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Ashleigh Barty, uma número 1 com golpes e argumentos precisos

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

04/04/2021 04h00

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A final do WTA de Miami deixou a desejar. Acabou de forma precoce quando Bianca Andreescu torceu o tornozelo e, pouco depois, abandonou a partida. Tira um pouco do brilho de uma decisão, mas quase nada do mérito de Ashleigh Barty, que vencia com um set e uma quebra de vantagem quando a rival foi ao chão. O placar final, 6/3, 4/0 e desistência, infelizmente leva um asterisco que esconde parte da superioridade da australiana até então.

Enquanto Andreescu esteve bem fisicamente, Barty sacou melhor, trabalhou os pontos de forma mais eficiente, deu menos pontos de graça e jogou a adversária de um lado para o outro da quadra magistralmente. A número 1 do mundo, campeã do Miami Open em 2019 e 2021, campeã de Roland Garros em 2019 e campeã da edição mais recente do WTA Finals (Shenzhen 2019), fez neste sábado o que Andreescu chamou de "uma amostra do meu próprio remédio". Encarou uma tenista versátil, cheia de golpes excelentes, e foi mais versátil e mais competente.

Não que Ash estivesse preocupada com isso, mas a campanha em Miami, que começou com um match point salvo na primeira rodada e terminou com uma série de vitórias maiúsculas em uma chave duríssima (derrotou, em sequência, Ostapenko, Azarenka, Sabalenka, Svitolina e Andreescu), foi uma resposta à altura para quem dizia que ela não merecia o posto de número 1 do mundo - e Barty ocupa esse lugar desde setembro de 2019.

Nenhuma tenista - sobretudo Naomi Osaka, que até poderia ter se queixado - questionou o ranking com pontos congelados, o que permitiu que Ash continuasse no topo mesmo sem competir de março de 2020 até janeiro deste ano. E se havia uma polêmica, Barty deu uma esfriada no assunto dentro de quadra. Fora dela, mostrou bons argumentos na coletiva pós-título em Miami.

"Nunca tenho que provar nada a ninguém. Eu sei do trabalho que faço com meu time nos bastidores. Sei que houve muita falação sobre o ranking, mas não joguei o ano passado e não aumentei em nada minha pontuação. É verdade que eu não caí, mas também não melhorei. Houve garotas que tiveram a chance de melhorar sua pontuação, então eu mereço inteiramente meu lugar no topo do ranking. O ano que tivemos em 2019 foi incrível para nós. Conseguir aproveitar essa fundação e crescer foi ótimo, mas para nós o objetivo era vir aqui e fazer o melhor, independentemente do que os outros dizem. Não sinto que tenho que provar nada a ninguém."

Quando um jornalista insistiu no assunto, lembrando que Naomi Osaka venceu dois slams de forma consecutiva, Ash emendou:

"Todos podem ter suas opiniões, tudo bem. Não posso controlar o que os outros dizem e pensam. Eu só continuo tentando fazer o que nós fazemos e acho que merecemos estar no topo do ranking. Tivemos uma temporada fantástica, e todos precisam entender que existe uma pandemia, é algo que acontece uma vez na vida e nós precisamos passar por isso. É uma situação difícil. Mas não, isso [a polêmica] não me afeta. É o que as pessoas dizem, e não posso mudar suas opiniões. Não me estressa em nada."

Game, set, match, Barty.

Coisas que eu acho que acho:

- Escrevi algo parecido alguns dias atrás, quando comentei as queixas de Zverev sobre o ranking, e insisto aqui: esse tipo de queixa sobre ranking durante uma pandemia soa mimizento e egoísta. O ranking é o que é porque o circuito foi uma bagunça no ano passado. Sem covid, talvez Barty tivesse viajado, jogado mais e ganhado mais. Com covid, ele optou por ficar em solo australiano o tempo todo. Está mais do que certa.

- O que se pode apontar - e não é uma crítica - é que o ranking, do jeito que ficou, pode não refletir o momento do tênis. Dito isso, Barty, a campeã deste sábado, tem mais de 1.300 pontos de vantagem sobre Osaka no ranking.

- Apoiadores do blog receberam, neste sábado, áudios das coletivas de Ashleigh Barty e Bianca Andreescu após a final. As sonoras são mais um dos novos benefícios dos apoiadores que estão no grupo de bate-papo por Telegram.

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