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Com mais um slam, Osaka estabelece outro patamar para nova geração do tênis

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

13/09/2020 04h00

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Ela tem 22 anos, três títulos de slam conquistados em três finais, é a esportista mulher mais bem paga do planeta segundo o ranking da Forbes e também foi considerada a atleta (entre homens e mulheres) mais marquetável do mundo em 2019 pela SportsPro. Naomi Osaka é tudo isso e um pouco mais. Dentro de quadra, tem um tênis moderno, rápido e dominante. Fora dela, faz-se presente manifestações contra o racismo nos Estados Unidos. Um pacote completo que coloca lá no alto o nível de exigência para a nova geração do tênis.

Tecnicamente, a moça nascida em Osaka do casamento de uma japonesa com um haitiano é uma máquina de jogar tênis. Seu saque é um dos mais potentes do circuito. No US Open que terminou neste sábado, ela ficou em segundo no ranking de serviços mais velozes. Registrou 193 km/h, atrás apenas de Serena Williams (199 km/h). A japonesa também ficou em segundo nas listas de aces, com 41 (Serena somou 70), e pontos vencidos com o primeiro saque (78%).

Seus golpes do fundo de quadra também estão entre os mais velozes do mundo. Somados a uma rara rapidez de movimentação lateral, formam um combo difícil de superar. Não foi por acaso que Serena Williams perdeu aquela final do US Open em 2018 nem o duelo em Miami, alguns meses antes. Coincidência nenhuma explica que esta jovem, aos 22 anos, já tenha três slams e some 25 semanas como número 1 do mundo - mais tempo do que nomes famosos como Maria Sharapova, Jennifer Capriati e Venus Williams.

É fora da quadra, no entanto, que Naomi Osaka mostra o quanto um atleta vencedor pode se fazer relevante para uma sociedade. Desde o início das recentes manifestações contra o racismo nos Estados Unidos, a jovem, que mora no país desde os 3 anos de idade, fez sua voz ser ouvida. Neste US Open, separou sete máscaras para usar ao entrar em quadra. Cada uma levava o nome de um cidadão negro morto em incidente motivado por racismo. Seu altíssimo nível no torneio permitiu que ela avançasse até a final e fizesse sete jogos, usando todas as máscaras. Quando indagada, após a decisão, sobre a mensagem que passou ao usar as sete peças, Osaka rebateu com outra pergunta: "Qual foi a mensagem que você recebeu? A pergunta é mais essa. O objetivo é fazer as pessoas falarem." (veja acima)

Antes do US Open, Naomi Osaka já tinha enviado uma mensagem forte. Durante o WTA de Cincinnati, após se classificar para as semifinais, a japonesa disse que não entraria em quadra para seu próximo duelo. Era sua maneira de protestar pelo incidente envolvendo o cidadão negro Jacob Blake, que levou sete tiros nas costas disparados por um policial branco. Três filhos de Blake estavam no banco de trás do carro e testemunharam o incidente. As autoridades do tênis entenderam o recado e se juntaram à manifestação. Naquele dia, uma quinta-feira, não houve jogos no torneio de Cincinnati. Nem na chave masculina nem na feminina.

Esse tipo de comportamento, aliado à origem japonesa - país com um mercado consumidor enorme - faz de Osaka um alvo dos sonhos para qualquer marca. Hoje, ela tem parcerias com gigantes de diferentes setores como All Nippon Airways, Mastercard, Nike, Nissan, Nissin, Procter & Gamble e Shiseido. Embolsou US$ 34 milhões só em contratos publicitários. Segundo a Forbes, ela ganhou um total de US$ 37,4 milhões de 1º junho de 2019 a 1º de junho de 2020. Ainda de acordo com a publicação, o valor faz dela a mulher mais bem remunerada na história do esporte durante um período de 12 meses.

Um tênis dominante e vencedor. Uma personalidade carismática e atuante em questões sociais. Enquanto Serena Williams alonga sua carreira além dos 38 anos e Victoria Azarenka consegue uma espécie de renascimento aos 31, Naomi Osaka dá exemplos e se coloca em um platô diferente. Um patamar altíssimo para as tenistas de sua geração. E não será nada fácil alcançá-la.

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