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O tênis voltou, mas não sem uma dose de turbulência

Quadra Central do WTA de Palermo, na Itália - Divulgação/Palermo Ladies Open
Quadra Central do WTA de Palermo, na Itália Imagem: Divulgação/Palermo Ladies Open

Colunista do UOL

04/08/2020 04h00

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O circuito mundial voltou à ativa no último fim de semana, com o qualifying do WTA de Palermo, no saibro, e o chamado "novo normal" veio com alguns tropeços, mal-entendidos e duras críticas. A começar por dois casos positivos de anticorpos na sexta-feira, um positivo para covid-19 no sábado e críticas de tenistas de dentro e fora do torneio italiano.

Os dois casos de positivo para anticorpos do coronavírus não foram grande problema. As duas tenistas, cujas identidades não foram reveladas, foram liberadas para competir em Palermo. No entanto, o caso positivo de covid-19 deu margem para críticas. Primeiro porque houve sigilo, então ninguém soube quem estava contagiado. E se ninguém soube quem era, não havia como as outras pessoas envolvidas no torneio saberem com quem essa pessoa entrou em contato nem onde esteve recentemente, muito menos onde foi contagiada.

A organização do torneio se defendeu, dizendo que o protocolo do evento funcionou. A orientação era para que todos atletas ficassem trancados em seus quartos até que recebessem a confirmação do teste negativo. No caso dessa atleta em particular, o evento declarou que ela estava assintomática e foi encaminhada a uma instalação do Serviço Sanitário Nacional que trata especificamente de pacientes assintomáticos. Tudo resolvido? Nem tanto.

Segundo o SRF, da Suíça, em um torneio Interclubes, Belinda Bencic se recusou a entrar em quadra contra o time de Leonie Kung, que esteve em Palermo no fim de semana. Kung testou negativo na Itália, mas é aí que o anonimato pregado por Palermo joga contra. Como ninguém sabe quem testou positivo, ninguém tem como saber com quem essa pessoa entrou em contato. Logo, o temor de Bencic teria sua lógica. Mais tarde, Bencic negou essa versão da história, mas foi uma versão corroborada pelo árbitro geral e pela federação suíça. Belinda, aliás, também desistiu do WTA de Praga recentemente.

Ciao

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Quem também reclamou - embora indiretamente - ao chegar a Palermo foi Donna Vekic, número 24 do mundo. Ela também admitiu que não vai ficar trancada no quarto durante todo o torneio. "Aqui eles falam que estamos numa bolha, mas não estamos nem um pouco. Não vou fingir que estou trancada no quarto o dia todo quando não estou. Fui jantar na cidade. Com certeza, estamos tomando cuidado e não ficamos perto de pessoas, mas não estou trancada no quarto e 90% das jogadoras não estão. Espero que em Nova York [no US Open] haja multas de verdade e se todos respeitarem e fizer sentido, então sou a favor, mas se as regras forem contraditórias, não faz sentido."

Enquanto isso, em entrevista ao L'Équipe, Richard Gasquet chamou de "escândalo absoluto" o que está acontecendo em Palermo, onde as tenistas estão hospedadas em hotéis junto a turistas comuns. "Não sei como a WTA pode aceitar isso. Se você organiza um torneio, é porque o hotel é 100% reservado para os jogadores e suas equipes. Se você não pode fazer isso, cancele o torneio."

Felizmente, depois que a chave principal acalmou, as coisas parecem ter acalmado em Palermo. O primeiro dia terminou sem grandes problemas, com vitórias de Vekic, Siegemund, Errani (que bateu Sorana Cirstea), Yastremska e Krystina Pliskova (passou por Maria Sakkari). O dia foi bom para tenistas da casa. Além de Errani, avançaram Jasmine Paolini (#95), que superou Daria Kasatkina (#66), e Elisabetta Cocciaretto (#156), que eliminou Polona Hercog (#45). E o tênis segue adiante no "novo normal".

Coisas que eu acho que acho:

- Já escrevi no Twitter, mas repito aqui: o sigilo sobre os casos positivos de covid-19 não faz sentido em um evento grande, com centenas de pessoas envolvidas. Não é uma simples questão de saúde pessoal, de uma pessoa comum. Falamos de atletas que estão e estiveram em contato com outros atletas nos dias anteriores ao teste positivo. É necessário transparência não só para dar segurança a todos envolvidos, mas para que haja um processo confiável em que seja possível identificar quem mais corre (ou já correu) risco de contágio no evento ou antes dele.

- No caso de Palermo, com o caso positivo ainda antes do começo do quali, foi possível manter em anonimato a tenista. Mas se acontecer na segunda semana do US Open? Que sentido fará tal sigilo? Vão inventar motivos para um WO misterioso na reta final do torneio? Por quê? Para quê?

- Enquanto Palermo tem seus problemas, Madri vive um drama ainda maior. Primeiro, a organização do torneio soltou um comunicado informando que a autoridade de Saúde da capital espanhola recomendava a não-realização do torneio. Depois, no domingo, o vice-conselheiro da Saúde de Madri, Antonio Zapatero, deu outra versão: o diretor do torneio, Feliciano López, disse ter a intenção de cancelar o torneio e pediu a Zapatero uma carta para usar como justificativa para a ATP. De qualquer modo, a imprensa espanhola já dá o torneio como cancelado. Faltaria apenas o anúncio.

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