Chegou a vez de Djokovic: o fim está próximo

O Big Four se desfez aos poucos. Primeiro, foi o quadril de Andy Murray. Depois, o joelho de Roger Federer. Em seguida, o quadril de Rafael Nadal. O tempo, inimigo insuperável, lentamente vem tirando de ação a melhor geração de tenistas da história. Resta Novak Djokovic, o maior campeão de slams em simples na história. Mas não por muito tempo.
Os indícios estão aí para todos verem. Ano passado, o sérvio teve problemas físicos em Indian Wells, Monte Carlo, Roma e Roland Garros. Jogou Wimbledon ainda se recuperando de uma cirurgia no joelho e, mais tarde, depois de conquistar o ouro olímpico, chegou ao US Open sem a preparação ideal e acabou eliminado por Alexei Popyrin na terceira rodada.
Este ano, mais problemas físicos. Um aparente mal-estar na terceira rodada, contra Tomas Machac, e, finalmente, a ruptura muscular nas quartas de final, diante Carlos Alcaraz. Assim, o veterano de 37 anos, que conquistou o Australian Open e o US Open em 2023, completa cinco slams sem um título - algo inimaginável para os padrões do sérvio, sobretudo num cenário já em Rafa e Roger.
O fim está próximo. O próprio Djokovic admitiu na coletiva de hoje que pode ter sido seu último Australian Open. É óbvio que não seu desejo e nem parece algo provável no momento, mas Nole tem a noção e a experiência de sua última temporada que lhe dizem que já não é possível controlar quando seu corpo dará as respostas que ele precisa para conquistar o 25º slam, o título que deixará Margaret Court (que também conquistou 24 slams em simples) definitivamente para trás.
A janela para essa conquista deixa uma fresta cada vez menor. Jannik Sinner vem jogando um tênis de altíssimo nível e consistente. Carlos Alcaraz, que ainda tem suas oscilações - mais mentais do que técnicas - só tem a evoluir. A geração de João Fonseca está chegando, e o brasileiro, caçula da turma, pode vir a ser o maior expoente e brigar lá no topo.
Não se trata de uma visão puramente apocalíptica. O recorde é possível, e Djokovic só precisa de sete jogos em grande nível para alcançá-lo. Além disso, o copo metade cheio nos lembra que Nole, longe de estar em condições ideais, fez uma final de Wimbledon no ano passado. E o que dizer deste próprio Australian Open? Bateu Alcaraz lesionado, à base de analgésicos, e fez um set bastante duro com Zverev enquanto seu corpo resistiu. Não é preciso muito para crer que Nole, aos 38, será plenamente capaz de fazer esses sete jogos em Wimbledon, onde isso parece mais provável, ou até mesmo em Roland Garros ou Nova York. O dilema é que, ao que tudo indica, as chances não serão mais tantas assim.
Coisas que eu acho que acho:
"Please don't boo an injured player!" 🙏
-- Eurosport (@eurosport) January 24, 2025
Alexander Zverev heaps praise and love on Novak Djokovic after the 24-time Grand Slam champion retired after just one set of the #AusOpen semi-final 💙 pic.twitter.com/JuX2Zj09BB
- Djokovic foi vaiado por parte do público quando abandonou a partida na Rod Laver Arena. Dá até para entender as vaias. Nole vinha fazendo um jogo competitivo e, ao abandonar ali, pegou a turma de surpresa. O instinto de muita gente ali deve ter sido pensar que Nole desistiu apenas por estar perdendo e que podia/devia lutar mais. Aos poucos, porém, os aplausos abafaram as vaias. Justo.
- O Djokovic de hoje é bem diferente daquele do início de carreira, que acumulou várias desistências em jogos grandes, quando estava perdendo. Federer e Roddick deram entrevistas famosas atacando o sérvio por isso. Aquilo gerou uma reputação ruim que Nole demorou para mudar. O Nole de hoje vem de vitórias recentes em que não estava bem fisicamente, mas encontrou maneiras de ser competitivo. É outra história.
- Zverev foi muito bem na entrevista pós-jogo ao lembrar o histórico recente de Nole, que foi campeão duas vezes em Melbourne enfrentando lesões. Aliás, se há algo a elogiar em Sascha, é sua habilidade para falar em público. Mostra-se sempre receptivo às perguntas e dá respostas inteligentes e espirituosas.
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