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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Média de Pedro Raul no pouco criativo Goiás é quase um milagre

 Pedro Raul, do Goiás, comemora gol em jogo contra o Botafogo pelo Brasileirão - Jorge Rodrigues/AGIF
Pedro Raul, do Goiás, comemora gol em jogo contra o Botafogo pelo Brasileirão Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

Colunista do UOL

13/08/2022 04h00

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Na vice-artilharia do Brasileirão com 11 gols, o centroavante Pedro Raul chama a atenção por isso em 2022. Mas olhando a questão com profundidade, percebe-se que o feito é ainda mais relevante. O Goiás, clube que defende, é a segunda equipe que menos cria chances reais de gol na competição. Se com pouca oferta a entrega é grande, podemos imaginar o que camisa 11 esmeraldino não faria em um time mais qualificado.

É claro que a Série A é a principal competição disputada pelo clube goiano na temporada. De volta à elite depois de subir novamente no ano passado, a meta da equipe dirigida por Jair Ventura é muito clara: manter-se na elite nacional. E vem sendo eficaz nisso. Com um time competitivo, consegue se defender bem e explorar contra-ataques. A criatividade é baixa, muito pelo material humano aquém da maioria dos demais times, mas o centroavante se vira.

Metade dos 22 gols da equipe na Série A foi marcada por Pedro Raul. 50% de contribuição. Isso sem contar uma assistência dada no empate contra o São Paulo. Nenhum outro atleta deste campeonato tem tal influência. O que mais chama a atenção é que vários desses tentos geraram pontos diretamente ao clube. O primeiro gol do 1x0, ou o segundo de um 2x1, o empate derradeiro...

16 dos 25 pontos do Goiás foram conquistados através de gols do centroavante. Sem ele, o alviverde poderia ter apenas nove na competição e seria um virtual rebaixado. Logicamente que essa analogia não se aplica exatamente à realidade que teríamos sem Pedro Raul no time, mas alguém duvida que a vida do esmeraldino seria muito mais difícil?

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Os números de Pedro Raul pelo Goiás em 2022
Imagem: Fonte: Opta

Outro dado brutal de seu desempenho é a taxa de conversão em chances reais de gol. Como citado, é um time que cria pouco, apenas 3.5 oportunidades claras por jogo. A questão é que Pedro Raul não tem precisado de várias oportunidades. 44% das bolas que recebe em condições de marcar, ele guarda. Um dado muito bom. A título de comparação, Cano, artilheiro do campeonato, converte 35%.

Com 1,92m, ele é um centroavante típico. Gera presença na área, além de bom posicionamento para receber cruzamentos rasteiro e aéreos. Posiciona o corpo para definir rápido, geralmente com um toque, e com boa técnica de arremate. Fora da área, por mais que busque auxiliar e não tenha uma relação ruim com a bola, não acrescenta tanto.

Natural de Porto Alegre, Pedro Raul foi revelado pelo Cruzeiro de sua cidade e saiu para atuar uma temporada e meia no time B do Vitória de Guimarães. Apareceu nacionalmente ao fazer ótima temporada pelo Atlético Goianiense, em 2019, último ano em que o clube conseguiu o acesso para a Série A.

Assinou com o Botafogo para a temporada 2020 e, apesar do rebaixamento do Glorioso, conseguiu algum destaque. Tanto que foi comprado pelo Kashiwa Reysol por quase dois milhões de euros. Não conseguiu se sobressair no Japão e teve uma breve passagem pelo Juarez, do México, antes de vestir a camisa do Goiás por empréstimo.

Ainda pertence ao clube japonês e tem contrato lá até janeiro de 2024. Não se sabe se o Reysol vai requerer o retorno ou se o venderá. Recentemente quase foi negociado com o Auxerre, da primeira divisão francesa, por dois milhões de euros, mas não aceitou o salário oferecido. Parece em um momento de evolução e pode ser bom investimento de composição de elenco para clubes brasileiros de maior poder aquisitivo.