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Tales Torraga

Rusga entre ex-corintianos gera editorial anti-xenofobia na TV argentina

Ángel Romero, atacante do San Lorenzo - Divulgação San Lorenzo
Ángel Romero, atacante do San Lorenzo Imagem: Divulgação San Lorenzo

Colunista do UOL

14/01/2021 12h00

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Além da Libertadores, outro tema quente no futebol na Argentina nesta semana é a rusga entre dois ex-jogadores do Corinthians - Sebá Domínguez, hoje comentarista da ESPN, e Ángel Romero, atacante do San Lorenzo.

Acusado pelo ex-San Lorenzo Ignacio Piatti de apodrecer o ambiente do clube, Ángel e seu irmão gêmeo, Óscar, foram detonados por Sebá, que questionou nas câmeras "se não tinha ninguém para dar um tapa neles" ao saber que ambos quiseram oferecer dinheiro ao elenco depois de ganhar uma partida.

A reação de Sebá gerou enorme turbulência nas redes sociais, que avaliaram a colocação do ex-zagueiro como discriminação aos paraguaios e apologia à violência. Até Mauricio Tinelli, presidente do San Lorenzo, cobrou um pedido de desculpas, postando uma ácida mensagem em seu Instagram dizendo que Domínguez e a ESPN "cuspiam para cima e que tudo voltaria".

Outro que entrou na polêmica foi o ex-goleiro Chilavert, paraguaio como os irmãos Romero: "Dizer que vai dar tapa na TV, qualquer um diz, quero ver bater pessoalmente", enumerando situações em que havia sido descriminado por sua nacionalidade nos tempos de atleta de San Lorenzo e Vélez Sarsfield.

Ontem, Sebá pediu a palavra na ESPN e leu um editorial: "Quando falo dos Romero, não falo do Paraguai, falo dos Romero. Dos jogadores que têm privilégios, sendo que um [Ángel] fraturou um companheiro em um treino. Isso é ruim. Seja paraguaio, boliviano ou argentino, tenha a etnia que tenha. Em um esporte coletivo, os privilégios dividem. Quando brigamos por objetivos, somos todos iguais. Os privilégios e os caprichos ficam de fora".

Domínguez listou e elogiou paraguaios que foram seus companheiros, mas voltou a criticar os Romero: "O que eles fizeram foi debilitar um grupo, e não gosto disso. Não posso dizer aqui que devem dar um tapa neles, na minha vida já fiz isso e depois me dei mal, deixei equipes e tive problemas que poderiam ser evitados. Entendo sempre que para resolver problemas a primeira opção é falar, a segunda também e a terceira também. Sair na mão não é bom. Tive essa reação porque falei sem pensar, porque muitas vezes reagi assim".

"Mas não peço perdão aos Romero. Quero que fique claro com o público paraguaio ou por quem tomou como algo pessoal, que não tem nada a ver. O que eu penso deles eu reafirmo. Eu respeito o San Lorenzo, e o que eles fazem não está bem. Prejudicam uma instituição quando priorizam dois jogadores em detrimento de 22, 24 ou 30", finalizou o zagueiro do Corinthians em 2005 e 2006 e que hoje é um dos principais comentaristas de futebol da Argentina.