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A melhor história de Indian Wells é Fernando Romboli na semi de duplas

Aos 36 anos, o brasileiro Fernando Romboli alcança o melhor resultado de sua carreira ao avançar às semifinais de duplas do Masters 1000 de Indian Wells. Trata-se, com folgas, da melhor história do torneio, e não só porque é o velho e delicioso roteiro que tem como protagonista um veterano que teve de batalhar por tantos anos, sempre acreditando, para conseguir uma campanha assim. O feito é ainda mais memorável porque até segunda-feira, já na metade do andamento do evento, nosso ator principal nem sabia se teria um lugar nesse conto.

Romboli e seu parceiro desta semana, o australiano John Patrick Smith, até teriam entrado como alternates (time que conquista um lugar após desistência de outra parceria na primeira rodada) no domingo, mas o brasileiro disputou a final do Challenger de Córdoba, na Argentina, no fim de semana e não chegou a tempo na Califórnia. Mesmo assim, decidiu viajar para os Estados Unidos porque poderia disputar o Challenger 175 de Phoenix. Na segunda-feira, porém, na última hora, outra dupla desistiu. Romboli, então, partiu para Indian Wells. Chegou ao complexo por volta de meio-dia. Às 14h30min, estava em quadra competindo.

A história, contudo, estava apenas começando. A estreia de Romboli e Smith seria contra Austin Krajicek e Rajeev Ram, medalhistas de prata em Paris 2024 e favoritíssimos à vitória. Pois brasileiro e australiano triunfaram por 6/4, 3/6 e 10/8. Na rodada seguinte, bateram os cabeças 6, Julian Cash e Lloyd Glasspool, por 6/4, 4/6 e 10/5. Até ali, Romboli já havia garantido 180 pontos e US$ 32.500 em premiação. Também assegurou que terá o melhor ranking de sua carreira na semana que vem (seu melhor posto é a atual 82ª posição).

Hoje, caminhando por um shopping da Zona Sul de São Paulo, vi uma foto de Romboli num desses monitores que mostram as notícias mais quentes do dia. Foi a primeira vez que vi o carioca (que foi criado no litoral paulista) em destaque assim. Enviei uma mensagem com uma foto do monitor no corredor do shopping. Romboli respondeu espantado - extremamente feliz, porém ainda processando - com a repercussão por uma campanha tão boa em um torneio tão grande, algo inédito em sua carreira.

Mas ainda havia mais por vir. Na tarde desta quarta, ele e Smith derrotaram Yuki Bhambri e Andre Goransson por 7/6(5), 3/6 e 10/8. Romboli está nas semifinais de um Masters 1000. Vai somar 360 pontos e já garantiu sua entrada no top 70. Vai embolsar pelo menos US$ 65 mil, o maior prêmio em dinheiro de sua carreira.

E ainda pode vir mais por aí...

Coisas que eu acho que acho:

- A semifinal será contra Sebastian Korda e Jordan Thompson. Uma parceria mais forte, é verdade. Contudo, a essa altura, nada parece impossível.

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- Romboli passou a maior parte de sua carreira de duplas tendo destaque no circuito Challenger e navegando entre 100-150 no ranking. Não conseguia "furar a bolha" e entrar nos ATPs com a frequência necessária para brigar por coisas maiores. Só ganhou seu primeiro ATP 250 aos 32 anos e, ainda assim, com outra história insana por trás (leia aqui).

- Em 2018, durante o Challenger de Campinas, Romboli e eu batemos um papo sobre as dificuldades de se manter em atividade só disputando duplas em Challengers, onde a premiação é muito menor. Muito do que foi dito ali ainda é a realidade do circuito. Vale a pena ler.

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Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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