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Tales Torraga

Beccacece deixa o Racing: vale a pena trazê-lo para o Brasil?

Sebastián Beccacece, técnico do Racing, durante a partida contra o Flamengo, pela Copa Libertadores - Juan Ignacio RONCORONI / AFP
Sebastián Beccacece, técnico do Racing, durante a partida contra o Flamengo, pela Copa Libertadores Imagem: Juan Ignacio RONCORONI / AFP

Colunista do UOL

27/12/2020 04h00

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Sebastián Beccacece está arrumando as malas para sair do Racing. O técnico de 40 anos anunciou ontem (26) que seu vínculo com o clube termina no próximo dia 10, quando a equipe se despede da Copa Diego Maradona, criada na Argentina para manter os times ativos durante a pandemia.

Mal comunicou a saída, o treinador ganhou destaque no Twitter do Brasil com torcedores de Fluminense e Vasco pedindo sua contratação. O interesse do país vem de antes. BKCC (que é como boa parte da imprensa argentina costuma escrever seu nome) já foi alvo de Palmeiras, Santos e Athletico-PR.

Agora livre, vale a pena contratá-lo? Quem estiver disposto a trazê-lo deve considerar que ele está mais para aposta do que para certeza.

Beccacece nem de longe é um técnico consolidado na Argentina, tanto que jamais foi campeão. Seu único título veio como assistente de Jorge Sampaoli na seleção do Chile na Copa América de 2015.

É reconhecido, sim, pela versatilidade tática, como mostrou variando o sistema ante o Flamengo nas oitavas desta Libertadores. Antes, despachou outro brasileiro, o São Paulo, da Sul-Americana de 2018, mas olhar só para isso é desconsiderar seu lado B (o "lado Beccacece", segundo os portenhos).

Assim como Marcelo Bielsa, seu reconhecido mentor, Beccacece preza por um jeito excêntrico que gera atritos demais. Também por isso, sua derrota para o Boca Juniors na semana passada motivou comentários maquiavélicos nas rádios de Buenos Aires como "esse menino teve o que merece" e "os vilões sempre perdem no fim".

As críticas não são novas. Em 2016, quando treinava a Universidad de Chile, foi tratado pela imprensa de Santiago como "soberbo e desrespeitoso" pelas tensões no vestiário e pelos chiliques à beira do campo, onde chutava o que via pela frente. No Independiente, onde durou só 16 partidas no ano passado, quase trocou empurrões com Pablo Pérez, o seu capitão, e mesmo nos melhores momentos do Racing precisou desmentir constantes brigas com jogadores experientes, dirigentes e até médicos.

BKCC comandou o Racing por 26 jogos e teve 11 vitórias (ganhou 51,2% dos pontos). Seu aproveitamento no Independiente foi praticamente igual: 52,08%. Na Universidad de Chile? Fracos 36,6%. Seu auge veio no Defensa y Justicia, com 63,3% e o vice no Argentino 2018-2019 - um óbvio resultado positivo, mas que não justifica nenhuma expectativa exagerada sobre seu trabalho.