Topo

Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conheça o zagueiro brasileiro que é destaque no Nacional do Uruguai

Colunista do UOL

15/07/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um carioca de nascimento, mas paulista por ''adoção'', vem chamando a atenção pelo bom nível de atuações em um dos clubes mais tradicionais do continente. Desde que Léo Coelho estreou no Tricolor, o time perdeu apenas quatro dos 23 jogos em que o defensor esteve em campo. O incomum caminho traçado por ele em busca do destaque revela uma história interessante e cheia de particularidades da bola.

Aos 29 anos, Léo Coelho é titular do Nacional comandado por Pablo Repetto desde que chegou, em fevereiro. Começou a carreira no homônimo do famoso clube uruguaio, o Nacional de São Paulo, e rodou por alguns clubes paulistas. Jogou na Penapolense, no Rio Claro, na Portuguesa. Atuou nas quatro principais divisões paulistas.

Jogou também uma Série B pelo Paraná Clube, em 2015, e passou duas vezes pelo sub-23 do Santos.

''O futebol é pautado em momentos e em escolhas individuais. Tive períodos bons no Brasil, uma ascendência legal, mas depois caí muito. Isso tem a ver com empresários também, mas muito da minha cabeça. A forma como me comportava. Depois que me casei e tive um filho mudei 100% como profissional. Meus últimos dois anos no Brasil foram horríveis. Fiquei oito meses desempregado em 2018. Ia trabalhar como motorista de carro de aplicativo. Não tinha mais opção. Ia deixar de jogar futebol. Tinha minhas responsabilidades financeiras'', conta.

01 - CN de F/Divulgação - CN de F/Divulgação
Léo Coelho é um dos principais jogadores do Nacional atualmente
Imagem: CN de F/Divulgação

O telefonema que mudou a sua vida veio de um amigo e empresário em 2019. Havia conseguido um período de duas semanas de testes em um clube da 1ª divisão uruguaia. Era o Fênix, instituição de 1916, mas apenas títulos de Série B local. Na terceira semana no clube do bairro de Capurro, já era titular, e dava o pontapé inicial da guinada na carreira.

Fez cinco gols nos seis meses iniciais e se tornou um dos principais atletas do time. Ficou mais um ano inteiro. Jogou Copa Sul-Americana com a equipe e despertou o interesse do Atletico San Luís, do México. Passou só cinco meses na América do Norte.

''Financeiramente foi ótimo. Subi meu nível salarial e pude oferecer coisas melhores para a minha família. Infelizmente não joguei como queria. Seria titular no primeiro jogo do campeonato, mas o clube errou a minha inscrição e não pude entrar em campo. O zagueiro que jogou no meu lugar foi bem e teve sequência. Tive que esperar. Fiz jogos bons, mas não consegui ser titular. Era para acontecer. Se não fosse isso não estaria vivendo o momento mais lindo da minha carreira. O Atletico San Luís é um grande time, mas o Nacional é um gigante'', afirmou.

Classificado para as quartas de final da Copa Sul-Americana com o Nacional, Léo se apresenta como um zagueiro rápido para a estatura que tem - 1,89m - e com capacidade de antevisão das jogadas. Chama a atenção também o desempenho nas bolas aéreas ofensivas e defensivas, além da força empregada em duelos individuais. É um zagueiro firme! Isso foi importante para se adaptar ao futebol ''charrua''.

''Estruturalmente há uma diferença grande. O Uruguai é um país financeiramente pobre no futebol. O que falta muito aqui é trabalhar a bola no meio-campo. No Nacional a gente tem essa característica, mas na maioria dos clubes não se vê isso. É muita ligação direta. Na mesma jogada você quase marca e acaba chegando perto de levar um gol. Mas quase todos os jogadores que saem daqui vão bem. O Canobbio no Athlético, o David Terans também. Já chegam prontos e preparados'', ressalta.

Canobbio, inclusive, foi companheiro de Léo Coelho no Fênix. Ele aproveita a fama local e faz elogios ao tratamento dispensado pelos uruguaios. É abordado para tirar fotos e dar autógrafos, mas sempre de forma muito cortês, sem invasões de privacidade ou indelicadezas por parte dos torcedores.

02 - Fonte: Opta - Fonte: Opta
Os números de Léo Coelho desde que chegou ao Nacional
Imagem: Fonte: Opta

A boa fase do Nacional também ajuda, e já faz com que olhares de outros clubes interessados se voltem ao defensor. Há times brasileiros de Série A sondando a sua situação. Tem contrato com o Atletico San Luís até o meio de 2023 e está emprestado ao Nacional até dezembro de 2022.

''São muitos caminhos que eu posso percorrer. Não tenho pressa. Não estou buscando nada. Tenho contrato, estou feliz, e miro objetivos pessoais e coletivos. Quero ser campeão uruguaio e brigar pela Sul-Americana. Estamos bem a nível internacional. Tenho um sonho sim de voltar ao Brasil. Saí numa fase bem difícil, mas não sei se é o momento. Quero ser protagonista aqui. Melhorar meus números. Terminar meu contrato da melhor maneira e esperar para ver se vão me comprar''.

O Nacional será adversário do Atlético Goianiense nas quartas de final da Copa Sul-Americana a partir da primeira semana de agosto. Pode entrar no caminho do Internacional em uma possível semifinal.