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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fluminense e Roger: em busca da afirmação mútua em 2021

Colunista do UOL

27/02/2021 04h00

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Roger Machado se apresenta neste sábado para comandar o Fluminense na temporada 2021. Identificado com o clube após boa passagem como jogador na década passada, o treinador terá um desafio importante para estabilizar sua carreira. Manter a competitividade do Tricolor, que terminou o Brasileirão de forma bem diferente do que a grande maioria das pessoas previa.

Aos 45 anos, o técnico vai para o sétimo clube de sua carreira. Sabe-se que tem conteúdo e métodos nítidos de trabalho. É extremamente sério e profissional. Por onde passou mostrou isso, mas precisa superar a irregularidade que costuma caracterizar suas equipes.

A torcida do Fluminense ficou dividida com a contratação. Parte pelo carinho e o reconhecimento da boa sequência dada por Marcão ao time após a saída de Odair Hellmann, mas muito também pela desconfiança que o nome de Roger. É algo que o ex-defensor terá que superar neste início de temporada.

Um detalhe importante é: qual modelo de jogo Roger Machado adotará? Em quase todos os seus trabalhos mostrou-se mais afeito a um time que ficasse mais tempo com a bola. Que tomasse a iniciativa de criar os espaços na defesa rival, e não esperar prioritariamente o adversário atacar para aproveitar os erros e acelerar nos contragolpes. Algo que já denota uma mudança grande naquilo que o Fluminense fez na temporada 2020.

Entre os trabalhos feitos na Série A, somente no Bahia, de 2019, o treinador montou algo mais próximo do que foi o tricolor carioca recentemente. Em 2020 tentou ''soltar'' mais o time dentro da linha que acredita e não conseguiu dar um desempenho confiável ao Esquadrão. Defensivamente a equipe era uma ''peneira'' nesta última versão.

foto - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Roger Machado assinou por dois anos com o Fluminense
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

No Palmeiras desenvolveu um bom trabalho no início, mas foi muito pressionado após perder dois clássicos seguidos para o Corinthians, um deles gerando um vice-campeonato estadual e foi demitido depois de uma derrota para o próprio Fluminense no Maracanã. À época se tinha a ideia de que o time não respondia mais na parte anímica, mesmo tendo a melhor campanha da Libertadores de 2018.

No Atlético, no ano anterior, também foi demitido após uma derrota na 15ª rodada do Brasileirão, e o cenário foi bem parecido ao do Palmeiras. A diferença foi o título mineiro contra o Cruzeiro dois meses antes da demissão. Na Libertadores o time também fazia boa campanha, mas sofria para ter equilíbrio entre defesa e ataque, além de oscilar na questão motivacional. Se mostrava excessivamente apático em alguns jogos.

Já no Grêmio, seu trabalho mais longevo da carreira, de maio de 2015 a setembro de 2016, Roger teve um primeiro ano muito bom! Levou o clube ao terceiro lugar no Brasileirão e classificou o Imortal para a Libertadores. Na Copa do Brasil parou no próprio Fluminense, nas quartas de final.

Na temporada seguinte começou a ser muito questionado após a incontestável eliminação para o Rosario Central, nas oitavas de final da Libertadores, e pela queda para o Juventude, nas semifinais do Campeonato Gaúcho. Perdeu o emprego na 25ª rodada do Brasileirão, deixando o time na 8ª colocação e com uma vitória no jogo de ''ida'' das oitavas da Copa do Brasil, contra o Athletico Paranaense. O Grêmio apresentava muitos problemas na bola parada defensiva e no sistema de marcação. Foi substituído por Renato Portaluppi e as questões foram resolvidas na ocasião.

A oportunidade no Fluminense é um marco importante na carreira de Roger, que precisa engrenar um trabalho duradouro e convincente para confirmar as expectativas sobre o seu potencial. Entender a realidade do clube atualmente e fazer uma transição sem grandes rupturas para suas ideias é determinante para o sucesso.