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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Sem Big 3, Masters de Miami é flash forward para o circuito masculino

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

24/03/2021 04h00

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Pelo segundo ano seguido, o torneio de Indian Wells não foi disputado, e isso deixou o circuito masculino com apenas um evento de grande porte em solo americano antes do início da temporada europeia de saibro. Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer optaram por ficar em casa e evitar a viagem intercontinental. O Miami Open, que começou para os homens nesta terça-feira, passa a ser, assim, o primeiro Masters 1000 sem nenhum dos integrantes do Big 3 desde 2004.

A consequência é um torneio desse porte com Daniil Medvedev, Stefanos Tsitsipas, Alexander Zverev e Andrey Rublev ocupando os posts de principais cabeças de chave (Dominic Thiem também ficou pela Europa, engrossando uma lista de 23 desfalques que inclui o top 10 Matteo Berrettini e outros ilustres como Stan Wawrinka, Gael Monfils, Pablo Carreño Busta, Roberto Bautista Agut, Borna Coric, Richard Gasquet, Nick Kyrgios e Jo-Wilfried Tsonga).

Uma bela chance para o fã de tênis dar uma espiada no que pode ser o circuito masculino daqui a alguns anos (dois, três, cinco?), quando Djokovic, Nadal e Federer estiverem curtindo a aposentadoria junto a suas famílias. É uma grande oportunidade também, obviamente, para o grupo que uma vez foi chamado de #NextGen somar pontos pesados sem ter de enfrentar pelo menos um dos três - o que muda radicalmente a dinâmica de um evento.

O outro lado da moeda é que todos os holofotes estarão virados para Medvedev e e cia. durante os próximos dez dias. Como eles se portarão diante dessa maior atenção, como favoritos desde o primeiro dia de um torneio? Ao mesmo tempo, será interessante para o fã de tênis observar como será a cobertura do torneio sem o Big 3. Por último, vale até como exercício de autoanálise para o torcedor. Sem seu tenista preferido, por quem ele vai torcer no torneio? E por quê? Como escolher seu próximo queridinho?

Tudo deve voltar ao normal (ou quase isso, afinal o mundo vive uma pandemia) quando o circuito se mudar para a sequência Monte Carlo, Barcelona/Belgrado, Madri, Roma e Roland Garros. Por enquanto, vale curtir o flash forward de Miami e imaginar o que será do tênis masculino quando os três deuses estiverem repousando no Olimpo.

Coisas que eu acho que acho:

- Importante dizer: apenas o torneio masculino, que teve muitos desfalques até entre quem disputaria o qualifying, ficou esvaziado. O WTA 1000 do Miami Open segue forte, com "apenas" Serena fora. Ausência de peso, mas forçada por um problema dental. A diferença entre os circuitos é que a WTA tem, logo depois de Miami, um WTA 500 e um WTA 250 em Charleston, também nos Estados Unidos. Ou seja, são quatro semanas de competições, o que faz valer a viagem das melhores atletas europeias e da número 1 do mundo, a australiana Ashleigh Barty. Ponto para o tênis feminino.

- Existe um debate eterno no tênis sobre o nível das gerações de tenistas enfrentados (e superados) por Federer, Nadal e Djokovic. O trio ganhou tantos slams a mais do que o resto da Era Aberta porque enfrentou rivais fracos? Ou o trio é tão forte que fez seus rivais parecerem fracos? Borg, McEnroe, Sampras e Agassi jogaram em gerações com mais tenistas de alto nível? Ou será que o nível era apenas mais parelho, e isso fez vários tenistas parecerem gigantes? Não há verdade absoluta aqui, mas vai ser divertido acompanhar a opinião dos fãs (e da imprensa também, por que não?) sobre a geração que chegar ao topo no fim do reinado do Big 3. Isso começa agora, em Miami.

- Os direitos de transmissão do Miami Open são da ESPN.

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