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Rodolfo Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Falar em time titular no futebol hoje em dia é coisa ultrapassada

Róger Guedes, durante a partida entre Corinthians e Fortaleza - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Róger Guedes, durante a partida entre Corinthians e Fortaleza Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Colunista do UOL

02/05/2022 17h08

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Depois da vitória do Corinthians por 1 x 0 sobre o Fortaleza, no domingo (1), na Neo Química Arena, as entrevistas pós-jogo chamaram a atenção, principalmente do atacante Róger Guedes e do técnico Vítor Pereira e a questão do time titular.

Róger Guedes disse não saber qual o time titular e completou: "Não sei quais são os 11 na cabeça dele hoje". Resposta totalmente desnecessária, ultrapassada e que chega fora de hora, para tumultuar. Vítor Pereira, que vai completar dois meses de trabalho, percebeu que o caminho não era esse após a queda no Paulistão e principalmente com o calendário apertado pelas três duras competições simultâneas - Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores.

É impossível um time aguentar disputar as três competições em alto rendimento até meados de novembro, já que este ano teremos um calendário ainda mais apertado por causa da Copa do Mundo do Qatar. Até mesmo aqueles com fortes elencos, como Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo, vão suportar a sequência pela frente, ainda mais que terão desfalques de jogadores que disputarão amistosos com suas seleções nacionais.

Vítor Pereira deu boas respostas na coletiva de imprensa. Disse que no Brasil não há nem tempo para ficar doente e entre outras coisas sobre o rodízio. "O que é um time titular? Se eu escalar o mesmo 11 três dias depois, vamos andar de gatas (ou rastejar)". "Temos muitos jogadores acima dos trinta anos. Eles podem jogar bem, render num dia. Mas não vão render o mesmo três dias depois".

Porém, a dificuldade de colocar isso na cabeça de jogadores, dirigentes, empresários (que atrapalham demais nisso), torcedores e mídia esportiva é enorme. Há ainda uma forte resistência e tradicionalismo. Achar que o time precisa ganhar todos os jogos e colocar em campo sempre os 11 titulares e só o que importa. Poucos pensam em planejamento. O Brasileirão é um campeonato longo. Mesmo sem que um time jogue exclusivamente a Série A, é necessário um rodízio no elenco.

Pensando em três competições, viagens longas pela América do Sul e Brasil e todo o desgaste, não dá para pensar em time titular. Até pouco tempo atrás, era inadmissível pensar em botar reservas na fase de grupos da Libertadores para priorizar o Brasileirão ou a Copa do Brasil. Mas isso mudou nos últimos anos.

Se pegarmos o futebol europeu como exemplo, os grandes de lá já fazem isso há um bom tempo na Liga dos Campeões. Em jogos de mata-mata, quando a diferença técnica é grande ou quando o placar no jogo de ida é elástico, os times poupam seus jogadores. O Liverpool fez isso recentemente contra o Benfica no jogo de volta das quartas de final. E tudo bem! O importante é o resultado final. É o time brigar por títulos nas principais frentes.

O Corinthians, repleto de veteranos, não pode pensar em botar todos eles juntos. Renato Augusto e Paulinho estão sem fôlego, não aguentam o ritmo forte durante os 90 minutos. Muito menos jogar três, quatro ou cinco jogos seguidos em alto rendimento. O torcedores precisa mudar sua cabeça e os jogadores também precisam entender. É claro que todos querem jogar todas as partidas, mas nem todos entendem que precisam ser poupados para não estourarem e se prejudicarem.

Na Copa do Brasil, muita gente reclamou dos resultados ruins de Palmeiras (contra o Juazeirense), Corinthians (contra a Portuguesa-RJ) e Flamengo (contra o Altos-PI). Queriam times titulares, queriam goleadas. Mas são jogos como esses, contra times das Séries C e D, que esses grandes têm para poder 'economizar' fôlego para as decisões.

Enquanto esse pensamento não mudar por aqui e seguir existindo essa resistência, as críticas seguirão fortemente e nunca ninguém sairá satisfeito. No futebol moderno, com calendário repleto de jogos, é preciso entender que não há mais espaço para time titular.

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