Topo

Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coutinho: Galo 2021 é protótipo perfeito do que Cuca sempre buscou

Colunista do UOL

21/10/2021 10h31

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O ex-meia Alexi Stival, o Cuca, é técnico de futebol desde 1998, dois anos depois de encerrar sua carreira de atleta. Do Uberlândia, seu primeiro clube como treinador, até esta segunda passagem pelo Atlético Mineiro, outros 17 times tiveram o curitibano de 58 anos no comando. E na grande maioria dos trabalhos as equipes buscavam fazer aquilo que o Galo versão 2021 faz de melhor. A trocação! A goleada sobre o Fortaleza pela Copa do Brasil é mais um belo exemplo.

Cuca é certamente um dos técnicos mais vitoriosos dos últimos anos no futebol brasileiro. Venceu Libertadores com o próprio Galo em 2013, Brasileirão com o Palmeiras em 2016 e outros cinco Estaduais. Quatro Mineiros com o Atlético e um Carioca pelo Flamengo, em 2009. Chegou a outras finais importantes com times desacreditados. Fez boas campanhas em Campeonato Brasileiros com equipes de menor poder aquisitivo, e salvou o Fluminense de forma heroica de um rebaixamento.

Não resta dúvidas que na realidade do futebol brasileiro é muito competente. Suas equipes costumam possuir dificuldades para construir jogadas em espaços menores. Pode e deve ser cobrado por isso pelo currículo que tem e, no caso do Galo, pela infinidade de jogadores qualificados e de características diversas que comanda no atual elenco. Mas quando encara cenários como o da noite desta quarta-feira, consegue colocar em prática o que mais gosta.

O Fortaleza é um time agressivo. Seja aonde for, não fica esperando o adversário tomar a iniciativa de atacar. Se coloca no campo rival, busca construir e ter a bola também. Automaticamente acaba se expondo, e foi justamente esse contexto que proporcionou a goleada, a quantidade de oportunidades criadas pelo alvinegro a partir de contra-ataques. Esta não é a única forma do Galo se impor, mas sem dúvidas é a principal.

01 - Pedro Souza/Atlético-MG - Pedro Souza/Atlético-MG
Cuca pode tirar o Galo da fila de 50 anos no Brasileirão
Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

O golaço marcado por Guilherme Arana para abrir o placar em um rebote de falta, nasce em contra-ataque puxado por Hulk. O escanteio que terminou com a cabeçada de Réver para as redes também vem de uma transição rápida. Sem contar o terceiro gol, um contra-ataque de manual construído por Keno e Zaracho, e finalizado por Hulk.

Não há demérito nenhum nisso. Principalmente quando a equipe se mobiliza para marcar com a ''pegada'' que o Galo apresenta na maioria dos jogos. O time é organizado defensivamente. Os atletas entenderam bem o funcionamento do sistema de marcação por encaixes e perseguições que acompanha Cuca desde sempre. Fazem bem as trocas entre eles para não deixar grandes espaços, e os zagueiros vivem grande momento protegendo a área do goleiro Éverson.

Também não há nenhum problema em constatar a dificuldade do Atlético em um cenário diferente desse. Não quer dizer que o time não preste ou que o trabalho seja ruim. Apenas que no futebol, como sempre, há contextos que o jogo apresenta a partir da organização da equipe adversária, e isso explica bastante o porquê de o Galo jogar bem ou mal muitas vezes.

Cuca estimula esse comportamento em seus jogadores. Prefere definições rápidas dos lances de ataque, agressividade e verticalidade com a bola. Nem sempre é possível pela escassez de espaços. Falta trabalhar mais essa realidade para tirar coisas ainda melhores do belo plantel atleticano. O Galo, porém, é letal quando o seu jogo encaixa.