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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Um novo Alison para o Peixe

Colunista do UOL

25/03/2021 04h00

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Além do vice da Libertadores, a nova classificação para a principal competição sul-americana, e o surgimento de mais uma leva de jogadores oriundos da base, o ano de 2020 deixou um legado até certo ponto surpreendente no Santos: a melhora de Alison. Chamado pejorativamente de ''MMAlison'' constantemente, o volante deixou para trás as entradas mais duras e evoluiu em diversos aspectos desde meados do ano passado.

O capitão da equipe comandada por Ariel Holan começou o processo de melhora com Cuca. Já era titular com Jesualdo Ferreira, mas a exemplo do que aconteceu durante os oito anos em que é profissional do clube, passou boa parte do tempo sofrendo críticas por excessos na marcação e erros de passe.

Talvez o crescimento tenha vindo pelo amadurecimento natural da idade. Alison fez 28 anos no último dia 1º, mas, certamente, ganhou mais confiança, algo que se repete neste momento com Holan. Não virou um volante de construção da noite para o dia, mas já consegue acrescentar muito mais com a bola em comparação a tempos recentes.

Defensivamente, a eficiência também subiu. Cometendo menos faltas e diminuindo o número de cartões amarelos, o camisa 5 consegue gerar menos chances de gol e faltas nas proximidades da área aos rivais.

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Alison melhorou em basicamente tudo nos últimos sete meses
Imagem: Fonte: Opta

Se o percentual de acerto de passes é exatamente o mesmo do período retratado a partir do início de 2018 em comparação com o atual, é inegável a participação de Alison em regiões mais avançadas do gramado. Vem compondo o meio-campo quase sempre ao lado de Sandry na linha de volantes, mas promove chegadas ao último terço do campo com mais frequência.

Não fica só atrás da linha da bola, aguardando as transições defensivas. Elevou bastante o acerto nas finalizações inclusive. E a eficiência com a bola parece também na queda de perdas de posse ao longo de cada partida. Mais critérios e consciência com ela no pé.

Quando comparamos ideias e modelo de jogo de Cuca com Ariel Holan, existe uma diferença considerável em alguns aspectos. Mesmo com poucos jogos sob o comando do treinador argentino, a melhora de Alison segue sendo perceptível. Outro ponto positivo para o atleta, mostrando que isso não tem necessariamente a ver com uma proposta de futebol, mas, sim, com um desenvolvimento individual neste caso.

Tirando as questões técnicas e táticas, o volante vem mostrando sua relevância também no contexto mental. Com menos expulsões, conseguiu se estabilizar emocionalmente e se transformar numa das lideranças de um elenco jovem. Já era assim em 2020, mas a situação se potencializou com as saídas de Lucas Veríssimo e Diego Pituca. Num clube que busca se recuperar administrativamente, ter em campo um jogador que está há oito anos nos profissionais e conhece os segredos do Peixe é determinante para que as coisas sejam controladas.