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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Dependência de Neymar na Seleção acabou e essa é a melhor notícia para ele

Colunista do UOL

02/06/2022 09h56

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Que Neymar é o jogador mais talentoso da Seleção pouca gente duvida. Que ele está longe do que pode render também parece unânime. Mesmo assim contribuiu com dois gols e foi importante em algumas jogadas na boa atuação do Brasil diante da Coreia do Sul, em Seul. O desempenho nos últimos jogos sem ele, o aumento do repertório tático e as variações ofensivas, além do crescimento dos demais jogadores, dão a certeza: o camisa 10 da Seleção pode ficar mais leve.para voltar à melhor forma visando a Copa do Mundo no Catar.

Paulo Bento manteve a formatação tática da seleção asiática para encarar o Brasil. Son foi escalado pela esquerda. Já Tite voltou a utilizar Lucas Paquetá a partir do lado esquerdo. Neymar, que era dúvida, começou jogando pelo centro do ataque, ao lado de Richarlison. Raphinha ficou aberto pela direita e Casemiro formou a dupla de volantes com Fred. Weverton teve chance na meta.

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Como as equipes começaram o amistoso
Imagem: Rodrigo Coutinho

O Brasil teve um início arrasador. Ocupando bem os espaços no campo de ataque e circulando a bola com velocidade, conseguia gerar as interações entre os jogadores de forma natural. Os movimentos eram intensos, assim como a postura ao perder a posse no campo de ataque e a marcação na saída rival. Neste ritmo, foram quatro chances criadas em dez minutos, além de um gol anulado de Thiago Silva.

Depois de Raphinha e Paquetá perderem boas chances, Alex Sandro recebeu do meia do Lyon, infiltrou em diagonal e cruzou pra trás. Fred bateu e Richarlison desviou para marcar. O gol mostrou dois detalhes. A ''largura'' que Paquetá dava ao campo pela esquerda liberava o espaço atacado por Alex Sandro entre o lateral e o zagueiro pela direita da Coreia. E Fred, sempre mais próximo do ataque, perto da zona de conclusão.

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O Brasil espetando cinco jogadores mais adiantados em sua ocupação de espaços. Detalhe para Fred(número 2) nas costas dos volantes rivais, mais projetado, e Paquetá(número 5) bem aberto pela esquerda. Mais atrás, circulado, Daniel Alves atacando por dentro, como é de praxe com Tite, como se fosse um meio-campista
Imagem: Rodrigo Coutinho

O domínio fez o Brasil relaxar um pouco. Reduziu o nível de concentração e começou a errar passes simples, valorizar demais alguns lances. O time coreano, que desde o início tentava se impor com bola no chão, de pé em pé, e mostrava organização tática, passou a ocupar o campo de ataque. Chegou a fazer uma boa jogada pela esquerda antes de marcar com Hwang Ui-Jo, aos 30', em giro em cima de Thiago Silva.

A Seleção encontrou algumas dificuldades para marcar as movimentações dos pontas adversários. Tanto o jogador do Tottenham, Son Heung-Min, quanto o do Wolverhampton, Hwang Hee-Chan, flutuavam dos flancos para o meio e encontravam espaços nas costas dos volantes brasileiros. Eram acionados desta forma e na sequência buscavam a ultrapassagem dos laterais.

Depois do empate o Brasil voltou a ter mais foco no jogo e não demorou e retomar o domínio. Alex Sandro sofreu pênalti em boa jogada com Neymar pela esquerda. O camisa 10 bateu e marcou. Thiago Silva ainda acertou o travessão na sequência e Paquetá, muito ativo na marcação da saída de bola adversária, roubou e chutou com perigo da entrada da área.

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Em fase defensiva, um 4-4-2 com Neymar e Richarlison à frente
Imagem: Rodrigo Coutinho

O Brasil conseguiu sustentar o ritmo no início da 2ª etapa e ampliou. Pouco antes, Paquetá já havia perdido uma boa chance após passe de Neymar. O atacante do PSG mais uma vez serviu um companheiro, desta vez Alex Sandro, e ele foi novamente derrubado na área. Neymar bateu de forma idêntica ao primeiro, só deslocando o goleiro, e balançou a rede. Mais um gol com participação importante do lateral.

Richarlison foi outro a ter boa atuação e ganhar pontos na corrida pela camisa 9 da Seleção. Mostrou bom posicionamento quando esteve centralizado e fez algumas trocas de posição com Neymar e Lucas Paquetá, gerando mais imprevisibilidade ao ataque. Paquetá e Neymar também trocavam entre si com frequência.

Weverton também reforçou a confiança que Tite tem nele. Fez quatro ótimas defesas no 2º tempo. O Brasil cedeu alguns contra-ataques aos coreanos e errou na saída de bola diante de pressões bem coordenadas pelos adversários, mas teve no goleiro do Palmeiras alguém que impediu ao menos mais um gol.

Defensivamente a Coreia do Sul não fez um grande jogo. Mostrou problemas de compactação na sua última linha defensiva e não teve uma abordagem de marcação tão forte. O cenário não exigiu tanto ofensivamente da Seleção, mas os padrões buscados por Tite foram bem executados.

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Lucas Paquetá, Neymar e Raphinha dançam em comemoração de gol da seleção brasileira contra a Coreia do Sul
Imagem: Chung Sung-Jun/Getty Images

Vini Jr foi a campo e jogou os últimos 20 minutos. Paquetá fez companhia a Neymar pelo centro do ataque. Mesmo num ritmo mais baixo na reta final da partida, a Seleção marcou o quarto gol com Coutinho, aos 34'. Ele havia entrado pouco antes no lugar de Neymar e aproveitou marcação bem sucedida na saída de bola coreana para bater no ângulo.

O ''grand finale'' foi o término do jejum de Gabriel Jesus na Seleção. Ele, que havia entrado aos 33 minutos, recebeu uma inversão pela direita nos acréscimos e arrancou em direção a área. Deixou dois sul-coreanos pra trás e bateu de chapa, de canhota, no canto direito do goleiro. O 5x1 foi a maior goleada da história dos confrontos entre Brasil e Coreia do Sul. O adversário não está na elite do futebol mundial, mas a Seleção fez a sua parte.