Carlos Alcaraz e o nível 11 que só ele tem

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O talento de Carlos Alcaraz é inegável. Seu arsenal enche os olhos. Em um determinado ponto, o espanhol é capaz de usar um par de bolas com spin alto, uma direita angulada, um slice na paralela e um combo mortal de curtinha + lob para deixar o adversário sem ação. Potência não lhe falta. Pernas tampouco.
Também é bem conhecido, por outro lado, que Alcaraz não é exatamente o tenista mais disciplinado taticamente. São muitas as ocasiões em que o garotão de 22 anos deixa de fazer o que precisa para fazer o que quer dentro de quadra. Isso frequentemente significa correr mais riscos, tentar golpes mais difíceis e, invariavelmente, cometer mais erros não forçados. Assim vieram algumas de suas derrotas mais surpreendentes nos últimos anos.
Há, porém, aqueles dias em que Carlitos leva para a quadra o melhor de seus dois mundos. A técnica e a tática. Não é tão frequente assim, mas quando esses planetas se alinham, não há homem no mundo capaz de batê-lo. Nem o extraordinário Jannik Sinner, atual número 1 do mundo, campeão dos dois últimos slams e sabidamente o tenista mais consistente da Terra hoje em dia.
Esse nível estratosférico, um nível 11 numa escala de 1 a 10, ficou evidente mais uma vez neste domingo, na final do Masters 1000 de Roma. Uma decisão em que Alcaraz foi o melhor em quadra do começo ao fim, ainda que um tanto exigido por Sinner, que chegou a conquistar dois set points na primeira parcial. O italiano desperdiçou ambos. Primeiro, errando uma devolução de direita. Depois, com uma afobada paralela de esquerda. Alcaraz não perdoou.
Carlitos não só começou o tie-break abrindo 3/0, com direito a dois aces, como fechou o game com um pontaço e alcançou um nível mais alto ainda na segunda parcial. No "11", Alcaraz foi soberano. Incluiu mais curtas, disparou direitas indefensáveis, mexeu o menos móvel Sinner para os dois lados e abriu 5/0. Acabou vencendo por 6/1 e mandando um claro recado ao circuito. No seu melhor, Alcaraz é "o" melhor do mundo.
Coisas que eu acho que acho:
- O nível 11 de Alcaraz foi aquele do memorável duelo de cinco sets com Sinner no US Open. Ele também apareceu no quinto set de Roland Garros, no ano passado. Sim, contra o mesmo Sinner.
- Sim, Sinner tira de Alcaraz sua melhor versão. O espanhol sabe a ameaça que o italiano significa e joga quase sempre de maneira muito mais disciplinada. Contra Jannik, Carlitos sabe que não há margem para desvios ou viajadas.
- Foi a quarta vitória seguida de Alcaraz sobre Sinner, e agora o espanhol lidera o H2H por 7 a 4. Os quatro triunfos recentes foram na semi de Indian Wells/2024 (1/6, 6/3 e 6/2), na semi de Roland Garros/2024 (2/6, 6/3, 3/6, 6/4 e 6/3), na final de Pequim/2024 (6/7(6), 6/4 e 7/6(3) e, agora, em Roma (7/6(5) e 6/1).
- Vale lembrar: com a ótima campanha em Roma, Alcaraz volta a ficar à frente de Zverev no ranking. Assim, como número 2 so mundo, só enfrentará Sinner em Paris se os dois alcançarem a decisão.
- Sinner teve três meses para treinar em paz, sem o desgaste da temporada europeia de saibro, e ainda teve o direito de retornar ao circuito em casa. Dito isto, voltar a competir no nível que ele fez em Roma é para poucos. O italiano eliminou três saibristas de respeito (Navone, Francisco Cerúndolo e Ruud) e fez uma final de Masters 1000. Um resultado bem menos simples do que ele fez parecer.
- Hoje, antes do sorteio da chave de Roland Garros, Alcaraz é o favorito nas casas de apostas, mas sua vantagem sobre Sinner não é tão grande assim. Um título do espanhol paga, em média, 2,3, enquanto uma conquista do italiano está cotada por volta de 2,7. Zverev (cotações entre 8,5 e 13) e Djokovic (11 a 15) vêm atrás.
- O favoritismo de Alcaraz é mais do que justificado. O espanhol termina o pré-Roland Garros com os títulos de Monte Carlo e Roma, além do vice em Barcelona (e não competiu em Madri). São 15 vitórias e só uma derrota.
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