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O que esperar do retorno de Gabriel Medina ao mundial? Analistas opinam

Gabriel Medina comemora o tri do mundial de surfe - Foto: WSL
Gabriel Medina comemora o tri do mundial de surfe Imagem: Foto: WSL

Colunista do UOL

27/05/2022 04h00

Quase 9 meses depois de levantar o troféu de melhor do mundo, Gabriel Medina está de volta às competições.

A última vez que vestiu a lycra em uma bateria foi em setembro, quando venceu Filipe Toledo nas ondas de Trestles e se transformou no primeiro goofy (surfista que põe o pé direito na frente) 3X campeão da principal divisão do surfe.

A ausência do maior nome do esporte na primeira metade do calendário de 2022 da WSL, chacoalhou o tour.

E depois de 5 etapas, muita gente disputa as primeiras posições no ranking.

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Gabriel Medina, tricampeão mundial da WSL
Imagem: GettyImages

Medina volta para os eventos finais, podendo "bagunçar" ainda mais a corrida pelas vagas no WSL Finals, que só terá os 5 melhores da classificação em busca do título mundial.

Mas e aí?

Como será que o cara da camisa 10 vai chegar para o campeonato em G-Land, na Indonésia.

A resposta começa a ser dada na noite de hoje, com a largada marcada para as perfeitas esquerdas da ilha de Java, na Indonésia.

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Gabriel Medina voa durante as finais da WSL no ano passado
Imagem: WSL

Pra mim, o período de afastamento só pode ter feito bem.

Acredito que Medina vai estar solto, sem pressão, curtindo.

Mas sem deixar de lado aquele hábito de competir voraz, de quem não gosta e não está acostumado a perder.

Com certeza, a presença dele vai ser um tempero além do extra para uma temporada que está equilibrada e muito bem disputada.

Mas fui atrás de opiniões. O que pensam outros especialistas?

medina - Reprodução/Twitter @gabriel1medina - Reprodução/Twitter @gabriel1medina
Gabriel Medina está de volta ao circuito mundial da WSL
Imagem: Reprodução/Twitter @gabriel1medina

Bruno Bocayuva - comentarista / SporTV: "A decisão do Gabriel de voltar pro circuito, se deve muito ao fato da 6ª etapa ser disputada em G-Land. É uma onda que povoa o imaginário de todos os participantes do tour, e que se encaixa com o surfe dele de uma maneira muito especial. Uma comparação com uma onda do tour mais contemporânea - que também não faz mais parte do circuito - é Cloudbreak, em Fiji. A amplitude, a oportunidade de ter vários tubos numa mesma onda, e também algumas sessões para manobras. O Gabriel, em 6 edições de Cloudbreak, tem 3 finais e duas vitórias, uma referência bem forte. Com certeza, todos os adversários estão com 'uma pulguinha atrás da orelha' , na expectativa de como ele vai se comportar. E eu acho que ele vai se comportar como sempre, quanto mais pesado o adversário melhor, quanto mais pressão, melhor. Independentemente de não estar com o ritmo de competição, é um dos favoritos. O Gabriel vai ter adversários muito poderosos, e vai ser muito legal observar o que vai acontecer por lá. O show tá garantido".

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Gabriel Medina entocado em G-Land durante viagem em 2016
Imagem: Bobby's Camp

Adriano Vasconcelos - jornalista / Alma Surf: "Aparentemente, o Gabriel reorganizou seu momento de vida e está pronto para brilhar novamente. Muito tem se falado que ele pode ter perdido o ritmo de competição, o que eu não acredito. Medina é um fenômeno do esporte, um competidor nato e deve estar sedento para ganhar mais títulos. Contudo, quem mais ganha com essa volta é o próprio circuito mundial, que está meio apagado com a ausência do tricampeão. Medina é o surfista mais popular do mundo, uma celebridade que atrai os holofotes para onde quer esteja, dentro ou fora d'água".

Edinho Leite - canal / Série ao Fundo: "Essa etapa é a oportunidade perfeita para o Gabriel deixar claro as intenções dele nesta segunda metade da WSL, já depois do corte. Ninguém tem dúvida que a performance dele nesta onda vai ser incrível, mesmo tendo ficado tanto tempo sem usar uma lycra. Pode acontecer dele vencer, deixando vários dos tops do ranking do momento pelo caminho. Ou seja, vai embolar ainda mais um ano que já parece bem embolado. Gosto bastante da ideia dele voltar".

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Gabriel Medina voa em exibição na piscina do interior de SP
Imagem: Sebastian Rojas

Zé Paulo - presidente / Federação Paulista: "Gabriel sem dúvida entra como favorito mesmo afastado por um período das competições. Único goofy tricampeão mundial, já provou que surfa muito em reefs e esquerdas rápidas e tubulares. Acredito que vai voltar a apimentar as disputas e abrilhantar o circuito com sua competitividade e talento natos".

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Gabriel Medina aproveitou tempo livre para se cuidar
Imagem: GettyImages

Fernando Iesca - jornalista / Waves: "O retorno do Gabriel em G-Land vai contribuir com o espetáculo. Ele está no nível máximo de performance que um atleta pode estar. Além da performance, faz a diferença pra garantir o show, aquele cara que sempre tem uma carta a mais na manga pra surpreender, principalmente nos momentos mais difíceis e de maior pressão. É impressionante o quanto isso contribui pra deixar o circuito mundial muito mais legal de assistir, e até pra testar os limites de caras como Filipe Toledo, John John Florence e de outros que estão em ótimo nível e na ponta do ranking. A volta do Gabriel vai tornar a jornada deles mais complicada e mais emocionante. Tem 5 etapas ainda pela frente, não me surpreende em nada se ele ganhar algumas delas, se garantir no WSL Finals e até ser tetra. Com o Gabriel não dá pra duvidar de nada. A gente sabe que ele teve uma série de problemas pessoais e familiares, então é importante que ele consiga colocar a cabeça no lugar, pra voltar saudável. A saúde mental é fundamental pra ele seguir em alta performance por muitos anos".

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Recuperado de lesão, Yago Dora será um dos brasileiros em G-Land
Imagem: WSL

Outra grande notícia para G-Land é a volta de Yago Dora.

Lesionado desde o começo do ano, Yago também perdeu as 5 primeiras provas de 2022, e já tinha recebido a confirmação que vai ser um dos convidados para o tour de 2023.

Na Indonésia, herdou a vaga do havaiano Seth Moniz e será o oitavo brazuca na chave masculina.

Com a entrada de Yago Dora, as baterias do round de abertura mudaram. Samuel Pupo, por exemplo, iria enfrentar o irmão Miguel, mas agora terá Gabriel Medina entre os adversários na estreia.

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Vista aérea de G-Land, Indonésia
Imagem: divulgação

Confira os confrontos:

heat 1: Ethan Ewing (AUS) x Jordy Smith (AFS) x Jadson André

heat 2: Jack Robinson (AUS) x Kelly Slater (EUA) x Jackson Baker (AUS)

heat 3: John John Florence (HAV) x Kolohe Andino (EUA) x Yago Dora

heat 4: Filipe Toledo x Nat Young (EUA) x Rio Waida (IND)

heat 5: Italo Ferreira x Caio Ibelli x Jake Marshall (EUA)

heat 6: Kanoa Igarashi (JPN) x Griffin Colapinto (EUA) x Matthew McGillivray (AFS)

heat 7: Barron Mamiya (HAV) x Miguel Pupo x Connor O'Leary (AUS)

heat 8: Gabriel Medina x Callum Robson (AUS) x Samuel Pupo

No feminino, Tatiana Weston-Webb, única brasileira na chave, vai estrear contra a australiana Tyler Wright e a americana Lakey Peterson.

A janela do evento vai até o dia 6/6.

por @thiago_blum / @surf360_