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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coutinho: Eliminação do Flamengo expõe de uma vez a limitação de Renato

Colunista do UOL

27/10/2021 23h31

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Os sinais já vinham surgido há algumas semanas. Dono de ótimo retrospecto nas primeira partidas, goleadas em sequência, e boa relação com os principais jogadores do elenco, Renato Portaluppi começou a ver sua situação ficar difícil no Flamengo quando os desfalques apareceram e os cenários das partidas não foram os mesmos dos encontrados inicialmente. A partir daí faltou repertório tático, algo que já aconteceu no Grêmio desde meados de 2018, e o resultado é um time em queda livre na reta final da temporada.

Não bastasse a situação quase irreversível diante do líder Atlético Mineiro no Brasileirão, o ''time de 200 milhões'', citado pelo próprio Renato em 2019, não encontrou ''facilidade'' diante do organizado Athlético Paranaense, que pela segunda vez em três temporadas elimina o Flamengo da Copa do Brasil em pleno Maracanã e disputará mais uma final em 2021. Restou a Libertadores para o rubro-negro carioca.

01 - Rodrigo Coutinho - Rodrigo Coutinho
Como as equipes iniciaram o jogo
Imagem: Rodrigo Coutinho

Mesmo com atuações ruins recentemente, Renato resolveu dar sequência a Diego no meio-campo do Flamengo. Léo Pereira também seguiu na zaga, e Andreas Pereira jogou mais adiantado novamente. Gabigol e Bruno Henrique retornaram. No Furacão, Alberto Valentim repetiu a escalação do primeiro jogo e o 3-4-3 como esquema tático.

A escolha de Renato por Diego mostrou-se equivocada com menos de cinco minutos. Na segunda bola perdida no meio-campo da mesma forma, o Furacão encaixou um contra-ataque e Renato Kayzer foi derrubado por Filipe Luís dentro da área. Pênalti bem cobrado por Nikão para abrir o placar. A partir daí o que se viu foi o mesmo Flamengo dos últimos jogos, principalmente ao ficar em desvantagem. Nervosismo e aleatoriedade para atacar. Sem um pingo de organização coletiva.

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Mesma estratégia do jogo em Curitiba, mas desta vez sem adiantar tanto as linhas, o Furacão definia os encaixes para anular a troca de passes do Flamengo e conseguiu roubar a bola que gerou o pênalti assim
Imagem: Reprodução de TV

Para piorar, Wilton Pereira Sampaio, o árbitro da partida, não coibiu a ''cera'' feita pelo Athlético em diversos lances, o que deixou a partida ainda mais travada e enervou os jogadores cariocas. O Furacão protegia bem a sua área e esperava a oportunidade de encaixar um contra-ataque para aproveitar a desorganizada transição defensiva do Flamengo. Isso aconteceria já na reta final do 1º tempo, novamente com Nikão, e desta vez vez provocando uma falha de Diego Alves.

A exata noção da dificuldade do Mais Querido é entender a forma com que os melhores lances do 1º tempo foram criados. Bruno Henrique acertou duas boas finalizações em passes de Everton Ribeiro. Parou em Santos em ambas, mas nas duas jogadas o rubro-negro carioca retomou a bola rapidamente no campo de ataque. Não houve um lance de criatividade para furar a defesa recuada dos paranaenses. Andreas Pereira ainda finalizou por cima um cruzamento de Isla pela direita.

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Perto da metade do 1º tempo, Portaluppi fixou Bruno Henrique ao lado de Gabigol por dentro e abriu Andreas. Na 2ª etapa, Michael faria a ''função'' de Andreas, que foi recuado após a saída de Diego
Imagem: Reprodução de TV

Renato sacou Diego no intervalo e pôs Michael. O time melhorou. Com o posicionamento mais definido no ataque ao ter Michael sempre bem aberto pela esquerda, e fazendo boas jogadas individuais, o rubro-negro carioca teve sete finalizações perigosas em 17 minutos. Santos mais uma vez mostrou porque é um goleiro de Seleção e freou o ímpeto dos anfitriões.

Cansado e exposto na reta final do jogo, já sem produzir chances como no início do 2º tempo, o Flamengo ainda levou o terceiro nos acréscimos. Zé Ivaldo recebeu do ex-flamenguista Pedro Rocha e bateu na saída de Diego Alves. Entender de que forma os resultados são construídos, sejam eles positivos ou negativos, é determinante para não errar no diagnóstico de trabalhos e profissionais no futebol.