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Fonseca x Draper: derrota dura que mostra a distância para a elite

Uma derrota impactante, com direito a pneu, diante de um top 15 que estava em um ótimo dia. Foi assim o 6/4 e 6/0 sofrido neste sábado por João Fonseca (#80 do mundo) diante do britânico Jack Draper (#14), na segunda rodada do Masters 1000 de Indian Wells. É o tipo de resultado que mostra, na prática, a diferença entre um atleta em ascensão, mas já estabelecido na elite, e um adolescente precoce e extraordinariamente promissor, mas que ainda precisa de tempo de quadra contra esse tipo de rival nesse tipo de torneio.

Não que a distância seja tanta assim. João fez um belo primeiro set, conseguindo: 1) ser o mais agressivo em quadra diante de um Draper que normalmente não fica tão à vontade na defesa; e 2) devolver com eficiência e agressividade para pressionar o belo saque do britânico. Logo, nota-se que o brasileiro consegue dar trabalho e manter-se em um alto nível por um bom tempo (a vitória sobre o top 10 Rublev em Melbourne não veio por acaso).

Foi assim que o carioca de 18 anos conseguiu devolver imediatamente a quebra sofrida no terceiro game e, mais tarde, conquistar break points quando Draper sacava em 5/4 para fechar a parcial. O britânico, contudo, se salvou, fez 6/4 e deu um passo enorme para vencer a partida.

O que Fonseca não fez tão bem foi encontrar um ponto de equilíbrio entre agredir mais que o rival e encontrar uma margem de segurança nos golpes do fundo de quadra. Em todo o jogo, foram 20 erros não forçados a mais do que winners (31 a 11). Entre todas essas falhas, três machucaram mais. O trio de cruzadas (duas de direita) anguladas para fora no 4/4, quando Fonseca teve 30/0. Os erros significaram a quebra que fez a diferença para Draper. Três pontos de graça quando Fonseca tinha a vantagem nos ralis. Tipo de sequência que custa caro contra tenistas da elite.

Draper, por outro lado, até aceitou passar mais tempo na defesa, mas não deu quase nada de graça. Na metade do segundo set, a transmissão mostrava que o britânico tinha 49% de steal, ou seja, venceu quase a metade dos pontos em que Fonseca esteve no ataque durante os ralis. Não é pouco.

A segunda parcial, aliás, teve a mesma dinâmica. Draper no papel do top 15 veterano (embora tenha só 23 e esteja em ascensão) inteligente e eficiente; João como o jovem impetuoso e errático de tantos inícios de filmes de esporte. Aquele que, lá pelo meio da história, encontra o equilíbrio e conquista algo grande no fim. Que seja assim com o carioca.

Mais coisas que eu acho que acho:

- Fonseca encaixou apenas 52% de primeiros serviços. Muito pouco para derrotar alguém deste nível. Quando o saque não entra, aumenta a pressão para vencer ralis do fundo de quadra. Consequentemente, diminui a margem para dar pontos de graça ao exagerar na dose.

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- Mais preocupante ainda: João venceu apenas 58% dos pontos em que encaixou o primeiro serviço. O ideal aqui é estar acima dos 70% (Draper teve 76%). E o britânico nem foi tão agressivo assim nas devoluções.

- Sobre o último parágrafo do texto, pensemos em Dias de Trovão, Um Domingo Qualquer, Rocky e até o recente finale de Cobra Kai. Cada um de seu jeito, claro.

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Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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