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Saque e Voleio

Gráfico: melhores no saque e na devolução desde o início dos anos 1990

Clive Brunskill/Getty Images
Imagem: Clive Brunskill/Getty Images

Colunista do UOL

13/04/2020 11h09

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Que tenistas tiveram melhor aproveitamento em seus games de serviço desde o começo da década de 1990? E que atletas tiveram mais sucesso nos games de devolução no mesmo período? O britânico Martin Ingram, formado em ciência da computação e atualmente buscando seu PhD em estatística na Universidade de Melbourne (Austrália), aproveitou-se dos números disponíveis no (excelente) site Tennis Abstract e desenvolveu um gráfico que reflete a habilidade de tenistas nas duas posições desde 1991.

O gráfico, que pode ser visto no tweet abaixo, mostra horizontalmente a porcentagem esperada de pontos de saque vencidos contra um jogador qualquer. Na vertical, a porcentagem esperada de pontos de devolução vencidos contra um jogador qualquer. O cruzamento dos dois números resulta no nível de sucesso indicado pelas linhas diagonais pontilhadas. Rafael Nadal e Novak Djokovic aparecem com números quase iguais à frente do resto. Roger Federer fica um pouco atrás, e Andy Murray é o quarto melhor.

Como o próprio Ingram cita no texto em que explica como elaborou o gráfico, é curioso notar a relação entre o canadense Milos Raonic e o argentino Guillermo Coria. Enquanto Raonic aparece em primeiro na linha do saque, o argentino é um dos melhores na devolução. Na média, contudo, os dois aparecem em posições praticamente iguais. O mesmo acontece com o espanhol David Ferrer e o tcheco Tomas Berdych, que ocupam posições menos extremas no gráfico.

Outra curiosidade: o gráfico mostra os 50 melhores tenistas na combinação saque+devolução. Ivo Karlovic, atleta com maior probabilidade de vencer qualquer ponto de saque, não entrou por causa de seus números de devolução. John Isner, terceiro melhor entre os sacadores, também ficou fora.

Mais um ponto importante a se fazer sobre o gráfico: não se trata de quem tem o melhor saque ou a melhor devolução. Os números refletem a probabilidade de se ganhar um ponto com saque/devolução. São coisas bem diferentes. Por isso, vale notar que Nadal e Djokovic se aproximam nos números de saque de Richard Krajicek, que era um sacador muito melhor. Tem a ver com o que acontece depois que a bola entra em jogo e não necessariamente com pontos vencidos em aces e/ou serviços não devolvidos.

Questão de saúde

Quem me segue no Twitter sabe que eu acompanho de perto o bravíssimo trabalho de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no mundo - especialmente na questão de refugiados, um tema que me interessa bastante. Durante a pandemia do novo coronavírus, a organização vem atuando no Brasil com foco voltado para pessoas em situação de rua, refugiados, usuários de drogas, idosos e pessoas provadas de liberdade.

Deixo aqui o link para quem quiser e puder contribuir com MSF, já lembrando que a ajuda pode ser com uma doação única ou mensal em dinheiro (qualquer valor acima de R$ 10), mas que a organização também aceita pontos Livelo e Multiplus, e você também pode ajudar com iniciativas solidárias. Fica aqui também um FAQ preparado por MSF sobre a pandemia.

Coisas que eu acho que acho sobre o gráfico:

- Por levar em conta números de um longo período de tempo, o gráfico indiretamente também aponta o nível de sucesso de um ou mais atletas dentro de suas respectivas gerações. É fácil notar como o Big Four de Nadal, Djokovic, Federer e Murray tem folga sobre o quinto elemento, Andy Roddick, e o sexto, Juan Martín del Potro.

- O mesmo vale para Agassi e Sampras em relação a Stefan Edberg e Jim Courier. O sueco, porém, teve uma carreira de mais sucesso antes de 1991 e, por isso, o gráfico não reflete com precisão sua posição no geral. Isso também explica as ausências de McEnroe, Borg, Connors, etc.

- Vale notar que a geração de Gustavo Kuerten, mais equilibrada que a atual, está quase toda na mesma posição em relação à linha pontilhada. O catarinense registra uma média muito próxima às de Marat Safin, Sebastian Grosjean e Yevgeny Kafelnikov. Juan Carlos Ferrero, Marcelo Ríos e Thomas Muster também estão ali perto, um pouco à frente.

- O mais bem colocado na média entre os sem-slam é Tomas Berdych. O tcheco tem números muito melhores do que todos citados no parágrafo anterior, mas sempre esbarrou no Big Four. Coisas de geração?

- Ainda sobre os sem-slam, vale notar o baixo aproveitamento (em relação aos outros, claro) de David Nalbandian no serviço. Isso também ajuda a explicar por que o talentosíssimo argentino, um dos melhores devolvedores de sua geração, terminou a carreira sem um slam.

- Obrigado ao leitor Pablo Fernandez por me encaminhar o gráfico na manhã desta segunda. Os números são extremamente interessantes e dão margem a um monte de interpretações além das que já mencionei neste post. Vejam e divirtam-se.