 17h30 (ao vivo pela ESPN) na Bombonera não contará com os goleiros Armani, Lux, Bologna e Petroli, os zagueiros Díaz e Rojas, os meio-campistas Castro Ponce, De La Cruz, Zuculini, Simón e Palavecino, e os atacantes Borré, Rollheiser, Suárez e Girotti.

* A TV TNT Sports informou que o técnico Marcelo Gallardo também testou positivo. O clube ainda não confirmou.

* O caso mais crítico para o River está no gol. Quem vai para a partida é Alan Díaz, de 1,80 metro e 21 anos, reserva do time "Reserva". Categoria similar aos antigos "Aspirantes" no Brasil. Díaz sequer tem contrato profissional.

* O surto foi detonado na viagem do River para a Colômbia (1 a 1 com o Junior na última quarta em Barranquilla). O voo, o deslocamento para hotel/estádio e o acanhado vestiário foram alegados pelo clube como as causas do caos oficializado ontem.

* O jogo de hoje está mantido - mas há gritaria nas rádios, TVs, portais, jornais e, claro, nas redes sociais. O regulamento do campeonato não prevê suspensão por covid. Patronato, Defensa y Justicia e Gimnasia y Esgrima também viveram situações como a do River. Parar a bola? Injusto com os demais.

* O clube de Núñez era exemplo de "bolha sanitária". Até ontem, sequer sem casos simultâneos. Bem na véspera de um picante mano-a-mano contra o Boca, a notícia de 15 afastados. Mistura de pastelão (pelo esporte) com filme de terror (pela saúde).

* Nesta madrugada, um áudio do presidente do River, Rodolfo D'Onofrio, circulava pelas rádios e grupos de discussões de torcedores: "O Boca vai ter que se bancar. Confio nos garotos, eles vão por algo heroico".

* O "superclássico" existe há 108 anos. Uma vitória hoje na Bombonera sem 15 jogadores eliminando o Boca já é tida pela torcida como a maior façanha da história ante o maior rival - superando até a conquista da Libertadores de 2018.

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Capa do jornal argentino "Olé" neste domingo (16)
Imagem: Reprodução

* Tanto é assim que há massivo movimento de torcedores nas redes prometendo tatuar -nas nádegas!- a formação do time de hoje em caso de vitória.

* Para um brasileiro é difícil entender, mas como Boca x River é "organismo de vida própria" na Argentina, tal grandeza é simples de constatar (não significa concordar com o nefasto "siga y siga" que caracteriza o futebol na pandemia).

* O River vai a campo obviamente remendado, e com a seguinte escalação: Alan Díaz; Milton Casco (ou Gonzalo Montiel, que vem de lesão), Jonatan Maidana, David Martínez e Fabrizio Angileri; Enzo Pérez e Leonardo Ponzio (Casco); Jorge Carrascal, José Paradela e Julián Álvarez; Agustín Fontana.

* Perdendo, ninguém vai falar nada do River. A pressão total estará no Boca, que vem de cinco derrotas seguidas para o River em mata-matas. A formação xeneize hoje deve ser a seguinte: Agustín Rossi; Nicolás Capaldo Carlos Izquierdoz, Marcos Rojo e Frank Fabra; Cristian Medina, Alan Varela e Agustín Almendra; Cristian Pavón, Carlos Tevez e Sebastián Villa.

* As casas de apostas que antes davam favoritismo ao River (2,25 contra 3,00 da vitória do Boca) agora mudaram de lado: 2,00 para o Boca; 3,30 ao River.

* Que tal surto ocorra no pior momento da pandemia, com os hospitais lotados na Argentina, gera revolta paralela no país. As enquetes no país defendem com força a paralisação do futebol até o avanço das vacinações.

* "Lembra a abertura das discotecas portenhas durante a Guerra das Malvinas. Uns jovens dançavam enquanto outros morriam fuzilados", é a reflexão deslizada no editorial do C5N, principal canal de TV de Buenos Aires.