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ATP muda ranking outra vez e manda recado a opositores de Federer e Nadal

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

03/03/2021 14h25

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Com a pandemia longe do fim, a ATP decidiu mudar novamente o ranking mundial. A ideia inicial era manter o "congelamento" até março deste ano e, a partir de então, voltar a somar e descontar pontos normalmente. Agora a entidade opta por um formato mais complexo, em que tenistas poderão até manter pontos conquistados em certos torneios de 2019. A previsão - por enquanto - é de que o ranking só voltará ao normal, ou seja, ao formato pré-pandêmico, em 15 de agosto de 2022. Veja como vai funcionar:

1. Os pontos somados de 4 março a 5 de agosto de 2019 nos torneios que não foram realizados em 2020 serão mantidos na somatória dos tenistas, mas com apenas 50% do valor original. Isso inclui, por exemplo, os Masters de Miami, Indian Wells, Monte Carlo e Madri, além dos ATPs 500 de Halle e Queen's e, obviamente, o Torneio de Wimbledon. Caso esses torneios sejam realizados em 2021, os jogadores terão direito a manter na sua somatória o maior valor, sejam os 50% de 2019 ou os 100% de 2021.

Um exemplo prático: Novak Djokovic somou 2.000 pontos pelo título de Wimbledon em 2019. Se ele disputar Wimbledon novamente em 2021 e for eliminado nas semifinais (720) pontos, ele manterá na somatória 1.000 pontos, que equivalem a 50% do resultado de 2019. Se Nole for vice-campeão de Wimbledon em 2021, ele leva na somatória os 1.200 pontos deste ano. E esses pontos valerão por mais 52 semanas, ou seja, até Wimbledon/2022.

2. Os eventos que, em 2020, foram realizados em datas diferentes das habituais (Kitzbuhel, Hamburgo, Roma e Roland Garros), também estão incluídos na lógica acima, mas considerando os pontos de 2020. Ou o tenista fica com 50% do que somou em 2020 ou soma 100% do resultado de 2021. Quem ainda considera os pontos de 2019 vai ficar sem eles na data da realização do torneio deste ano.

Na prática: em Roland Garros, Djokovic fez semi (720 pontos) em 2019 e foi vice em 2020 (1.200), portanto ele tem, no momento, esses 1.200 em sua somatória. Se ele não disputar o torneio em 2021, vai ficar com 600 pontos (50% de 2020) por mais 52 semanas, ou seja, até Roland Garros/2022.

Dominic Thiem, por sua vez, foi vice (1.200) em 2019 e fez quartas (360) em 2020, então ele tem 1.200 em sua somatória hoje. Esses pontos vão cair de qualquer maneira depois do torneio deste ano. A partir de RG/21, ele então pode somar 180 (50% dos 360 pontos de 2020) ou qualquer resultado melhor que isso obtido em 2021. E esses pontos ficarão em sua conta por 52 semanas, ou seja, até o fim de Roland Garros/2022.

3. Os pontos começarão a ser descontados como antes a partir de 16 de agosto de 2021 (semana do Masters de Cincinnati). Por isso, o ranking só estará de volta a seu normal em 15 de agosto de 2022.

Prêmio em dinheiro aumenta, mérito para Federer e Nadal

Com a pandemia e muitos torneios sem vender ingressos, a ATP permitiu que muitos dos eventos dessem premiação reduzida a partir de março do ano passado. Em alguns casos, torneios deram apenas 50% do prêmio em dinheiro habitual. No anúncio desta quarta, a entidade ressaltou que os valores mínimos serão reajustados. Os ATPs 250 darão pelo menos 80%, enquanto os ATPs 500 darão pelo menos 60% dos valores regulamentares (pré-pandêmicos).

Esse aumento será subsidiado pela ATP (que separou US$ 5,2 milhões para isso) e só será possível porque haverá uma redistribuição do dinheiro de bônus que os 12 melhores do mundo recebem no fim de cada temporada. E é aí que a entidade fortalece as posições de Roger Federer e Rafael Nadal. No comunicado, a ATP enfatiza que a "redistribuição de fundos veio com o apoio do Conselho de Jogadores da ATP, incluindo os representantes dos top 10 Roger Federer e Rafael Nadal."

É uma mensagem clara a um discurso que ganha força entre simpatizantes da PTPA, a associação de oposição ao Conselho criada por Novak Djokovic, Vasek Pospisil e outros. Alguns dos integrantes acreditam que Federer e Nadal não são tão preocupados com tenistas de ranking mais baixo. Logo, o texto da ATP, citando nominalmente ambos, reforça a posição de suíço e espanhol não só como integrantes do Conselho de Jogadores - órgão legítimo e reconhecido pela ATP para a defesa dos interesses dos tenistas - mas também como uma dupla que aceita abrir mão de milhões em prol da saúde financeira do circuito, em especial dos jogadores que disputam ATPs 250 e 500.

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