Andre Agassi e a energia acumulada que faz diferença na Laver Cup

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Sou o primeiro a reclamar quando um comentarista passa a maior parte de um jogo de tênis falando sobre a intensidade de um jogador, a falta de intensidade de outro e como subidas e descidas de intensidade definem partidas. Sim, há seu peso, mas na maioria das partidas de altíssimo nível, não é o que define resultados.
O cenário é um pouco diferente quando falamos de competições por equipe, e a Laver Cup é um tanto peculiar nesse quesito. Além de ter o capitão no banco (assim como a Copa Davis), a Laver permite que o resto da equipe vá até o jogador e converse com ele nas viradas de lado. Os outros integrantes do time também ficam no banco a maior parte do tempo, vibrando e empurrando os companheiros. Não decide jogos, mas faz diferença.
Essa energia mostrada por Andre Agassi, Pat Rafter e o resto do time Mundo vem sendo tema recorrente nas conversas pela sala de imprensa e nas coletivas aqui em San Francisco. Basta olhar para os dois bancos por cinco minutos para notar que o time da casa está em uma rotação mais alta. Combinando isso a atuações bem abaixo do esperado, sobretudo por parte de Carlos Alcaraz e Alexander Zverev, tivemos um sábado dominado pelo Mundo. Quatro vitórias em quatro jogos. E é possível dizer que os três simplistas do time Europa eram os favoritos do dia: Zverev, que foi abatido por De Minaur; Rune, derrotado por Cerúndolo; e Alcaraz, que tombou diante de Fritz.
"O que estou começando a perceber é que tinha muita merda acumulada dentro de mim quando eu jogava, eu não soltava isso e direcionava a uma pessoa. Então eu sempre tive o que parece ser para mim uma maldita intensidade profunda, foco e competitividade. Agora que eu tenho essas incríveis máquinas capazes executando, não há outro lugar para direcionar minha energia que não seja fazendo o meu melhor para ajudá-los. Então é uma surpresa para mim também, na verdade", explicou Agassi após a vitória de Cerúndolo.
Vale lembrar que Agassi é um senhor de 55 anos (se você, leitor, viu Agassi competindo e sente-se velho ao lembrar dessa informação, seja bem-vindo ao clube!) e não parece ser nada fácil vibrar tanto assim durante quatro jogos por dia, sem deixar o time na mão e, enquanto isso, pulando para dar high fives com Riley Opelka e dando chest bumps em Fonseca e Cerúndolo. Então o cidadão tem muito mérito.
Do outro lado, o time Europa, que teve um Zverev pistola e um Alcaraz decepcionado com sua atuação (disse que com a quadra muito lenta, precisaria ter jogado com mais paciência), é comandado por um Yannick Noah e um Tim Henman que são o oposto de Agassi e Rafter. Noah é tranquilão, Henman é comedido. Não se trata de jogar a culpa pelo sábado sobre ambos, mas os europeus precisam de uma injeção de ânimo que ainda não chegou.
E não vai ter Fonseca no último dia da Laver Cup... https://t.co/yxiqAFL0ku
-- Alexandre Cossenza (@saqueevoleio) September 21, 2025
Coisas que eu acho que acho:
- Fonseca não foi escalado para o domingo decisivo da Laver Cup, que começa com o Time Mundo liderando por 9 a 3 (cada jogo neste último dia vale três pontos, e os donos da casa precisam de duas vitórias para triunfarem). Como a lista dos escolhidos só saiu no fim do dia, Agassi ainda não foi ouvido sobre a questão. Minha hipótese principal para a escolha de Cerúndolo no lugar de Fonseca? Senioridade. O argentino tem mais anos (três) de Laver Cup, tem ranking melhor e nunca perdeu um jogo na competição (três vitórias).
- Cito Cerúndolo por que parece-me que Taylor Fritz e Alex de Minaur, os mais bem ranqueados do time, eram escolhas óbvias. E vale destacar também que Fran fez uma partidaça contra Rune neste sábado. Tivesse perdido, tenho minhas dúvidas se Agassi teria optado pelo argentino para o domingo.
- No ônibus, voltando para o hotel, Fábio Silberberg vinha comentando comigo sobre como muitos no Brasil ainda veem a Laver Cup como uma exibição bobinha. Não, não conta pontos para o ranking, mas é um evento bem diferente de uma exibição. Todos os jogadores - sem exceção - levam a sério as partidas. Não por acaso, Zverev saiu de cara feia após sua derrota. Ninguém quer decepcionar seu time (aliás, estou hospedado com a Faberg, a agência oficial da Laver Cup, para fazer esta cobertura).
- Dito isto, é evidente também que alguns dos nomes principais não jogam seu melhor tênis na Laver Cup. Tem a ver com calendário, já que o evento é próximo do US Open. Alcaraz mesmo disse que passou quatro dias sem tocar na raquete após o título em Nova York. Zverev também passou um tempo sem treinar por causa de um problema nas costas. Faz parte. Não quer dizer, contudo, que entram em quadra despreocupados com os resultados.
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