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Por que João Fonseca pode eliminar o top 10 Rublev no Australian Open

João Fonseca tem 18 anos, fará sua primeira partida da carreira em uma chave principal de slam, nunca disputou um jogo em melhor de cinco sets e ainda não tem, em sua jovem carreira, uma vitória sobre um top 10. Nesta terça-feira, por volta das 7h (de Brasília), na Margaret Court Arena, o carioca, atual número 113 do mundo, estreará no Australian Open contra o russo Andrey Rublev, nono do ranking (Disney transmite). E mesmo com tudo que foi dito na primeira linha deste texto, é justo imaginar que o brasileiro pode, sim, derrubar o top 10 e seguir no torneio.

As armas de Rublev são bem conhecidas. Um ótimo saque (que, ainda assim, tem dias bastante vulneráveis) e uma direita muito acima da média. Quando tem a bola à disposição em seu forehand, o russo toma o controle dos pontos e ataca como poucos. Sua movimentação também é bastante boa. Os pontos vulneráveis de Rublev também são de conhecimento público. O russo não gosta de jogar na defesa, é menos letal com a esquerda (backhand) e, vez por outra, perde totalmente a cabeça em quadra. Quebra raquetes, fala palavrões (em russo) e às vezes até se autoflagela!

Não que seja tão simples assim explorar os pontos fracos de Rublev. Não é por acaso que o homem é um top 10 desde 2020. Sua esquerda não é tão frágil assim, e a boa movimentação lhe permite em muitos casos fugir da esquerda para atacar com a direita, que é capaz de fazer estrago contra qualquer oponente.

Por que, então, Fonseca, com tão pouca ou nenhuma experiência em um duelo desse porte, tem chances de sair vitorioso? Porque o brasileiro tem as armas em seu tênis para combater o que Rublev tem de melhor. Vejamos como a coisa pode funcionar para João:

1. Poder de fogo na direita

A direita de Fonseca é poderosa, e isso ficou mais evidente do que nunca em seus últimos três eventos, quando era nítida a preocupação dos adversários em deixar o brasileiro à vontade para fazer seu melhor golpe. Logo, Rublev pode se ver em uma rara situação em que o rival pode igualar seu poder de fogo.

2. Devoluções fundas

Talvez a qualidade mais subestimada do tênis de Fonseca hoje seja sua capacidade de devolver saques com eficiência. E nem é que João busque devoluções vencedoras com tanta frequência assim. O que ele faz com muita qualidade mesmo é devolver bolas fundas, mesmo no meio da quadra, que ou empurram para trás os sacadores ou, na pior das hipóteses, limitam sua capacidade de atacar na segunda bola. E se esses retornos estiverem calibrados contra Rublev, o russo perde muito de sua vantagem.

3. Paralelas de esquerda

Um tenista como Rublev, que gosta de fugir da esquerda para atacar com a direita, frequentemente deixa um lado da quadra desguarnecido. Faz parte de seu plano A. Melhor atacar com a seu melhor golpe, ainda que deixando metade direita da quadra escancarada, do que trocar esquerdas com mais frequência. É um tipo de jogo que desafia adversário a arriscar paralelas de esquerda. E Fonseca sabe fazer essa paralela com eficiência. Conseguir atacar ali com eficiência será crucial para minar o plano de jogo de Rublev.

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4. Força mental

Em apenas uma temporada completa como profissional, Fonseca já mostrou que tem uma capacidade acima da média de manter a cabeça no lugar, mesmo quando as coisas não estão dando certo, e se concentrar em encontrar soluções. Nisso, o brasileiro é muito melhor do que o russo. Se fizer um bom começo de jogo, testando a força mental de Rublev, sem deixar o russo jogar à vontade, Fonseca aumentará muito as suas chances de sair vitorioso.

Coisas que eu acho que acho:

- Fonseca é um jovem muito acima da média e vem mostrando isso diariamente no circuito, tanto que vem encantando grandes nomes do esporte, como Andy Roddick, Boris Becker e Lindsey Davenport. E sim, ele tem as armas para derrotar Rublev. Convém, entretanto, um pouco de bom senso. João ainda tem 18 anos, nunca viveu um jogo desse porte e nunca foi testado fisicamente em um jogo de cinco sets. Não será absurdo nenhum se o brasileiro sentir nervos, jogar menos do que seu melhor tênis ou até mesmo sofrer fisicamente se a partida se alongar. Sinner, Alcaraz e outros passaram por dilemas semelhantes enquanto escalavam o ranking.

- Nas casas de apostas, Rublev é o favorito. Uma vitória do russo está pagando, em média, 1,65, ou seja, quem apostar um real receberá de volta 1,65 se Rublev triunfar. A média para uma vitória de Fonseca está em 2,2.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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