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Tales Torraga

Chute de torcedor em aeroporto quase tirou Maradona da Copa de 1986

Colunista do UOL

26/11/2020 04h01

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Parece mais um episódio do folclore do futebol, mas a história a seguir foi narrada pelo próprio Maradona na autobiografia "Yo soy el Diego de la gente". Argentina e Venezuela abririam as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 1986 com os favoritos jogando fora de casa, em San Cristóbal. Era a primeira competição importante de Maradona como capitão.

Maradona - Arquivo AFA - Arquivo AFA
Maradona em 1985 contra o Peru, pelas Eliminatórias
Imagem: Arquivo AFA

Maradona ainda não era considerado o melhor do mundo: trocara o Barcelona pelo Napoli em 1984 e levaria um certo tempo para fazer o nanico clube do Sul da Bota decolar. No cenário sul-americano, entretanto, era respeitado como um craque de primeiro escalão, ao lado de Zico e do uruguaio Enzo Francescoli - o que colocava um alvo sobre suas costas nas visitas às equipes desprovidas de recursos técnicos.

"As Eliminatórias começaram na Venezuela. Fácil? Fácil o caralho, para a gente não tinha nada fácil", relembra Diego. "Podia ser que o rival fosse fraco, mas daquela vez não jogaram só os onze adversários contra a gente, jogaram mais! Armaram uma confusão bárbara no aeroporto. E a coisa toda seguiu de uma maneira que um louco veio para cima de mim e me meteu um chute no joelho que nem o Gentile faria melhor. Me matou. Me ma-tou! Entrei mancando no hotel, com o doutor Raúl Madero correndo atrás e todo mundo assustado. O hijo de puta havia arruinado o meu menisco."

A lesão originada pela patada do torcedor venezuelano acompanhou Diego durante toda a trajetória argentina nas Eliminatórias, mas aquela tinha sido apenas a primeira de muitas porradas. Sabendo-se hoje de tudo o que Maradona faria nos gramados do México, é surreal imaginar que um pontapé desferido num saguão de aeroporto quase deixou o Diez fora das Eliminatórias - e, mais que isso, quase compromete a própria classificação à Copa.

Celso de Campos Júnior, Giancarlo Lepiani e eu publicamos em 2018 o livro "Copa Loca - As inacreditáveis histórias da Argentina nos Mundiais", cujo trecho reproduzimos acima. A obra de 216 páginas segue à venda no site da editora, a Garoa Livros.