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Rodolfo Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Richarlyson na calçada da fama do São Paulo é reparação de um erro bizarro

Richarlyson com camisa comemorativa em alusão aos 200 jogos de São Paulo - Reprodução/Instagram
Richarlyson com camisa comemorativa em alusão aos 200 jogos de São Paulo Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

01/04/2021 12h25

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Na campanha do tricampeonato brasileiro do São Paulo em 2006/07/08, apenas 9 jogadores, além do técnico Muricy Ramalho, fizeram parte do elenco nos três anos: os goleiros Rogério Ceni e Bosco, os zagueiros André Dias, Alex Silva, Miranda, o lateral direito Reasco, o lateral esquerdo Júnior, o atacante Aloísio e o volante e lateral esquerdo Richarlyson.

Mesmo sendo um dos jogadores mais fundamentais para o time e um dos mais regulares, Richarlyson sempre foi alvo de críticas por parte da torcida tricolor. O motivo: a homofobia exacerbada daqueles anos. ITudo isso baseado em suposições: o jogador sempre foi violentamente atacado sem nunca ter manifestado sua orientação sexual em público. E nem teria obrigação.

O que uma parte da torcida do São Paulo fez com Richarlyson foi imperdoável. Quando o time entrava em campo, muitas vezes com o Morumbi lotado por causa da ótima fase do time, todos os jogadores tinham seus nomes cantados pela torcida, exceto Richarlyson.

Até hoje clubes e torcedores sequer se importam com atrocidades cometidas por jogadores fora de campo. O goleiro Bruno, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato da ex-modelo Eliza Samudio, foi contratado nessa semana pelo Araguacema, da 1ª divisão do Campeonato Tocantinense. Desde sua prisão, esse já é o quinto clube que anuncia sua contratação.

Na semana passada, o Athletico Paranaense contratou o lateral direito Marcinho, que matou um casal no fim de 2020 após um acidente carro, e deixou o local sem prestar socorros. Robinho, condenado na Itália por estupro, foi contratado pelo Santos em 2020, mas só depois da enorme repercussão negativa foi descartado pelo clube.

Uma carreira de triunfos

O que Richarlyson fez pelo São Paulo não foi pouco. Com 244 jogos disputados pelo clube, ele é o 7º com mais partidas disputadas no século 21 e o 2º com mais jogos na década de (2001 a 2010), atrás apenas de Rogério Ceni. No Brasileirão, além de ser um dos jogadores com mais títulos, é o 7º com mais partidas disputadas, sendo ultrapassado em 2020 por Hernanes e Reinaldo.

Na era dos pontos corridos, o ex-camisa 20 era o 2º com mais jogos, depois de Ceni, até 2020, quando foi superado por Reinaldo e Hernanes. Além disso, foi ainda campeão paulista em 2005, ano do último título Estadual do clube.

Além de humilhado pela própria torcida, Richarlyson foi ignorado pelo ex-presidente Leco na inauguração da calçada da fama do São Paulo em 2018, no Morumbi, que contou com 99 nomes de ex-atletas.

Nessa quarta-feira (31), depois de um pedido do ex-atacante Müller, o clube, por meio do seu novo presidente Júlio Casares, decidiu reparar esse erro histórico e incluir Richarlyson na calçada da fama. Aos 38 anos, o ex-volante recebeu com alegria. Sem demonstrar mágoas, postou um vídeo de agradecimento com muita sensatez e nobreza. O que fizeram com ele foi ridículo, mas finalmente seu nome e seu desempenho foram reconhecidos agora.

Mais correto ainda seria se o São Paulo se posicionasse claramente contra a homofobia. 2021, ninguém mais tem como seguir com pensamentos errados.

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