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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

O avesso do Santos. Saiba como joga o San Lorenzo

Colunista do UOL

05/04/2021 04h00

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A campanha irregular no Campeonato Argentino e a eliminação precoce na Copa da Argentina não podem iludir a avaliação sobre o time do San Lorenzo. O rival do Peixe na 3ª fase da Libertadores da América possui características que podem complicar o confronto para o time brasileiro, principalmente pensando no encaixe dos distintos estilos das equipes. Entenda e mergulhe no El Ciclon!

O técnico

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Diego Dabove disputa sua primeira Libertadores da América
Imagem: CASLA

Diego Dabove, de 48 anos, é o comandante do campeão da Libertadores de 2014. Ele assumiu a equipe há pouco mais de dois meses e ainda implementa suas ideias. É um nome promissor no país. Antes de chegar a Boedo, passou duas temporadas nos Argentinos Juniors com bom desempenho, e acabou levando o clube de volta para a Libertadores. Também fez um bom trabalho no Godoy Cruz em sua primeira oportunidade a partir de 2017. Sabe trabalhar com elencos mais modestos e é muito exigente e disciplinador.

Time-base

O San Lorenzo tem jogado mais frequentemente no 4-4-2 e esta deve ser a plataforma escolhida. Recentemente Dabove usou a variação do 4-1-3-2, tornando a equipe mais ofensiva com a saída de um volante, mas a proposta diante do Peixe provavelmente será outra.

Devecchi é o goleiro titular depois de voltar com moral de um empréstimo ao Audax Italiano. Tem feito boas atuações, mas é um arqueiro baixo. Herrera e Gabriel Rojas(recuperado de lesão) são os laterais. Donatti e Braghieri formam a altíssima dupla de zaga. Na ausência de Gordillo, fora por estar machucado, o experiente Diego Rodriguez ganhou espaço e Elias vem sendo titular ao seu lado no meio.

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Nesta formação, Juan Ramirez formaria no ataque, ao lado de Di Santo
Imagem: Rodrigo Coutinho

Nas quatro posições mais avançadas, dois jogadores parecem certos. O centroavante Franco Di Santo e o meia Palácios. Juan Ramirez é outro que formará como titular por sua qualidade, resta saber se aberto na esquerda ou como segundo atacante ao lado de Di Santo. Se Troyansky for o escolhido para atuar, Ramirez fica no ataque. Se Angel Romero entrar, o camisa 20 abre para o lado esquerdo.

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Já com o ex-corintiano Angel Romero em campo, Ramirez formaria no lado esquerdo
Imagem: Rodrigo Coutinho

Modelo de Jogo

A proposta do San Lorenzo é muito baseada em um jogo físico. Não é um time exatamente reativo, mas deve assumir essa estratégia contra o Santos, ao menos neste primeiro duelo. Ao atacar, se utiliza constantemente de ligações diretas para Di Santo ganhar a ''primeira bola'' pelo alto e acionar Juan Ramirez, Palacios, Romero ou Troyansky na sequência. A ideia é definir rapidamente as jogadas.

Diego Rodriguez e Elias são bons disputando a ''segunda bola'' no meio e auxiliam no estabelecimento do time no campo de ataque. Outra alternativa é o passe em profundidade quando a defesa adversária joga com a última linha adiantada. Ramirez, Troyansky, Romero e Palácios atacam bem esse espaço. E o lateral Herrera também é importante nesse aspecto. Já Gabriel Rojas tem mais capacidade de construção.

Muitas vezes o San Lorenzo até roda a bola na primeira linha. Elias se enfia entre os zagueiros para os laterais se projetarem no campo de ataque, parece que uma construção mais baseada em passes curtos virá, mas é apenas uma armadilha para o adversário subir o bloco de marcação e uma inversão em diagonal encontrar o lateral em progressão no ataque.

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Atacante Franco Di Santo comemora gol do San Lorenzo contra a Universidad de Chile
Imagem: Divulgação / San Lorenzo

Defensivamente é uma equipe que marca forte. Geralmente em bloco médio, avançando a equipe de acordo com os passes dados pelo adversário para trás. Tem mostrado coordenação ao subir as linhas e intensidade para pressionar. O estilo mais físico de muitos dos jogadores auxilia nesse sentido. Outro destaque sem a bola é a proteção da área. Donatti e Braghieri vão bem no posicionamento e sobretudo nas bolas aéreas. A ''pegada'' do time é tanta que, por vezes exagera na força, e comete faltas violentas

Problemas de Relacionamento

O torcedor mais atento pode se perguntar o motivo de os irmãos Romero não serem titulares absolutos do time de Boedo. Tecnicamente eles realmente estão acima da média da maior parte do elenco, mas recentemente se envolveram em problemas de relacionamento com alguns atletas. O clima não é bom, apesar de panos quentes terem sido colocados recentemente.

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Óscar e Angel Romero após um treinamento no estádio do San Lorenzo
Imagem: Reprodução

Diego Dabove chegou há pouco tempo e sabe que precisa conquistar a confiança do elenco para desenvolver suas ideias. Manejar bem a questão envolvendo os Romeros, que têm contrato até o meio de 2022, pode ser decisiva para que o San Lorenzo volte a ser uma equipe regular.

Pontos Fortes e Fracos

Como citado acima, encaminhar as coisas para a parte física; ligações diretas, jogo aéreo e ''bola viva'' no meio-campo é o melhor cenário para os argentinos. O San Lorenzo vai tentar se impor desta forma. Provavelmente deixará o Santos tomar a iniciativa de atacar e ter a posse, mas vai oferecer um ''contraveneno'' que pode incomodar o Peixe. Pressão forte na bola no campo de ataque e verticalidade quando a recuperar. Acelerações para aproveitar espaços em contra-ataques.

O time de Ariel Holán precisa estar atento a espaços que surgem nas costas da defesa argentina quando o time sobe o bloco de marcação. Luan Peres e Kaiky são zagueiros com bom passe longo, e achar Soteldo, Marinho ou Lucas Braga em profundidade é um valoroso mapa da mina. Por mais que o estilo do Santos privilegie uma construção com passes curtos, o que também não é impossível de acontecer, essa alternativa é interessantíssima. Braghieri e Donatti são excessivamente lentos.

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Alejandro Donatti, defensor do San Lorenzo
Imagem: Divulgação/Site oficial do San Lorenzo

Outro ponto fraco do San Lorenzo é a dificuldade para achar espaços contra defesas que marcam mais atrás. Por isso estar atento e compacto para disputar as ''segundas bolas'' no meio é importante para bloquear as opções que deixam o time de Dabove mais confortável. Santos e San Lorenzo com a bola no pé são totalmente opostos.

Tecnicamente o alvinegro é mais time e tem jogadores com potencial maior de desequilíbrio. Entender o cenário que provém da diferença de estilos das equipes será primordial para transformar isso em superioridade no campo.