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Opiniões, frases e como vi a Laver Cup de perto em 23 parágrafos

Já de volta em São Paulo, é hora de organizar as ideias e transmitir um pouco do que foi minha primeira vez in loco em uma Laver Cup, uma competição que sempre gostei por seu caráter inovador, com câmeras e microfones por toda a parte, produzindo diversos tipos de conteúdo viral para redes sociais. Foi ótimo finalmente acompanhar de perto e entender como funcionam certos aspectos do evento. Vamos lá!

1. Comecemos pela suposta polêmica: João Fonseca não foi escalado para o domingo. Agassi colocou em quadra Fritz, De Minaur e Cerúndolo, o mesmo trio que brilhou no sábado, colocando a equipe à frente no confronto. São três atletas mais experientes e de melhor ranking que Fonseca. Todos venceram no dia anterior. Adoraria ter visto o brasileiro em quadra no último dia da LC, mas a opção de Agassi é perfeitamente compreensível. Não vejo motivo para polêmica.

2. Após o fim do evento, Fonseca disse à ESPN que considerou normal ter ficado fora de quadra no domingo. O carioca revelou ainda que seu nome foi cogitado para a partida de duplas, mas que houve uma conversa em equipe que definiu a parceria. Ele mesmo admitiu que não seria a melhor opção para a modalidade. Ou seja, não há motivo MESMO para drama aqui.

3. Outro tabu sobre a Laver Cup: ainda há quem considere tratar-se de um torneio-exibição. Bobagem. Não conta pontos para o ranking, mas só acha que os jogadores vão até lá a passeio quem não está prestando atenção. O tênis é de alto nível, os times estão investidos na competição e ninguém quer perder. Zverev, por exemplo, saiu de quadra um tanto mal humorado após perder sua estreia este ano.

4. Ainda sobre isso: na entrevista que fiz com Tony Godsick, no domingo, o executivo me contou que quando ele e Federer pensavam no formato, foi o suíço quem garantiu que não haveria corpo mole. Nessa conversa, Roger afirmou que: 1) todos jogadores chamados para o evento são extremamente competitivos; 2) ninguém gosta de decepcionar uma equipe; 3) as presenças de Borg e McEnroe (capitães dos times nas primeiras edições da LC) nos bancos garantiriam comprometimento dos atletas; e 4) Rod Laver, que dá o nome à competição, estaria sentado na primeira fila (e ninguém ousaria desonrar o nome do homem). Federer, como quase sempre, estava certo.

5. Cada sessão da Laver Cup em San Francisco foi um espetáculo. Shows de luzes, som de altíssima qualidade, edição e seleção impecável das imagens que vão ao telão. Assentos confortáveis, muitas opções de alimentação, três lojas de produtos próprios espalhados pelo complexo e uma fan zone deliciosa. Até quem não comprou ingresso conseguia curtir o evento (tem telão e arquibancada do lado de fora do Chase Center). Ah, sim: o tênis foi excelente também.

6. Não escrevo isto por ter feito a cobertura em parceria com a Faberg, agência oficial da Laver Cup, mas para quem gosta de turismo tenístico, a LC tem algumas vantagens em relação a slams e Masters/WTA 1000: 1) são só três dias de jogos, o que deixa a viagem mais curta e, consequentemente, barata; 2) comprando cinco sessões de ingressos, você tem a garantia de que vai ver seu tenista preferido pelo menos uma vez no evento (num slam, há sempre o risco de o atleta jogar numa quadra ou sessão diferente da que você comprou - e se você chegar no fim da primeira semana, precisa torcer para não haver uma zebra); 3) todos jogadores estão entre os melhores do mundo, ou seja, não há risco de ver um jogo entediante, decido em três sets simples, entre um favoritaço e o 90º do ranking; 4) como todas as edições da LC são indoor, não há risco de perder uma partida por causa de chuva; e 5) para quem se programa para viajar pr uma semana, sempre vai sobrar tempo para conhecer a cidade.

7. Aproveitando a deixa, a operação da Faberg em San Francisco foi impecável. Hotel excelente, ingressos perto da quadra, transporte pontual, city tour e alguns almoços (que não pude participar por causa do trabalho) em grupo em belos restaurantes. Não sou isento aqui, mas recomendo fortemente.

8. A Laver Cup teve um treino aberto na quinta-feira, e o Chase Center ficou bastante cheio para ver os bate-bolas e sets disputados entre os jogadores. Sucesso total.

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9. Na noite da mesma quinta-feira, um jantar de gala, com direito a tapete preto (em vez de vermelho), deu a partida oficial ao evento. Todos envolvidos estavam lá. Tenistas, organizadores, patrocinadores, convidados e gente que comprou ingressos valiosos. Festa, networking, comida e bebida de qualidade e, para terminar, pocket show de Rob Thomas. Admito que festejei mais a apresentação do vocalista do Matchbox Twenty do que as presenças de Federer e cia.

10. Já escrevi bastante sobre João Fonseca (e vou escrever mais nos próximos dias), mas vale lembrar: o carioca jogou bem, encantou a torcida e venceu seu jogo contra Flavio Cobolli. Não voltou a jogar, o que deixou todos com gostinho de "quero mais". Que venha a LC de 2026.

11. Foram muitas as frases coletadas durante a semana de elogio a João. E elogios de todo tipo, vindo de ente ilustre e importante como Andre Agassi, Patrick Rafter, Tony Godsick, Riley Opelka, Francisco Cerúndolo e outros. É justo afirmar, como já publiquei, que Fonseca sai da Laver Cup ainda maior do que entrou.

12. Conversei com Alexandre Martinez, head de marketing da On. Ele destacou como João ajuda a marca a conectar com um público mais jovem e, diferentemente de outras fabricantes de material esportivo, vê o brasileiro como fator para impulsionar as vendas das peças vestidas pelo atleta. Publicarei em breve.

13. Também bati um ótimo papo com Márcio Torres, manager dos Bryans, de Thiago Monteiro e pessoa super bem conectada no meio do tênis. O mineiro falou sobre como João ajuda todo o cenário do tênis e destacou que o carioca vale muito mais (comercialmente falando) do que seu atual ranking (#42). Também publicarei em breve.

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14. Andre Agassi vale uma menção à parte. Mostrou energia impressionante durante o fim de semana inteiro, vibrando intensamente com seus tenistas em todas as 11 partidas disputadas. Não é fácil. Evidentemente, essa vibração foi absorvida pela equipe, que acabou saindo com o título após anotar seguidas vitórias inesperadas (Cerúndolo sobre Rune, De Minaur sobre Zverev, e Fritz sobre Alcaraz, por exemplo).

15. No outro banco, Yannick Noah, dono de uma personalidade bem diferente, merece destaque pela vibe tranquila. Deu autógrafos, foi simpático com todos e trouxe um ponto de vista diferente ao evento. Foi uma bela adição. Seu filho, Joakim Noah (ex-NBA), apareceu com toda a família para ver a Laver Cup.

16. O formato da competição favorece um confronto equilibrado, com os jogos mais valiosos (três pontos) no domingo, e as primeiras partidas, na sexta-feira, valendo apenas um ponto cada. Se por um lado dá um ar de show de auditório (tudo que acontece nos primeiros blocos vale pouquíssimo), pelo outro garante que quem comprou ingressos para o domingo não veja partidas amistosas.

17. É bem verdade que o nível do tênis apresentado raramente se equipara ao altíssimo nível exibido pelos líderes do rankings nos slams. Alcaraz mesmo admitiu que ficou quatro dias sem pegar na raquete depois do US Open. Zverev também tirou folga dos treinos por causa de uma lesão nas costas. Logo, não tinha como chegar à Laver Cup jogando tão bem quanto em Nova York. Tampouco há tempo ideal para adaptação ao piso do evento. Faz parte dos desafios de se fazer um evento num fim de semana, numa quadra montada apenas para aqueles dias. Maaaaaas não quer dizer que o tênis seja ruim. Longe disso.

18. Os preços no Chase Center eram altos até para o padrão de esportes americanos. Uma cerveja premium custava US$ 22,50. Lobster roll: US$ 30,99. Sanduíche de pastrami: US$ 22,50. Burrito: US$ 20,50. Sanduíche de frango frito: US$ 23,99. Para efeito de comparação, a cerveja mais cara na Ryder Cup, do golfe, custa U$ 19,50.

19. Para não dizer que era tudo caro demais: o modelo de calçado da On criado para a Laver Cup custava US$ 150. Mesmo convertendo, custa menos do que modelos semelhantes estão custando nas lojas parceiras da marca aqui no Brasil.

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20. Federer falou a Andy Roddick que vê com bons olhos a chance de realizar uma Laver Cup na América do Sul. Tony Godsick me disse que eles vêm olhando para o mercado brasileiro e há uma chance, sim, de que a LC seja no país algum dia. O executivo não criou falsa expectativa nem especulou uma data, mas lembrou do sucesso da Gillette Federer Tour em 2012 e destacou que o Brasil merece um evento grande de tênis. Leia mais aqui! E a exclusiva com Godsick estará no Saque e Voleio em breve.

21. Sobre San Francisco: a cidade é bela e agradável (e tem o melhor time de futebol americano da história das galáxias!). Pena que os valores de aluguéis explodiram, e o centro financeiro da cidade está cheio de imóveis vazios. E vem sendo assim desde a pandemia, pelo que locais me disseram.

22. Infelizmente, não foi possível publicar mais fotos e, especialmente, vídeos porque apenas os canais com direitos de transmissão podem filmar dentro da arena. Ainda assim, os apoiadores do blog receberam várias imagens interessantes, direto do meu acervo pessoal.

23. Fonseca venceu. Os 49ers venceram. Foi um belo fim de semana

24. Termino com uma nota pessoal. Pela primeira vez nos EUA, passo uma semana sem comprar Oreos. Uma pequena vitória pra mim também.

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Opinião

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