Nem Nadal, nem Alcaraz: Fonseca traz fanatismo que Rio Open nunca viu
Ler resumo da notícia
De um lado, pessoas amontoadas na grade lateral da quadra 8. No fundo da quadra 7, adultos e crianças equilibram-se nas pontas dos pés, empunhando smartphones com braços em riste, filmando por cima da tela verde colada na grade. Do outro lado, junto à quadra 6, mais amontoados de gente, com pessoas de pé em cima de bancos e crianças penduradas em galhos de árvore. Valia de tudo em busca de um filme, uma foto, um frame de João Fonseca. Um conjunto de cenas que, em 11 edições do Rio Open, não vi nem com Rafael Nadal nem com Carlos Alcaraz.
O jovem de 18 anos fez sua primeira aparição no Rio Open 2025 nesta segunda-feira, quando bateu bola às 18h, recém-chegado de Buenos Aires. Na capital argentina, conquistou seu primeiro título de nível ATP e tornou-se o brasileiro mais jovem a levantar um troféu assim. Em janeiro, no Australian Open, derrubou o top 10 Andrey Rublev. Antes, em dezembro, venceu o Next Gen Finals, torneio que reuniu os oito melhores tenistas de até 20 anos na temporada 2024. O hype é mais do que justificado. A elite do tênis mundial já trata João Fonseca como um dos futuros postulantes a títulos de slam e postos no top 10.
Fonseca saiu da coletiva direto para o vestiário e, de lá, rumou para a entrevista coletiva, em uma sala lotada de jornalistas igualmente famintos por frases, imagens, caras e bocas. Era tanta gente que a organização do torneio precisou estabelecer um limite: apenas um jornalista de cada veículo podia estar na coletiva. Medida que não foi necessária nem com Nadal nem com Alcaraz. Nem nos anos em que a imprensa espanhola veio em bom número ao torneio.
A ATP também foi mais rigorosa do que vinha sendo nas últimas edições do Rio Open - inclusive até ontem. Hoje, segunda-feira, foi determinado que está proibido filmar entrevistas com smartphones. Apenas câmeras profissionais estão liberadas. Na soma de tudo, um impacto que o próprio Fonseca teve dificuldade para medir e só conseguiu compreender quando pisou no Jockey nesta segunda.
"O João de um ano atrás não acreditaria que poderia chegar tão longe tão cedo. Eu não sabia o quão tinha viralizado depois da Austrália. Eu tinha ficado poucas semanas no Rio. Não sabia o que tinha de visibilidade. Eles falavam 'muita coisa mudou', e eu não estava entendendo muito o que tinha acontecido até praticamente chegar aqui. Eu também estou um pouco fora das redes sociais, então acho que esta semana eu consegui realmente ver o quanto tudo mudou. Eu me sinto muito feliz, orgulhoso de mim mesmo, mas ao mesmo tempo sempre querendo mais, vendo crianças ali, torcendo por mim, me vendo como exemplo e inspiração, então isso te dá força para seguir trabalhando para cada vez mais querer chegar no seu sonho, que é ser número 1 do mundo", disse na coletiva, em uma sala lotada.
E se João já viu nesta segunda-feira um pouco das consequências de sua ascensão no ranking, o atual número 68 do mundo provavelmente testemunhará algo ainda maior amanhã, quando entrar na Quadra Guga Kuerten para fazer sua estreia no Rio Open. Fonseca vai encarar o francês Alexandre Muller, número 60 do mundo, mas estará em casa, com status de favorito e com uma torcida fanática e completamente fonsequizada para empurrá-lo.
.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.